quarta-feira, 5 de outubro de 2011

O Plano B

Do sexo frágil
uma criança cresce.
No interior
uma idosa falece.


Nas cidades, riqueza é produzida.
Nos bancos, pobreza é induzida.


Nos bares da vida,
amores se desenvolvem.
Nas praças e vilas,
pessoas se envolvem.


As revoluções industriais
cada vez mais acontecem.
Cidades do terceiro mundo,
sem organização, crescem.


E só eu... Eu lírico farsante!
Estagnado e amante,
deixei a translação e a rotação mundana
e fiquei paralisado e de cama.

Apesar de entender e apreciar evoluções,
Cansei de no mesmo calor, perceber revoluções
em que sempre permaneço reacionário
e pessoas que amo, vão...
Sinto-me de pouco valor, sinto-me no chão.

Coisa velha, guardada em armário.


Apesar de todo o panorama, toda a infra-estrutura ter
virado do avesso...
porque só eu pago o preço?
De engordar, estagnar e nunca perceber.


Que aconteceu o melhor. É continuidade.
Que já até virei maior de idade.
Mas que persisto na imagem
Do sonhador de Petesburgo.


Lógico que até a mim, várias coisas mudaram,
É lógico que vários doeres não me alcançaram.
Mas mudar a forma e não o conteúdo,
me faz perceber como permaneço no submundo.
Enquanto todos, diferente de mim - o moribundo-
Se desenvolvem internamente, tanto em si como nos prazeres do mundo.


Estúpida barata,
Estúpida pessoa fraca,
que se apega a sinfonias
e não compreende que epifanias
servem para nos ensinar
e não para continuar
seguindo em frente e sentindo,
mesmo que triste ou sorrindo,
o mesmo gosto que antes,
de coisa pouca, de reserva,
sentindo sua língua, do prazer serva,
sem pensar no que importaria
se tomasse um rumo que poria
o bem estar em outro corpo
e pararia de ser louco
por insistir, gritar e ficar rouco,
por algo tão antigo,
por coisa de amigo,
por pouco...


Também nos envolvemos em amorecos
damos voltas, bebemos, vamos a butecos...
Mas mudança de verdade não vem ao palco.


Assim como um pombo do asfalto,
sei voar alto,
mas insisto nas migalhas do chão.
O plano B virei.
Prazer a toa.
Coisa nem tão da boa.
B
Bosta.
Bêbado.

João Gabriel Souza Gois, 11/09/2011

domingo, 11 de setembro de 2011

Sina de amante

Há tempos que escrevi, mas nenhum momento melhor que esse para postar... Espero que gostem e desculpa - para quem talvez acompanhe - a demora... =]

Sina de Amante

Não me interessam os papéis,
nem a lei que eles representam.
Símbolos, contratos, anéis
ou palavras que comprometam.


O que interessa é que mesmo
que haja frequência ou não,
é apenas pelos olhos que se enxerga o coração.


Imagine que estou louco
e vejo coisas.
Prove-me que são ilusões!
Eu acredito, pois vejo.


É dessa maneira que através daquelas janelas
enxerguei um amor reprimido...
Talvez fosse ilusão!


Mas chega de sequelas!
Daquele momento volátil, tudo que foi sentido
foi intenso. Vale a dilação.


Formalidade.
Prumo.
Nada disso define amor.


Liberdade,
Juntos.
Explodindo o Calor.


Sei que não há o que possa ser escrito,
para manter claro o que se passou comigo.
A poesia é sempre mais ampla que o poema
pois nunca entra no dilema
de se limitar em letras, palavras ou línguas
E por isso essas sempre são mais longínquas
no que se diz conteúdo... Substrato.
Retrata melhor o sentimento, por ser, assim como ele, parte do abstrato.


Mas de qualquer maneira,
em qualquer poema haverá poesia.
E por meio dos limites da palavra,
como poeta amador, descrevo a epifania
da explosão do que não está mais preso mas que permanece
apenas nos momentos de proximidade.


