quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

A rigidez assassina e a sensibilidade divina.

Entre o gozo que, através do fenômeno que esconde em seu significado,
Se traduz na ação de escorrer nas permeabilidades da roupa de baixo,
E a lágrima que sai naturalmente, assim como sangue, após a ferida.


Que se encontra o significado, muitas vezes obstinado,
Mesmo que vestido em roupa nobre ou em um manaixo,
Do que é - qualquer que seja a filosofia (morta por lignina) que se siga - a vida.


Monstros no armário,
Ser o alvo do momento hilário.
Ser feito de otário.


Muitos medos crescem e amadurecem,
Conosco.
Mas os excessos não mudam o aspecto tosco,
Para que cada um deles, através do radicalismo, imperem.


Trazer palavras que meu vocabulário não investiga,
Fazem as poesias muito mais que bonitas.
Pois se com elas conseguir construir um muro de impulsos e razões infinitas,
Eternizo, me completo, mostro afeto, justifico, torno uno, feito aço em liga.


Para que as angústias e os excessos não assumam papel maior que de um pigarro,
Que escarro em qualquer rua, qualquer canto,
E me livro do encanto,
De cultivá-los e escondê-los com um riso torpe e bizarro.


Se assim viver, exagerando mas eternizando.
Chorando, sorrindo, gozando e amando.
Sei que viverei menos e melhor,
Dos que os que se cultivam para nada além do rancor.

João Gabriel Souza Gois, 9/12/2010

Ver sem enxergar, viver cego para "aproveitar".

O factual é tão desgastante,
Tão absurdo.
Absurdo até para mim,
Que boto pose até o fim.


A mentira é tão confortável,
Tão carismática,
Tão aceitável.
Eu diria que até mágica.


Os que enlouqueceram,
Por querer a verdade a todo momento,
Foram calados pelos que não aguentavam o sofrimento.


Os que sobreviveram
Com a sanidade invejável e a família impecável,
Era o hipocrita, nojento e asqueroso que só queria uma vida estável.


Bote a culpa no papa !
Ramones e anarquia são a chave para ser diferente.
Mas isso só ocorre, porque o realce de assim ser,
Lhe dá conforto no viver.


Pois se precisasse pegar em armas,
Mudar de fato, abrir mão das coisas,
Da coca-cola e do tênis com mola, não aconteceria.


É duvidável essa rebeldia.
Fácil falar de mais-valia,
Difícil é fazer mais do que ladrar.


Não digo que sou digno de abrir mão de meu conforto.
Não sei se pra mudar, doaria meu corpo morto.
Mas sei que se reconheço que faço pouco,
Por que chamar o corajoso de terrorista ou de louco?


Depreciar para se confortar é viável
Se a história de toda mídia mundial dor usada para provar isso.
Mas mesmo na minha mente envolvida de conforto,
Questiono se vale tanta hipocrisia para me sentir confortável.

João Gabriel Souza Gois, 9/12/2010

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Panorama insano, sem noção e insuportável.

     Não tem nada mais detestável do que o incompreensível. Esse será o post mais fora do comum que eu faço... Estou pilhado em idéias, estou incomodado com situações, estou afetado e posso achar que te mostro uma linha reta, com um pentágono na mão.

     Estou no momento mais insuportável e comum... Previsível. Dentro dos altos e baixos, existem outros altos e baixos (algo análogo aos epiciclos de Ptolomeu) e às vezes, quando se acha que está melhor, acaba por fazer uma besteira quilométrica, a toa.

     A questão não parte de argumentos imbecis que eu poderia postular, que são factuais de acordo com meus sentimentos e não tem nexo algum seguindo o mínimo da racionalidade. Mas o grande problema é que quando se conhece tais paixões, tem que no mínimo se compreender o que deturpa o argumento lunático que chega ao seu ouvido. Um grande problema é que quando se encrenca com algo, tudo que se relaciona com esse algo e com você também, deveria parar de relacionar-se com esse algo (em sua cabeça, obviamente). Mas o que independe disso é o fato da situação afetar mais a alguém. Esse alguém ficará mais incomodado por motivos não muito claros para os próximos, e esse próximos se aproximarão mais dos menos afetados, por mais que num passado não tão distante estes não fossem tão amigos. O que quero dizer é que, quando se torna insuportável por motivos complexos e violentados pelo romantismo, as pessoas que te apoiariam começam a se cansar... E elas não tem culpa disso. Chega um momento em que elas não percebem como estão te afetando, com coisas que poderiam ser evitadas sem nenhum custo, mas não são, porque não há nenhuma fonte de razão, nenhum fato, nenhum referencial dialeticamente perfeito para apoiar essa "evitada".

     No fim, você acaba por desconfiar das pessoas que sabe que pode confiar, começa a achar problemas onde não tem, tem medo de perder seus amigos por ser um chato e ainda acha que tá certo porque a intensidade com que as coisas te afetam poderiam ter sido atenuadas. O fato de existir um exagero aqui, faz o discurso lá, mesmo que infantil, menos insuportável e repetitivo, e até divertido a ponto de combinarem uma festinha, com pessoas novas. E quem fica no canto, alto, bêbado, torpe e desconcertado é o chato. Não acho que perdi meus amigos, e confio neles... Mas não sei se minha avaliação está pesando pra razão quando não deveria ou pro sentimentalismo quando não deveria... Não sei se falei uma frase inteira ou letras embaralhadas. Entendo que queiram me privar de informações, mas não entendo porque que eu não paro com isso... Se eu buscar entender sozinho, eu não consigo, porque não confio em nada que penso... Nada parece existir, só parece existir a dúvida. E com essa conclusão filosoficamente cartesiana, acho que tenho razão, mesmo que essas analogias só funcionem em minha cabeça. No final, minha conclusão não consegue se finalizar, porque eu estou preocupado em ser lógico e não acredito em nada que sai da minha cabeça nem da boca dos meus irmãos. E ficar sem nenhum lugar pra se apoiar, é terrivelmente assombroso.
  