Olhos! Janelas d'alma.
Não me digam que é mentira o que vi
pois sei que é mútuo o que senti
e assim despejei essência, respirei calma.


Com o corpo ainda em quente ardor,
Sussurro versos de outrem, com rosto ainda rubro
"Como eu te redescubro,
Amor"

João Gabriel Souza Gois, 03/07/2011

segunda-feira, 13 de junho de 2011

O Mais novo dos Testamentos.

No oitavo dia, Deus criou o paradoxo
Para apreciar o desnorteamento do homem,
E a partir disso apimentar a monotonia de uma vida sem questões,
Criando as teses e antíteses para padrões e refrões.


No oitavo dia, Deus fez a razão
E junto a ela a complexidade
para gerar conflitos e proximidades
nas vertentes que estavam a se criar.


No oitavo dia, Deus fez o instinto,
Para criar arrependimento no faminto,
E o prazer em tudo que se possa existir,
Permitindo que a poética e o eu-lírico, da prisão do não-ser pudessem sair.


A partir da palavra e das condições criadas,
Foi acordado o homem, e toda sua espécie,
E recuando diante de tanta grandeza, recitou uma primeira prece.
Daí então a humanidade é consolidada.


As ações para os "homens" estão em alta.
Pois no Diário de Deus suas poucas palavras que permitiram a vida
Estavam, diante de tantas criações humanas, oprimidas.

Em pouco tempo, diversas criações humanas direcionaram
o pensamento pagão.

Deus Sol, Deus Mar e Deus Trovão.
Porém pensar no único Deus criador,
Só apareceu - como Lei - com a Igreja Católica como instituição.

E apesar de manter sua criação de palavras e de novas existências,
boa parte dos componentes que permitiram tantas eficiências,
Os 'iluminados por algum deus' reprimiram.
Pois para essa Instituição, a salvação era negar
O paradoxo, a razão e o instinto.


Do Diário de Deus que listava as palavras da existência
O homem negou todas e as transformou em heresia,
Pensar no paradoxo e na razão científica que confrontasse a Igreja,
Agir com instinto e mencionar o que o comprovaria,
à morte levaria, pois a morte é o que a Igreja almeja.
"Sem morte não há ressurreição, e sem ressurreição não há Igreja"


Desde que ela surgiu, o homem assumiu o papel de Deus
e Deus, de maneira radical se entristeceu,
O maravilhado pelos feitos do homem se sentiu - pela primeira vez - ferido.
E agora via os elementos da criação humana:
paradoxo, razão e instinto
Sendo - pelos humanos - proibidos.


Tão perto dos Humanos viveu,
Tanto de sua filosofia leu,
Tanto de sua arte contemplou,
Que o mais puro ódio em si acumulou


No auge do poder do Papa,
Deus estava inconformado com o esquecimento do oitavo dia,
e do obscurantismo que a Religião Suprema distribuia.
Não é porque criação artística e filosófica não havia,
Mas porque contestações, dúvidas e diálogos
que tornaram possível e construíram tudo de maravilhoso,
A Igreja não permitia.
Por causa da negação de várias outras  criações possíveis.
Da destruição de livros e obras incríveis.




A morte, a pobreza e a opressão, desta vez tinha algo de inédito.
Dava-se a Deus, todo o crédito.
Pois em nome dele os homens determinaram funções solidificadas,
E nessas funções, como sempre na história, as maiorias eram exploradas.


Para o criador dos elementos básicos e da primeira palavra falada.
Foi tanta a dor, coisa que antes não tinha sentido,
Que diferente estava, e o mesmo já não era,
Não lembrava mais da verdade, só tinha dúvida, e além dela nada.


Sob pressão da culpa de mortes que eram anunciadas em seu nome,
e agora, perdido, não mais onipresente, começou a sentir algo que antes não sentia.
A angústia e a revolta era tanta que em sua santidade não cabia,
Que cada vez mais sentia-se homem. Homem era!
Era carne, paixão e rebeldia!


Esquecendo do que fora, mas lembrando do que sofria,
Atribuindo a si, sem nem saber o porquê, a culpa da morte de tudo que morria
Sentiu-se de alguma maneira sábio e forte, para combater essa hipocrisia.
E para tanto, apelou para a heresia.


De tão humano que se encontrava Deus,
Foi Ele o primeiro dos Ateus.
E seu fim mortal, em plena Idade Média, não era difícil de se prever,
Morreu no fogo, que já o fez chorar num passado antigo,
Quando diante do frio e do medo, o homem o manipulou e afastou o perigo.
E enquanto Deus ardia em nome de Deus, se lembrou e pode ver.
O que foi, o que era e o que viria a ser.
E desta maneira percebeu, que aquela repressão,
Sofria por não ser cristão.
Pensou que um dia ainda há de se entender isto!
Pois em toda eternidade, nunca conhecera Jesus Cristo!



Nesse momento, o homem tinha praticado um paradoxo inquestionável
Tornado a maior e mais impressionante santidade, vulnerável.
Deus, o todo-poderoso, havia criado uma pedra tão pesada, que não pôde carregar,
E percebendo a prática do paradoxo renascida, desatou a chorar.
Pois junto a tudo que havia na composição do homem,
Do Carbono às angústias,
Havia uma alma que destruiria qualquer tentativa contrária
a ter uma vida arbitrária.


Mas essa liberdade, inevitavel e existencialista
ao homem corromperia

Pois Deus de si mesmo, este seria.
Mesmo que poucos tivessem acesso a tal epifania...


Deste episódio, o que restaria era um mundo de acasos.
Sem mediador nem perdão aos que pagam fora dos prazos.
Mas também de liberdades incríveis, do íntimo e individual,
Fazendo do homem, superior a si mesmo, e portanto intelectual.


Deus, enxergando tudo, sofreu e sorriu,
Pois sem Ele, o homem bem prosseguiu.
Exploração, em seu tempo de santidade,
Nunca foi uma grande novidade.
E fora isso, o que via de perigoso para o homem,
Nem eu, nem você saberemos, enquanto não irmos de ser a não-ser.


Mas quando Deus menos percebeu, seu pulso cessou,
Pois essa sequência de visões e recordações.
Foi uma epifania de pouca duração, traduzida em diversas emoções.
E assim sendo, o ser humano, matara quem o criou.


Em todo tempo de seu mandato
Deus ao homem havia se dedicado
E por isso que nem no momento mais delicado
Pensou em criar um lugar para reverter o fato
De que o fim chega e para algum lugar se deveria ir...
Portanto de tanto a vida maravilhar, da morte esqueceu-se de intervir.

Por isso o fim dessa estória curta
Há uma verdade que não há quem discuta:
Deus não passou para nada além
Pó e carvão. Amém.


João Gabriel Souza Gois, 03/06/2011

quarta-feira, 11 de maio de 2011

O Devaneio.

Pouco exótico, muito egoísta.
Crítico cético, pensador misticista.
Fraqueza aos montes.


Típica visão de mundo simplista.
Muda como o vento mesmo que persista
no dizer de antes.


Repertório razo como os cabelos
serão um dia, mesmo que sem sabedoria.
Feliz pessimista.


Vêm prantos sem motivos para tê-los.
Tentando torturar-te com tal fantasia
de mente capitalista.


Demente configuração de vida
resumida em produtividade e ciência.
Fim da sinfonia.


Liberdade de chorar a ferida?
De negar capacidade e eficiência?
Triste epifania.

O que sou não passa dos limites do Eu.