     Ainda vejo beleza em coisas poucas e juro que meu momento não é tão obscuro ou depressivo quanto parece, com essas palavras de Marilyn Manson que trago ao meu blog... Mas esse excesso de pensamento em relação à isso esta me fazendo mal. Me sinto louco, e vejo me tratarem como louco, mas não sei se é louca a maneira como julgo ser o tratamento que recebo, ou normal(a maneira como o recebo) e minha concepção deturpada me faz o ver como um tratamento especial(digno de loucos)... Essa concepção, que eu duvido às vezes, parece tão perfeita, mas por mais que seja o extremo do perfeito, ainda assim duvido dela. Já conheço essa história e o rumo da prosa parece perigoso. Comigo não é! Mas se isso desdobrar na perda do que me restou que foram meus amigos, minhas convicções e meus hobbies... Eu simplesmente não sei o que farei.

     Se você não sabe o que é o amor, não me julgue por amar. [Seja dito o que for [Ridículos os poetas que não escrevem [O amor. E coitado dos que nunca foram coitados.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Into the void.

    Estava ouvindo Black Sabbath antes de ir para o cursinho hoje... Aí resolvi escrever algo que já tinha refletido um pouco com meus miolos... O vácuo. Vazio, eu me senti ultimamente, mas independentemente da choradeira de sempre, é legal reparar em algumas conclusões que eu tomei a respeito. Apesar da letra da música falar sobre a fuga da humanidade... Os humanos fugindo da Terra depois de destruí-la e começando a vasculhar o "império do vácuo" ou até uma possível menção a corrida espacial do contexto da guerra fria, porque a música é de 71. A minha reflexão tem outro foco... se trata da mais pura idéia do se sentir vazio, sensação que já quis ter em muitos momentos e agora simplesmente estou louco para pular fora...


No Vácuo.


A estabilidade que almejei,
A tranquilidade que sempre procurei,
O repúdio a Dionísio que sempre impus,
A necessidade de silêncio para dar vez à luz.


Contido, uno, inabalável, envolvido em granito.
Era o que sempre procurei, nas crenças, ciências, filosofias e mitos.

O mais puro, mais profundo, mais tranquilo vazio.
O vácuo, silencioso por falta de som, frio por falta de atrito.

Luz, só o que passa por ele.
Mas o excesso dela queima, cega.
A falta dela obscurece.

A falta do som, deixa de lado os barulhos incessantes,
Os argumentos infantis e repugnantes.
Mas também some com a música e as epifanias dos gritos de prazer,
Os versos desconstruídos e torpes
Profundos e embaralhados na essência e nas cordas vocais,
Que exprimem o som aparente, e o pensamento por trás dele.
O signo escondido (a essência do prazer)
Que no fim é representado por nada além das interjeições
E onomatopéias que dizem tudo sem nada dizer.
Expõem o desejo e amor da união de dois corpos em um único ser.

A falta de atrito, permite o fim do desgaste,
O fim do choque,
Mas produz a situação mais não natural possível,
Fazendo com que sons anteriormente mencionados não
Possam vir a ser.
Tanto pela falta de um estimulo para a produção destes,
Como pelo fato de no vácuo não existir matéria.
Para que, além do monótono pulsar da artéria,
Haja algo por onde se propagar.

E o atrito pode fazer, além de tudo,
O excesso frear,
O amor sair da mente e virar ação:
O simples exercício físico do que há no coração.
Amor este, que tem o atrito como ator de sua representação.
Que o tem como intermédio de sua propagação.

Analogamente, o atrito é para o amor,
O que a matéria é para o som.
E cá, sem atrito, sem matéria,
O resquício de amor, se converte em dor.

Pois não pode representar, não pode propagar.
O que adianta amor, sem poder amar.

O infortúnio do vazio, poderia ser almejado, quando se queria luz e calma.
Mas não há motivo almejá-lo,
Quando a luz vira coadjuvante e o amor personagem da alma.

Ao imbecil, impedido de saciar o mínimo que sua essência pede
Só seria interessante ter o vácuo como sede,
Se não amasse ninguém.
Mas se é imbecil e tem anseio, é porque ama,
Então o vácuo não é nada além do que seria para um doente
A cama.

Queria sentir o cheiro das flores, de vida, de tudo.

Mas só tenho luz, de fontes não confiáveis
Estrelas duvidáveis, que possivelmente já explodiram há anos.
E de que adianta essa luz se não há o que iluminar? 
Repito: o que adianta amor, sem poder amar.

No vácuo, louco e lúcido.
Paradoxo inquestionável.
Na vida, bobo e estúpido
Pelo amor altamente inflamável.

A chama não chama mais quem deveria.
A fama importa mais que a garantia.
O homem não é mais humano.
Ora se tem sanidade e o vazio,
Ora se é feliz, amando e com conhecimento distorcido,
Inútil... Em vão.

A inconformidade para com o que sempre foi o mais lógico possível
Mostra como falar que o amante é insano é totalmente plausível.
Devaneios prazerosos ou lucidez corrosiva?
Eis a questão.

João Gabriel Souza Gois, 24/11/2010.


terça-feira, 23 de novembro de 2010

Latindo um Manifesto: Fatos corrompidos pela paixão; Dizeres de grandes sendo usados em vão.

     Passaremos toda uma vida lendo, estudando, pesquisando e escrevendo. Tudo isso para criarmos teorias baseadas no que foi lido, estudado, pesquisado e escrito, e desta maneira tentarmos, com o mínimo da ciência, criar o ideal e tentar praticá-lo da maneira mais fiel. As nossas concepções e princípios, definidos pela ideologia da época, pela criação e cultura em que vivemos e pelas epifanias que transmitem a essência através do singelo e mágico momento de amor e respeito, serão todos ignorados pelo momento da razão, que apesar de não adequada a todas as situações, ao tratar das relações sócio-econômicas, políticas, diplomáticas e mínimas para convivência de qualquer ser em paz, harmonia e conforto tem de ser aplicada a todo custo.