E limites são sólidos e concretos.
Mas não será por esses e outros decretos,
Que deixarei de poder transceder de mim rumo 
Ao outro, ao novo e à felicidade sem prumo,
Sem as paralelas ou os ângulos retos. 
Com pouca medida e muito afeto. 
Gozando de tudo, sem pensar no que morreu.


Saciando através de mim
todo o mundo.
Criando trabalho e amor,
num segundo.


Produzindo para nós todos,
mais riqueza.
Riqueza de ser, respirar
com agudeza.


Longe da de caça e presa,
sem outrem.
Valorizando indivíduos.
Amor, vem?


Construiremos uma nova realidade
que valorize cada particularidade.
E crie um todo perfeito e inabalável.
Um amor total, ideal e interminável.


Para que nessa comunidade harmônica,
Haja espaço pr'um amor de qualquer maneira:
da aristotélica à platônica,
da descontínua até a inteira.


Abro meus olhos, 
Tiro pestana.
Abro a persiana,
Volto ao mundo.

João Gabriel Souza Gois, 11/05/2011.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Síndrome de Cebolinha.

Reação ao ver Sarney assumindo a presidência do Senado,
Geraldo Alckmin assumindo o Governo em SP e o partido PSD sendo criado
.
     Ultimamente, refletindo e baseando-me nos fatos - ou quase fatos - com os quais me deparo, percebi uma patologia que devo estar sofrendo há pouco. Essa doença a qual me refiro, eu mesmo analisei e descobri seus sintomas e demais características... A denominei Síndrome de Cebolinha - baseado no personagem dos quadrinhos brasileiros - justamente pelo fato de sua principal característica se assemelhar com a da personagem. Trocar as Letras. Diferentemente do ilustre Cebolinha, que troca 'R' por 'L', troco o 'S' pelo 'M', e ainda pratico elipse com algumas letras... Apesar das divergências fonéticas de tais letras, elas trazem um motivo especial para tal.

     A maioria das repúblicas democráticas mundiais apresentam diversas maneiras internas e exclusivas de organização política. No Estados Unidos da América o que vigora é o bipartidarismo - por exemplo - enquanto no Brasil é o pluripartidarismo. Entre outras diferenças nas bases republicanas - ou nem tanto -, estruturais e políticas destes Estados, cada um apresenta - de acordo com as decisões tomadas, a história vivida e a constituição vigente - suas próprias características. Não obstante as peculiaridades, todas as repúblicas democráticas - ou quase todas - apresentam vários grupos de interesse, diferente das organizações sindicais, do empresariado, das ONGs e de diversos outros grupos de forte influência. São grupos que estão imersos de maneira mais intensa na política, e que de fato chegam ao poder, organizados a partir de uma afinidade ideológica e política (maneira de conduzir a maquina do Estado; propostas de governo etc.), que são os partidos políticos.

    A política não é um campo muito simples de se investigar e apesar de cada vez mais me interessar, me faltam pré-requisitos científicos para compreensão total de diversas diretrizes e ramos desta... Porém é simples perceber como existem máximas absurdas, românticas ou publicitárias demais, principalmente nos meios de comunicações "mais finos" como as revistas de madame ou o extremo oposto como os jornais mais radicais sindicais.

Antonio Ermirio de Moraes passeando nos fins-de-semana.
    Em um país como o Brasil, onde há uma elite - herdeira dos escravocratas - sólida e estável  que detém quase todo o luxo e poder político (me lembra até a nobreza dos períodos absolutistas) que é beneficiada pelo Estado de diversas maneiras (principalmente pelas vertentes mais ortodoxas do mercado financeiro), e que não participa quase que integralmente da distribuição de renda (a grande maioria da distribuição de renda para as classes mais baixas tem como fonte a perda de poder aquisitivo da classe média) não é difícil de se imaginar como se portariam os partidos. Não obstante os pontos positivos do pluripartidarimo - como partidos de ideologia mais sólida e menos dissidências internas - essas condições culturais há pouco mencionadas acabam tornando possível a existência de partidos sem caráter ideológico, sem propostas fundamentais de governo, com o único intuito de garfar salários parlamentares e receber mais tempo durante os horários políticos para integrarem uma coligação, que no fim, representará o mesmo candidato aos cargos hierarquicamente superiores. Apresento-lhes os bons e velhos oportunistas.