     A dialética, apesar de falha dependendo do assunto que a exige, é necessária.


     Mas sempre haverá como usar citações de grandes autores, para distorcer e manipular o maior e mais desrespeitado bem da humanidade: a informação. Com certeza a fúria do interesse privado destruirá anos de batalha para construção de um amor sincero, anos de estudos para a criação de uma teoria consistente ou anos de prática de um exercício de participação popular, para apoiar golpes como no Brasil em 1964. Com certeza nomes de grandes como Marx, John Locke, Maquiavel, Clarice Lispector, Drummond, Hobbes, Rousseau, Aristóteles, Platão, Sartre, Descartes, Camões, Fernando Pessoa, Raul Seixas, Graciliano Ramos, Machado de Assis e muitos outros fantásticos em suas poesias, filosofias, músicas ou narrativas, serão usados em vão, por alguma alma vazia que defende uma posição confortável ou simplesmente injustificável para amplificar argumentações fúteis ou realizar o mais manjado maniqueísmo e se exaltar como "o bom"; ou no mínimo criar uma situação pior para apoiar a sua opção como "a melhor", nada além do bom e velho sincretismo religioso que aparece desde as mitologias clássicas politeístas até as Igrejas Universais do Reino de Deus de hoje em dia.


     Em síntese, todos nós confundimos o que é essencial para todos, com o mais superficial dos desejos individuais... E usamos erroneamente nome de grandes... Que pelo menos sejamos sinceros em admitir e percebamos como se deve tratar a essência, para não agirmos de maneira fanática ou supérflua demais e terminar simplesmente tentando justificar o injustificável em prol do interesse privado. Sejamos honestos com todos os seres, para finalmente vivermos em uma sociedade de verdade. Pois o que mais se vê é a manipulação e o egoísmo, amplificando, além de tudo, uma relação cada vez menos socialista (não me refiro à ideologia, ou ao modo de produção, mas sim à maneira de organização "em sociedade" ) e cada vez mais comensalista para os não beneficiados pela ordem atual e parasita para os enganados pelos dizeres deturpados dos supostos "amores"(ou ex-amores), "Deuses" e "Datenas" desse nosso mundo.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

O clichê de minha mente: cem idéias sem palavras, ou cem palavras sem idéias.

Patrimonialista.
Patriarcal.
Putrefado.
Pior.
Pertinente.
Pensionista.
Policia.
Poluição.
Preparação.
Podre.
Papa.
Padre.
Pedofilia.
Pecado.

Heresia.
Homofobia.
Homem.
Hegemonico.
Heterozigoto.
Humano.
Hipócrita.
Hilotas.

Escravidão.
Exploração.
Estamental.
Estupro mental.

Lobotomia.
Letreiro.
Lucro
Lucro.
Lucro.
Leis, Lucro.
Letras.
Lusofobia.
Leitor
Lapidado.
Lamento,

Mais um lamento entre tantos.
Maquina.
Manufatura.
Movimento.
Mobilização.
Massa.
Massa cheirosa.
Miscigenação.
Mentira.
Mentira.
Missa.
Missão.
Madre, maculada.
Meu.
Meu.
Meu.

Eu.
Eu.
Eu.

Idio, Ego.
Individuo Cego.
Incompetente.
Isso mesmo,
Incompetente.
Imbecil.

Esquecido pela,
Vontade.
Escomungado em prol da
Verdade.
Fé,
Cristo.
Zé,
Cisto.

Xenofobia.
Nordestinos,
Povo ignorante,
Povo suíno.

Responsável por toda a culpa,
Do desenvolvimento aqui presente.
Povo fedido, pobre e estúpido,
Que dividiu o dinheiro da gente.

Tudo é meu.
Teu nunca.
Meu.
Eu.
Leis, Lucro.
Lucro.
Eu.

Desgosto.
Desgaste.
Desconforto.
Desempate.
Desgraça.
Desabrigo.
De tudo não têm nada.
Dinheiro, moeda cara.

Conservadorismo.
Neoliberalismo.
Comunismo.
Absolutismo.
Quem é mais ismo que o outro?
O povo continua solto.
A lei amplifica o lucro.
Lucro.
Lucro.

Não é uma questão de "ser povo"
Ou uma questão de amor ao próximo.
É mais profundo do que qualquer outra moral,
É o mínimo do animal.
Que dentro de si, sente vontade.
Discurso não mata sede.
Campanha não mata fome.
Quem come, divulga a assassina presidente.
Quem, aos poucos some, prefere o capeta, vermelho e com tridente.
Que te de o mínimo, e dê pra toda sua gente.
Comida, dinheiro, abrigo e economia quente.

Do que um divino, amigo do pastor.
Que espalha, além de tudo, muita dor.
Que é amigo do amigo, como todos desse meio.
Mas que tem nojo de gente que sente anseio.
Anseio de vida.
De dignidade.
De respeito mínimo.
De caridade.

Existem muitas barreiras, nesse assunto aqui presente.
Existem mais problemas, nas pessoas, do que nos presidentes.
Mas se um brasileiro como eu, pode agora comer.
Mesmo não sendo cristão nem judeu, tenho que atender.

Não porque sou bonzinho,
Bom Cristão amigo do meio ambiente.
Mas porque preso o mínimo do Ser, de toda gente,
Não só pra mim, mas para qualquer indivíduo.
E foi tentando pregar isso, que fui jogado para escanteio.
Mas que devaneio!
Não falo de exílio, nem de autocracia.
Mas sim da ditadura da maioria,
Manipulação midiática chamada democracia.
Tomada pelo obscurantismo contra a heresia.

Falo da ditadura da vontade individual,
Que fez-me triste sem meu amor. Fez-me sentir animal.
Pois se todos somos, que pelo menos sejamos.
Que sociedade é essa, onde se parasita os humanos.

Se alguém é contra a sobrevivência e saiba como sustentar
Não se apavore ao se apresentar.
Mas enquanto por outras reformas têm que se esperar,
O melhor de tudo é assistir os explorados, criadores de tudo,
Mais do que qualquer Deus, sendo no mínimo alimentados.
Mesmo que sejam estereotipados.

Mas a nova ordem mundial deixou bem claro.
Cada um cuida do seu.
Nada é teu.
Tudo é meu.
Meu.
Meu.
Eu.
Eu.

Meu Deus.
Meu Amor.
Minha Casa.
Meu pavor.

Diferente das formigas, que são biologicamente divididas em
Operárias, Soldadas e Rainhas.
O Seres Humanos são socialmente divididos em explorados e exploradores amigos da Igreja.
Que impede que o explorado veja.

Sem nenhuma proposta, mas com pedras na mão,
Te convido a concordar, ou não.
Que independentemente do que qualquer filosofia julgue como correto,
Cada um de nós tem que saber o alfabeto,
Comer comida.
Porque juntos somos todos grandes.
E os menos valorizados e criticados de maneira unânime,
Formam a economia na base da pirâmide.


João Gabriel Souza Gois, 16/11/2010.

sábado, 13 de novembro de 2010

Dummond no meu lugar; hora de descansar e deixar o mestre falar.

     Cansado de escrever nos últimos tempos, e até certo ponto atarefado - apesar de não cumprir com todas as tarefas fielmente. Vou postar uma poesia de Carlos Drummond de Andrade, que gostei muito por simplesmente identificá-la com o que não queria que fosse verdade, mas que reconheço. Concordo com os versos todos, exceto por achar que as coisas sempre podem se renovar, mesmo que demore uns bons anos. E cuidar para que essa hora demore, é simplesmente reciclar os lixos dos excessos de cada um envolvido, tornando todo relacionamento, tanto de amizade, como os enamorados, contagiantes por si só. Tá aí:




A hora do cansaço 

As coisas que amamos, 
as pessoas que amamos 
são eternas até certo ponto. 
Duram o infinito variável 
no limite de nosso poder 
de respirar a eternidade. 

Pensá-las é pensar que não acabam nunca, 
dar-lhes moldura de granito. 
De outra matéria se tornam, absoluta, 
numa outra (maior) realidade. 

Começam a esmaecer quando nos cansamos, 
e todos nós cansamos, por um outro itinerário, 
de aspirar a resina do eterno. 
Já não pretendemos que sejam imperecíveis. 
Restituímos cada ser e coisa à condição precária, 
rebaixamos o amor ao estado de utilidade. 

Do sonho de eterno fica esse gosto ocre 
na boca ou na mente, sei lá, talvez no ar. 


Carlos Drummond de Andrade, 1984.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Reflexões sobre o real; o canibal e o pesadelo.


     Às vezes estamos tendo pesadelos e acordamos aliviados... É curioso. Mais interessante é quando estamos sonhando e acordar é o pesadelo... Sonhando com o que idealizamos, e acordamos com a realidade canibal, individual, que só na teoria, na ciência e na filosofia nos deixa angustiado... Quando há motivos pessoais, das paixões e dos sentimentos mais comuns do coração humano para que a realidade seja em si o pesadelo, queremos a todo o momento, mais do que nunca, dormir. Por isso existem os suicidas; são tão fracos ao acordar, que resolvem dormir para sempre... Mas se eles compreendessem a senóide talvez não agissem assim. Enquanto isso, continuo acordando destruído e dormindo iludido... até que o sono volte a ser palco de pesadelos, e a realidade o alívio.

     Em outros momentos menos obscuros, já ouvi anúncios de pesadelos que terminavam com alívio, e um abraço, sumia com o susto. Agora eu anuncio aos que antes me anunciaram: Os pesadelos que tinham, viraram minha realidade, meu sono virou meu alívio. 

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Exercício da reconstituição.

Gritar aos sete mares,
Que sofreu de todos males,
Adiantará em que?
Continuarás a sofrer !


Ignorar o que está em sua frente,
Se fazer de demente.
É impossível,
Conseguir, com naturalidade, é incrível.


Provar que na situação,
Você terminou no chão.
Que investiu todo o amor,
E recebeu mais pura dor.
Acrescentará em que?


A gravidade aumentou,
A massa aumentou.
A cabeça está mais pesada,
Pois não consegue ficar alienada.


Os olhos poderiam se voltar pra dentro,
Mas investigam tudo a sua volta,
E o primeiro sentimento é a revolta
De não ser mais o que um dia foi o centro.


Depois vem compreensão,
De que de agora em diante não há mais solução,
E que tudo é resultado de ações que criaram a situação,
E que a resultante dessas ações lhe empurraram para o chão.


De fato minha cabeça está pesada.
Pois estou no chão e sem o meu amor, que desgosto.
Ela curte o maior prazer, o maior gozo
Que nunca pude propiciar,
Mesmo depois de fazer de tudo para todo mundo:
Termino mesmo como um moribundo?


Se a falta de amor e a falta de compaixão
São culpas puras da situação,
Para que então, ficarei a esfaquear meu coração?


Renascimento não é a palavra,
Pois não volto a ser larva.
Reconstituição sim !
Pois cresço partindo de mim:
Grande e crescido como estou agora,
Tolo, fodido, por situações do mundo afora.
Mas nada que dói em mim, o que provocou essa dor
Me pertence mais.


O que me pertence é o orgulho e o valor,
Baseados no que creio.
Mesmo não podendo mais tocar
Aquele seio,
Contenho meu anseio
Para me recriar, renovar, reconstituir !


E em vez de sair da cinzas,
Sairei do solo,
Pois foi onde me afundei me redimindo por pessoas fúteis
Foi onde cultivei características inúteis.