Sigla mais condizente com a realidade do PMDB.
   O partido que perdeu, pouco tempo depois de surgir - se é que em algum momento a teve - alguma vertente ideológica, é o claramente governista PMDB do capitão donatário nosso presidente do Senado, José Sarney. O apoio exacerbado ao PSDB no seu tempo de glória, com o príncipe da nova ordem dos sociólogos - do plano Real mas também do PIB medíocre - FHC, e em seguida seu apoio ao PT, principalmente durante a reeleição de Lula - com a popularidade do ex-operário e ex-radical no topo nunca imaginado - é só um dos exemplos, entre inúmeras ações - das mais descaradas e das mais minuciosas - integralmente governistas.

  O Partido dos Trabalhadores, porém, surgiu com uma força extremamente radical, criticando o capital estrangeiro, o baixo salário mínimo, as políticas neoliberais que eram tomadas naquela época - enfraquecendo ainda mais as já ruim-das-pernas instituições públicas brasileiras -, a exploração exacerbada da burguesia sobre o proletariado e o conservadorismo intrínseco num país Católico e portanto preconceituoso, não republicano e principalmente alienado. Esse 'feromônio' esquerdista assustou o - politicamente castrado - empresariado da época que apelou para a mídia conservadora, criando um Herói nacional (para apagar a praga sindical, mal-cheirosa e 'sem modos') que seria impeachmado dois anos mais tarde. Porém, após assumir o poder, o Partido dos Trabalhadores mudou sua postura - isso se deveu também às outras tentativas à presidencia por Lula, que fracassaram, após o 'Herói da Globo' Collor - de extrema esquerda para centro-esquerda. As políticas sociais foram auxiliadas por uma gestão econômica que agradou - principalmente no mercado financeiro - boa parte do Empresariado, antes assustado, agora podendo dizer 'Ufa!'. Em um país pluripartidarista, o que se esperaria dos ainda radicais de esquerda que restavam no partido? Dos integrantes do partido, defensores de uma economia mais protegida? Dos fervorosos ideológicos que abominavam uma economia ortodoxa? Da vertente Socialista do Partido dos Trabalhadores que - por uma questão lógica - provavelmente não gostavam de uma política econômica que agradasse o empresariado? Dos ambientalistas liberais e publicitários que não se incorporavam, ou se aproveitavam da força dos "PVs" pelo mundo, para criar outra força política? A conclusão mais simples, lógica e que de fato representa o ocorrido é de que formassem outros partidos ou então de que fossem expulsos do 'novo' PT... E de onde será que veio o PV, PSOL, PCO, PSTU e etc.? São todos abortos de um PT radical que já não está entre nós, e que após assumir o governo, mudou traços ideológicos e propostas, e que portanto se descaracterizava com estes grupos... Não faria sentido, pela própria definição jurídica de partido político, todos esses feixes políticos continuarem como um só partido. Apesar de existir oportunistas enraizados nas estruturas do PT, é perceptível que a conveniência que levou à uma gestão mais branda e menos radical foi uma questão política, de conciliação e negociação com setores da sociedade, e mesmo mantendo as base da economia a mesma, conseguiu, em termos efetivos, deixar seu traço de preocupação social, sem prejudicar financeiramente o Estado(que aliás melhorou, e conseguiu se livrar da posição de "vassalo" do FMI) - o que faria um neoliberal se coçar para entender.
O antes(Socialista) e o depois(centro-esquerda) do Partido dos Trabalhadores.