Sair, rir, conhecer pessoas inteligentes,
Que entendam e filosofem sobre mentes,
Sociedade, música ou poesia,
E que saiam da infantilidade da adolescência
Conhecendo o ser humano e a essência.


Que não sejam moralistas quando convém,
Que tenham suas justificativas.
Mas que vivam a vida, sem freio, das maneiras mais ativas.


Pessoas vivas, conhecedoras, e reconstituidas.
Pessoas que entendam a profundidade das coisas 
E não que apreciem só para agradar.
Diferente daquelas que usam o que é útil,
E dizem que gostam para agradar e pra esconderem seu lado Fútil.


Mereço alguém novo, alguém que conteste questione e reivindique o novo
Que não me deixe sozinho a escolher ou criar responsabilidade.
Alguém que me avalie não só pela idade.


Que saiba rir como idiota quando as besteiras da vida lhe mostrarem
Que a vida é mais profunda do que ser melhor, rico ou professor.
Que o importante é ser conhecedor !
Que se aventure comigo pelos prazeres do universo,
Que saiba o que é poesia, não só na teoria, mas no verso.


Que tenha personalidade preenchida
Por reconhecer a parte escura da vida,
E não alguém predestinado à rotina,
Que segue padrões sem questioná-los
E se diz cristão ignorando a batina.


Quero alguém que não existe !
Alguém que preencha,
O vazio deixado pela última.
Não precisa ser a companhia perfeita.


Mas não pode ser direita,
Tem que ser esquerda assumida.
Pois as direitas, se fazem de moças,
E depois deixam feridas.


E as esquerdas compreendem, apesar de extrovertidas,
Que o legal não é só amar, como é também unir as duas vidas,
Fazendo debates, lendo livros ou agindo com cortesia,
Sabendo ler e entender a essência da poesia !


Mas antes me autodestruo.
E em seguida me reconstruo...
Pois sou forte para isso.
Sou filho, homem e já fui namorado,
Sei que estou preparado.


Sou leitor, fraco teórico e estudante...
Aprecio o conhecimento abundante.
Mas agora nem no solo estou para me recriar...
O subterrâneo, por enquanto, é meu lar...
E o que vai se passar
Me fará afundar, mais e mais.


Mas a parte linda de entender a construção exata das coisas,
De teorizar, filosofar e exagerar.
É entender (ou apenas crer) que existe a senóide...
E o ponto mais baixo ainda está por vir...
Mas depois que ele passar
Só me restará um único destino.
E este destino é subir.

João Gabriel Souza Gois, 7/11/2010

sábado, 6 de novembro de 2010

Exercício do esclarecimento.

Esclarecer com mentira,
Dizendo o que lhe traz razão,
Sabendo que destruirá o que já esteve em sua mira,
E hoje não.


Esconder o que pode ter acontecido,
Dizer tudo com o palavreado distorcido.
Esclarecer sem deixar esclarecido
Que não só sofri como vou continuar sofrendo,
Vendo o imediatismo me destruindo e sendo
A vingança sem motivo, feita por quem não se esperava estar fazendo.


Se sentir então um ser horrendo.
Por ter sido o provocador disso tudo.
E por a culpa em todo o mundo.
Em vez de transmitir a verdade da situação
Para mostrar que hipocritamente, queria atenuar a dor em meu Coração?


É mesmo o típico de um cristão.
Mostrar que o bom é possível.
E criar um monstro horrível,
Para justificar suas Ações.


Não sou ninguém para impor moral,
Muito menos pra impor um valor.
Mas a sociedade não existe sem os dois,
Eu não existo sem você.


Não preciso te ter, não preciso te conhecer.
Preciso no mínimo de respeito, de algum valor receber.


Para alguém como eu, ser atropelado
Depois de se redimir, e ignorar o orgulho herdado.
É mais difícil do que prever o que aconteceu e o que acontecerá,
E que periodicamente o exercício da autodestruição se repitirá.


Quer viver?
Viva !
Quer fazer?
Faça !
A Liberdade é linda,
A Liberdade é mágica.


Mas sem hipocrisia,
Não vivemos em anarquia.
Se não tem nenhum valor nem moral, normal.
Se não tem nenhum respeito, nem regras: Animal !


Sei o que fará,
Sei porque fará.
Não precisa justificar.
Mas se sozinha terminar, em algum dia,
Não reclame em nenhum momento da vida.
Pois se quer apoio dos que estão ao lado,
Comece respeitando, mesmo que seja diplomaticamente...
Mesmo que isso perturbe sua mente.


Porque ninguém tem obrigação de aceitar,
Todos tem sua moral para se apoiar.
Mas o mínimo de todos é respeitar...
Esclarecer com mentiras, não é começar !


Ainda mais comigo, que lhe cedi respeito...
Quem nunca te deu motivo para ser atropelado,
Não por um dia ter conhecido você,
Mas por ter cedido um tempo considerável
E negar o provável, que era acabar assim.
Pois nunca pensou em mim,
E sim no que lhe convinha...


Agora o que lhe convém é viver a vida,
Mesmo que assim termine vazia,
E que seja para contar para as amigas.
Mesmo que um dia perca quem te cedeu tempo e amigos,
Mesmo que todos do seu lado terminem feridos.



João Gabriel Souza Gois, 6/11/2010

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Exercício da autodestruição.



A vida de tão mole,
Se tornou dura.
Porque não sofro de fome,
Sofro de fartura.


Porque o amor me consome,
E apelo pra poesia
Mas esta não atinge nada,
Assim como a autodestruição que é a fantasia.


Fantasia que criei,
Que neguei, mas permiti.
Buraco Negro que ocasionei,
Destruindo a estrela que iluminava-me.


Dono de uma angústia de nascença,
Dono de uma crise de crença.
Culpado da própria sentença
Que criou, e amplificou, com a mais desnecessária ofensa.


No fim,
Termino só.
No fim,
Viramos pó.


Cada vez mais acho que nasci para morrer,
Que cada momento feliz é para simplesmente esconder
A responsabilidade de criar um referencial,
Para ser alguém bom, superior e superficial.