O antes (social-democrata) e o depois (conservador) - totalmente antagônico ao
liberalismo político,  não-laico - do PSDB.
   Um dos maiores partidos políticos do Brasil, que surgiu enraizado em uma proposta de centro-esquerda e cada vez mais vem se convertendo ao "Tea Party way of life" é o bom e velho Partido da Social-Democracia Brasileira. Seu intuito era ser moderno, alinhado com ideias liberais e possuir representantes de cunho esquedista visível, como líderes estudantis (José Serra) e sociólogos conceituados (FHC). Isso tudo parece piada perto do que se tornou o partido nos dias de hoje: apelando para o obscurantismo para ganhar mais umas merrecas na porcentagem de votos - com seu fiel escudeiro Silas Malafaia, durante a eleição presidencial de 2010 -, omitindo tensões internas e inquietações constantes - principalmente entre o senador Aécio Neves e o ex-governador de São Paulo, José Serra, que quase saem a tapa a todo momento para ver quem disputará cargos mais importantes nas eleições. Ganhar a eleição a todo custo, de maneira maquiavélica e imprudente, esquecendo o ideais da social-democracia e o racionalismo iluminista - progenitor dos sociais-democratas que vomitariam sangue ao ver temas religiosos atacando a pureza laica do Estado - e trazendo a questão do aborto de maneira equivocada, sem lhe tratar com a devida noção científica e lógica como um governo deve fazer, recheiando-a com moralidade cristã inadequada para a política democrática - se fosse adequada, chamaria-se teocrática e não democrática - e esquecendo dos índices que provariam a necessidade urgente da legalização do aborto, da distribuição de renda e de terras e de reformas de base em geral.

    Realmente, o pluripartidarismo abre espaço para governistas como o PMDB, mas já não reconheço, ou diferencio, o que é PMDB e PSDB... Agora, essa brecha deixada pelo pluripartidarismo permite também o surgimento de partidos como o novo PSD (a criação oportunista do PSD é clara, não tem definido nem se é oposição ou se apoia o governo logo em seu surgimento, demonstra a falta essencial ideológica do partido, sua criação antecedeu sua essência... E não é existencialista por isso, e sim oportunista) - mais claramente oportunista do que o PSDB, que se mostrou truculento por migalhas porcentuais. Muitos dizem que não faz sentido confundir, a diferença é explícita... Se essas pessoas estiverem certas, eu realmente preciso tratar essa Síndrome de Cebolinha. Isso está me fazendo ver demais e confundir as coisas... São caras-de-pau diferentes... E essa minha patologia me faz enxergar oportunistas, governistas e aproveitadores de situações problemáticas - como a falta de noção do brasileiro, que mistura religião com política, desconhece as ciências humanas e é ingênuo (não por culpa própria, mas por culpa de um sistema doente) - como coisas iguais. Entendo diferenças peculiares, mas meu senso racionalista, que compara quantitiva e qualitativamente, não consegue ver diferença no teor prejudicial dessa agressão à democracia e à república. Mas são coisas diferentes! Tenho que reconhecer que são. Estou doente e logo mais sararei - o tratamento e ver muita TV e parar de ler. Essa minha confusão é tão absurda! É quase tão absurda como confundir Jesus com Hórus... Chega de escrever! Vou ao médico! Pensar demais faz mal! Tchau!
O Depois e o Antes do Deus-Sol, que nasce 3 dias
após o Solstício de inverno europeu (quando o Sol 'morre' e aparece a noite longa).
Por isso a ressureição após 3 dias (25 de dez) da 'morte' do Sol (Jesus ou Hórus).

Penso em ti.

Delicadeza intocável.
Beleza fascinante.
Vontade incontrolável
do que se resume em um instante.


Não se prende a padrões,
interessa-se apenas.
Com uma inteligência
omitida pela ciência.
Linda, porém, em toda filosofia
e nos momentos em que sorria


Porque não sorri mais
e não existe de fato.
Na vida do fraco
só existe o contato
onde a vida não é capaz.


Existência não é duvidável
mas meu amor é inevitável.


Todo ele te ofereço,
insisto que mereço.


Amiga minha será sempre,
mesmo que apenas na mente.
Idolatro-te de longe,
Gargalhando contigo e em sincronia, do que intitulei:
A minha estupidez platônica.

João Gabriel Souza Gois, 24/03/2011

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Perdido; mas jamais em mim mesmo.

Mentes e pensamentos,
São tão independentes,
Nem tristes nem contentes.
São definidos por momentos.


Te mataria hoje,
faria um filho contigo amanhã.
Te quero agora,
Quero todos sempre.


O Singelo é formado por camadas complexas.
O complexo é formado por particularidades singelas.


Como suportar a alogia que não vem de mim?
Você tem outro!
Eu acuso, outro!
Outro pensamento, outra cultura,
Outros valores, outra compostura.


Mas o que pode ser humilhante para alguém?
Existiriam valores universais?


Creio que não, mas existem incoerências
nos excrementos e nos putrefados lixos
deixados a céu aberto.


Lixos que se proclamam com orgulho,
Sem nenhum intuito de serem escondidos.


Mas, o que é lixo?
Lixo é o que se considera resíduo.
Inútil, repugnante e afastado.
Eu sou lixo.
Mas estas atitudes,
Até para o pilar de inutilidade que sou
são nojentas.


Pois são formadas por pensamentos de alguém
que impôs uma linha de raciocínio,
E dentro desta mesma linha, entrou em declínio,
Ficando, sem perceber, aquém.


Difícil entender o singelo e o complexo,
As particularidades de cada sexo.
Se o que eu disse tem, ou não, nexo.


Mas fácil é perceber, os que estão perdidos
Em suas próprias convicções,
E têm uma vida presa em refrões,
Ignorando até os próprios sentidos.


Cego também sou, pois o certo é o incerto.
Mas no que me configurei e propus, estou perto.
Lógico que por isso, jamais serei mais esperto,


Serei apenas alguém contente,
Em ver, que o que julgo ser excremento
Se esforça a todo o momento,
A ser, para com meu julgamento, condizente.
Pois para mim, minha mente não mente.


João Gabriel Souza Gois, 04/04/2011

quarta-feira, 23 de março de 2011

Aproximadamente desapaixonado.

   Eu estava escrevendo um texto que não era uma poesia, mas me tomava muito tempo e resolvi continuar mais tarde... Por isso, para não deixar o mês de março vazio, postarei uma poesia que fiz há pouco.

Soneto do desapaixonado.

Um Impulso novo, único e Jovem.
Não visto na condição amorosa,
que insisto em dizer: é receiosa,
Omitindo todo o prazer do homem.


A negação se mostra dolorosa.
Como a fome daqueles que não comem;
Sofro o frio destes que na rua dormem.
Direção sem ardor; não desastrosa.


A mais racional prosa conhecida,
Que não muda nem desvia o seu rumo
E cada vez mais se vicia em fumo.


Tem apenas dois segundos de vida
O amor, que é peculiar, pela menina.
Platônico desvio: Oh, Nicotina!


João Gabriel Souza Gois, 17/03/2011

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A Mulher.

Para que a frequência das postagens não fique tão baixa, resolvi - sem textos novos na cabeça - postar uma poesia que escrevi faz um tempinho.


A Mulher.


Oh! Beleza exótica.
Independência atraente.
Vida não-metódica
Configurada para saciar o que se sente.


Diferentemente das outras, Gauche.
Marcada pelo excesso de maquiagem
E pelo vermelho que torna carnudo os lábios.
Anseios explícitos nos olhares sábios.


Estereótipo de menina errante
Que abusa dos homens e consome mulheres.
Mas como orgulhosa pelo sexo frágil,
Se mostra feminista petulante,
E como opositora a todos os alferes,
Os imita sendo rígida e ágil.