Às vezes, questiono o começo das coisas.
Pois se nunca tivesse existido, nunca teria me angustiado.
Se nunca tivesse te possuído, nunca teria terminado.


Mas depois penso no que já ignorei 
Para cultivar meu ódio.
Nos momentos lindos que passei,
Mesmo que não fossem ouro branco, e sim banhados a Ródio.
Ou que fossem os mais intensos,
Mais verdadeiros.


Fossem não, eram.
Pois agora, todos (os bons e os ruins) se encerram.
Assim como vidas não vão a lugar algum, eles simplesmente se enterram.


Termino em situação similar à de um moribundo.
Quando escrever, pensar e viver, não me livram mais do mundo.
Do mundo que me obriga a ser patriarcal, e no fim perder o que amo.
Do mundo que me obriga a ser animal, e no fim deixar de ser humano.


Humano não sou mais.
Humanos são animais
Que vivem em sociedade,
E para esta sou uma doença com sua certa raridade,
Mas independentemente do que esta diga para mim e para o meu próprio mundinho,
Não sou humano, pois não estou em sociedade, estou sozinho.

João Gabriel Souza Gois, 4/11/2010

[...] Kafka ! Kafka !

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Do fundo do Baú

     Apesar de não tão antigos, achei umas coisas que escrevi há meses atrás... Achei bem esquisito na verdade, um pouco clichê de um lado, engraçadinho do outro, mas de qualquer maneira, achei interessante compartilhar. São dois poemas... Aí estão:

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Anacronismo.


Sociedade estamental,
Ou classe social desigual.
Diferença não existe,

A não ser o povo pobre, maltrapilho e triste.


Tanto servos como o povo escravizado,
Sofrem, de maneira análoga, como o proletariado.


Sempre haverá uma parcela do conservador,
Que espalhe aos hilotas, fome e dor.
Sempre haverá um resquício,
No coronel ou no empresário, do espartano ou do patrício.


Robespierre ilumina,
Lênin, antes de começar, termina.


De senhor feudal à governo federal,
Tudo que se vê é uma sociedade patriarcal.


Conflito de camadas,
Conflito de poder,
As Forças foram chamadas;
O povo vai sofrer.


Homens Bons esses Nazistas,
Ops! Falei errado... Eles são Integralistas !


A esperança se enterra, e nada se alcança.
É o fim da Guerra.
O Povo não tem comida, não tem dinheiro, nem tem terra.
Não tem educação, por isso tem fé e esperança...


Das ruínas, o extremo acena.
Levando política, aos que merecem pena.


João Gabriel Souza Gois, 25/08/2010


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Superfície a olho nú.

No bosque,
Na rua,
Noite crua,
Sem enfoque.


Silenciosa surge:
Ilusão despercebida,
Disfarce da vida.
Moulin Rouge.


Ao longo de uma vida toda, a felicidade
É momentânea, singela... Curta.
Vem terceira idade.


Auge da impotência... Se surta.
Vem então a insanidade,
Que a morte furta.


João Gabriel Souza Gois, 18/08/2010

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sábado, 30 de outubro de 2010

O Patriciozinho de Beverly Hills.

        Sem muito exagero, hoje postarei apenas uma poesia que acabei de escrever... É nada mais nada menos do que um chilique em forma de poesia - por isso o título irônico -. Sinto vontade de me impor, pelo que justifico correto através da Ciência, sem perceber a demência mascarada em comentários desse tipo, que me fazem me arrepender do que havia dito. E perceber que ao julgar pessoas por suas maneiras de considerar importante vários aspectos e/ou situações, escondo as deficiências de minha própria maneira de pensar, que apesar de 'mais científica, mais arrogante' é também parcial, visto que me baseio na Ciência para tais considerações, e existe muito mais na prática além da teoria. Existe muito mais inteligência na estupidez do que se imagina. Independentemente disso, foi um descontrole que me fez escrever repentinamente e agora tá aí:




O Patriciozinho de Beverly Hills.



Intenso, Intenso.
Falo antes do que penso.


Pode-se ver, 
Que para mandar alguem para a tonga da mironga do kabuletê
Tem que saber o que dizer.


Um Ser, que se julga melhor, não pelo sangue,
Não pela propriedade, mas pela prioridade
Da idade - geração 'Y' - que ignora a experiência.


Experiência sem ciência,
Não tem valor algum.
E Ciência sem experiência?
Altas doses de Rum.


Angústia, muito mais prática do que dinâmica.
Muito mais singela do que se espera.
Simples, fútil, mas Intensa... Intensa.


Angústia em saber, que mesmo sabendo ou se julgando sábio,
Parecerá exagerado, catastrófico perante a alma 'tapada',
E por perceber que sem o apoio dessa alma, seu projeto acaba.
Principalmente em saber que estes valores que o fazem pensar ser sábio, por eles  
                                                                                             [próprios, não valem nada.


Pois se esta hierarquia é descrita pelo nível de sabedoria,
Me faria arrependido em dizer que desdisse o que já havia dito.
Bato de frente, entro em conflito,
Mas o mito continua, 
E minha experiência, apesar de quase nula, está nua
Perante o que há de acontecer.


A Realidade que vejo, é filtrada.
A Ciência que estudo, é manipulada.
Cada vez mais sei que não sei nada.
Mas a busca por tentar saber fez de minha alma angustiada.


Angústia fulera, para aqueles que sofrem para simplesmente sobreviver.
Angústia verdadeira, de quem a atenua, em breves minutos, ao escrever.



João Gabriel Souza Gois, 30/10/2010


quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Desabafo [esclarecendo minha visão política]

     Ultimamente ando com dificuldades para postar constantemente, mas tento - nas vezes em que posto - ao menos manter a qualidade (se é que tem alguma) e por isso o tempo exigido me impede de postar com frequência... Este é o post definitivo sobre política que faço. Vou continuar a postar sobre política, mas o contexto eleitoral faz dessa minha principal preocupação e a intenção do blog nunca foi ter um foco puramente político, embora esta questão seja, junto com a poesia e textos opinativos aleatórios, de grande relevância para o blog.
     
     O real desabafo vem de uma série de opiniões que venho concretizando em paralelo com as informações que recebo e o fato é que não consigo enxergar a mudança que espero e julgo necessária, através da política como ela é hoje. Esta mudança que meus jovens olhos enxergam são cegadas pela corrupção e pela situação doente que uma falta de Reforma Política causa no quadro partidário e político de meu País.
                  
     Apesar dessa situação, minha posição é justificada pelo fato da mudança rasa intuir no caminho necessário para que essa cegueira branca (branca pelo excesso de "luz" que recebo, através de uma mídia patética) seja ao menos atenuada e me permita distinguir traços de um novo Estado, que distribui renda, aquece a economia, fortalece setores (principalmente sociais) por meio de estatais e cria relações totalmente visionárias com economias emergentes, divergindo da rotina brasileira de ser vassala da hegemônica metrópole da época (atualmente o povo do destino manifesto).
                       
José Serra - Oposição Truculenta.
     É obvio que um País com problemas históricos - tanto os socio-econômicos como os morais - não está preparado para uma mudança radical, em todos os mais amplos e complexos aspectos. O mais preocupante reflexo de tais problemas é a falta de infra-estrutura - herdeira do conservadorismo político elitista e oligárquico e também das políticas superficias atuais, que são puramente eleitorais - que não permite que essas mudanças ocorram livremente, sem causar crises e outros problemas. Um exemplo clássico é a crise dos aeroportos, que ocorreram por causa do excesso de passageiros que surgiram por causa do aumento do consumo das classes baixas provocado pela benéfica e desenvolvimentista política de distribuição de renda do governo atual. Os portos apresentam um problema semelhante, já que o aumento da exportação e o crescimento do Brasil requerem um uso mais abusivo destes (mesmo havendo investimento da iniciativa privada e aumento do investimento público nos portos, esses investimentos não conseguem acompanhar o crescimento do problema de logística gerado pelo excesso de carga para ser escoada). Estas que são - comparando com o que é essencial para o desenvolvimento do País - as mais singelas mudanças, já geram pequenas crises que servem de combustível para a campanha truculenta da oposição (cada vez mais similar - apesar das grandes diferenças, devido à circunstância política atual não ser igual à da época da república populista - com a oposição desgastante e não-saudável da UDN) mas que são esperadas e devem ser, além de analisadas, controladas com as medidas necessárias e não divergentes da conjuntura política da pátria (em muitos casos, como o dos portos, isso já é feito, vide porto de Santos). Não obstante tais problemas, eles existem como consequência de um desenvolvimento e todos os outros problemas (diferentes dos gerados pela falta de infra-estrutura) são os de sempre - consequências do passado pouco desenvolvimentista e muito conservador -, causadores da desilusão política de qualquer jovem estudante, como o coronelismo e os latifúndios que segregam nossa nação da condição de desenvolvida.
                         
     A mídia tenta praticar o voto de cabresto (por meio de uma censura interna altamente parcial e selecionada), os poderosos governistas submetem qualquer governo a uma política no mínimo fascista e no máximo mencheviquista... Mas nunca há - no meio político corrompido - uma real proposta diferente. O resquício católico cria o sensacionalismo em questões urgentes como o Aborto. A cultura de massa, estimulada pela hegemonia imperialista, trás a moda (a famosa modinha) e a superficialidade que se apegam à questões duvidosas e muito mais complexas de maneira farsante e exagerada - mas embelezada pelo "parecer intelectual" - como a questão ambiental, que levou popularidade a um atentado ao desenvolvimento puramente religioso e sem fundamento, com a onda verde de Marina Silva e uma proposta insustentável de desenvolvimento sustentável.
     
     É possível desenvolver-se de maneira sustentável. É impossível se desenvolver um País emergente - que exige reformas sociais e econômicas urgentes e de incontestável prioriadade -, se nesse desenvolvimento houver a preocupação exacerbada e mal direcionada (sem propostas condizentes com a realidade ambiental do planeta) de ser 'sustentável'. Apesar da necessidade da preocupação ambiental, o palco perfeito para o reacionarismo está instalado pela moda sustentável e pela falsa intelectualidade gerada pela globalização (cultura de massa). O Tratado de Copenhagen e a discussão sobre os créditos de carbono são, por enquanto, políticas/discussões suficientes para um País que possui preocupações excepcionalmente maiores , já que ainda há concentração de renda, fome, latifúndios e riquezas para se explorar... Depois de tratadas com prioridade tais questões podemos dar mais importância ao meio-ambiente.

Marina Silva - Oposição Sensacionalista
     A situação ambiental está longe do escandaloso apocalipse anunciado pela mídia, que convenientemente - assim como todo sensacionalismo barato - valorizam produtos 'sustentáveis' e beneficiam ONGs (máfias disfarçadas de prestadoras de serviços). Enquanto é necessário preservar a natureza - mesmo havendo lugares no mundo que não estão aquecendo e sim esfriando, e o efeito estufa sendo um efeito natural do planeta e periódico, assim como as glaciações - o exagero e a idéia de catástrofe novamente servem para desviar a atenção da classe explorada, como de praxe é feito pelas camadas exploradoras (vide 'panis et circenses' - pão e circo - de Roma, onde - não com idéia de catástrofe - o Império alienava a população com o entreterimento e a alimentava, atenuando sua visão crítica por meio de um desvio de atenção - assim como as falsas catástrofes midiáticas fazem - .) e mais uma vez funciona, acarretando em 20% dos votos - no primeiro turno - para Marina Silva.

     Atentados contra o desenvolvimento, sejam eles de cunho sensacionalista (Questão Ambiental da Onda Verde) ou truculento (campanha semi-udeenista dos Tucanos), não são saudáveis para uma economia emergente pertencente aos Brics, e apesar da rasa mudança que o PT ocasionou, não houve até hoje no Brasil, alinhamento político (apesar de pouco concentrado, 'aguado', morno, raso...) mais próximo do desenvolvimento econômico e principalmente social esperado, do que as adaptações políticas feitas pelo governo atual, ao modelo severo de hoje, com intuito de promoção das melhores condições de vida do povo brasileiro, e não da pequena parcela de sempre. Mudanças nos modelos arcaicos e sólidos, da economia e da sociedade brasileira, só podem ser vistas hoje, por meio de uma revolução. Pois se a solução for tentada através da política, haverá novamente as dificuldades constantes... E os diversos fatores que promovem o conservadorismo brasileiro novamente assassinarão a vontade dos pobres de ter uma vida digna, assim como qualquer outro cidadão brasileiro.

    Contudo pode-se concluir que só haveria mesmo uma oposição menos truculenta, menos sensacionalista e mais científica e condizente se houvesse no Brasil uma Reforma Política [para permitir] e uma revolução. Longe dessa realidade, nos cabe unicamente o poder de exercer democracia de maneira consciente, nos contentando com o possível, e esperando as condições que sonhamos por meio de um governo coerente, adaptado e ainda assim - baseando-se no referencial conservador do aspecto moral do povo brasileiro - revolucionário.

OBS: Escrevo essa observação em Outubro de 2013, para deixar claro que caso algum leitor atual esteja lendo esse texto antigo sobre política saiba que minha opinião sobre a causa ambiental mudou fortemente, mas não sobre a Marina Silva. Ela ainda não é uma saída interessante para o embate em que vivemos, inclusive no problema ambiental, e, ultimamente, a saída se mostra muito mais visível através da sociedade civil organizada, do que dependente de um Estado viciado por uma estrutura que clama por reforma política urgentemente. Também deixo claro que não uso o termo desenvolvimento mais com o sentido que usava quando escrevi esse texto. Apesar de já me considerar de esquerda, meu pensamento era muito embebado de economicismo, mesmo resguardando essencialmente preocupações econômicas pertinentes. Há muito diálogo disso que está nesse texto com parte do meu pensamento, mas hoje eu diria que ele, em sua completude, não representa mais minha visão tanto sobre a questão ambiental, quanto de "avanço" ou "desenvolvimento" e principalmente "científica". Mesmo usando o termo no sentido de mais igualdade, educação e coisa do tipo, ele pode facilmente ser associado a algo bem perigoso, e essa nunca foi minha intenção, nem quando escrevi na época. Vale esclarecer. Confesso que acho esse meu texto de péssimo gosto, mas é de outro tempo, de outro eu, interessante trombá-lo. [trecho escrito quando a observação foi escrita]

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Alogia constante.

     Bom, como podem perceber faz mais de uma semana que não posto absolutamente nada. Não é por falta de tempo (mesmo não o tendo), nem por falta de assunto (vários deles ainda guardo para postar depois). O real problema, é uma doença passageira... Deu pane no sistema. Não é nem tanto pela questão sentimental, nem pela rotina, nem pelo apelo desesperado por férias e uma nova realidade. É algo auto-imune, uma Alogia constante que me persegue.
     Desde que me lembro de mim mesmo como sou hoje... (desde alguns bimestres atrás) Ando seguindo um comportamento padrão, não rotineiro, pois as circunstâncias e as situações são diferentes, mas o resultado é o mesmo sempre. Primeiro me animo com meu futuro e fico buscando informações para me construir, depois fico inerte nesse aspecto mas feliz com o dia-a-dia alegre e engraçado (ou até empolgante), depois me animo novamente mas apenas com os fins de semana, apelando para a pura boemia e felicidade gratuita e simples, mais tarde fico inerte a tudo e duas semanas se passam sem eu perceber (rotina pura). Aí no fim, por causa de algum acontecimento aleatório que me faça perceber essa inércia ou então que me atinja de outra maneira, sinto um desanimo imenso, um vazio, um tédio... Nos últimos dias eu estava nesta última situação até que mais acontecimentos fizeram ela durar mais, e agora fugindo do padrão que antes era conhecido, me desespero (não adianta, apesar da minha última mudança de pensamento, como eu já havia dito em outro post, ainda sou extremamente apegado a padrões, apesar de minha indisciplina), mas já vou tentando contornar a situação, incluindo agora na minha realidade, essa situação incomum.
     Por isso venho trazer uma poesia que eu particularmente não gostei, mas vou postar porque não estou me importando muito com as coisas ultimamente, então como coincide com esse momento, vou postar mesmo assim.



                                                  Traquéia nova, tosse velha.

Espontaneidade se foi.
A novidade me corrói.
O tédio veio e não disse oi.
Nada mais dói.


Pra que sentir?
Mentir pra que?
Se vais fugir,
Então porque prometer?


Mecânico, periódico
Era.
Éons inteiros
De espera
E o tempo acelera
Enquanto nada na esfera,
Que deveria ter mudado de cor, gosto e cheiro,
Muda por inteiro, e continua constante.


Não obstante,
Meu pulso que, se fez equilibrado
Pela média do extremado
Que já fui o bastante,
Já fiquei acostumado
A fugir do periódico,
E me acostumar com o esporádico,
Que mesmo que pareça sem fim e trágico
Pode se fazer mágico,
Se com ele absorver conhecimento lógico,
E jamais ser alguém errado de acordo com a referência
Que estipulei a mim.


Cansado, entediado,
Sozinho, traído,
Amigo, fodido,
Características inúteis de alguém que se transforma em inseto
E observa inquieto, a metamorfose acontecer.


Kafka ! Kafka !
A tosse não para,
Ela nunca sara;
Continuo a tossir sem sentir,
Kafka ! Kafka !


João Gabriel Souza Gois, 5/10/2010.



Pudou ~ 5/10/2010