Mas sua rigidez não prega o conservadorismo,
Suas roupas exóticas demonstram a proposta.
Abusa da moda para alimentar o que a alma exige do egoísmo,
Mas é solidária com os que nunca receberam resposta.


Resposta do mundo e das individualidades.
Aqueles que são acusados de terem negado as oportunidades,
Que o mundo nunca deu, mas que insistem em dizer que sim,
Só pra justificar os parasitas que são, no fim.


Que fim é esse que dizem que se demora?
Para a diva da independência este pode ser agora,
O importante é que abusou do que todo moralista recusou,
E quando lhe ofereceram o milagre, ela negou.


Porque sofreu demais com seus anseios,
Só por consumir e também possuir seios.


Cristo, o milagroso, impôs estar errado,
E assim a deixou com destino fadado
A ser a escória e a marginalizada,
A nunca mais poder escolher nada.


Mas essa diva que aqui se apresenta ganhou muito mais,
do que estes que agem de má-fé, achando que pregam paz.
Ela tem no mundo o que ela quiser,
E mesmo que no subterrâneo, eterna seja sua dor,
Ela conseguiu, mesmo que por alguns segundos, o meu amor.
  























João Gabriel Souza Gois, 25/01/2010

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Pessimismo + Felicidade ≠ Incoerência.

     Depois de ouvir alguns comentários e reparar no modo como são dados conselhos por aí, cheguei a conclusão de que as pessoas geralmente têm interpretações errôneas do que é ser pessimista. Lógico que pessimista é o oposto de otimista, e portanto um pessimista é o que sempre pensa pela pior das possibilidades. Essa interpretação é aceitável, um tanto quanto precipitada mas acima de tudo a mais usual; pelo fato de ser a mais usual, faz com que a maioria esmagadora das pessoas usem o termo de maneira pejorativa, e achem que os pessimistas são pessoas tristes e que vivem por viver.

     Eu me considero um pessimista. Não do ponto de vista do modo de agir, nem de conversar... Apesar desse blog existir uma dedicação exclusiva a mim - não pretendo virar um blogger famoso, escrevo para me satisfazer e publico pra quem quiser ler - muitos amigos meus disseram não me reconhecer perante os textos, porque ou eles têm um enfoque puramente baseado na minha torpe mente (angústias e felicidades) ou têm como alvo apenas demonstrar um pensamento ou reflexão que provavelmente construí após ler, tomar banho, discutir com os amigos, ou apenas refletir sozinho. Esse pessimismo que abordo, é do ponto de vista filosófico e portanto não tem necessariamente que ver com meu comportamento - eu não sou um chatolóide que fica falando difícil o tempo todo, pelo contrário, sou um dos maiores adeptos das gírias, e todos me conhecem pelo meu bom humor e excesso de animação (muito irritante, em muitos casos). O pessimismo, nesse caso, advém do fato de seguir, concordar, admirar e principalmente reproduzir os pensamentos pessimistas. O fato de não crer em destino, em vida após a morte, em razão de existência humana, missão, propósito da vida e etc. já se pode levar à triste conclusão de que a vida é indomável, finita, rápida e desnecessária (se não há nenhum propósito) e no começo, quando tais reflexões começaram a fazer sentido a mim, eu me entristeci.

     Sofri angústias por perceber que esperança é a unica maneira de se alimentar a vontade de viver, e por isso comecei a perceber (ou forçar) padrões na vida e definí-los - de maneira interessante porém infantil - para 'esperançar' esse anseio que é viver. Não há um Deus possível, provável ou que possa fazer algo objetivo e literal (e não simbólico e demente), não consigo praticar a má-fé existencialista(em termos gerais, evidentemente), não consigo deixar de concordar com os acasos de Nietzsche, não consigo deixar de duvidar de tudo como Descartes, mas tenho um lema - talvez pouco justificado e meramente postulado - de que o equilíbrio é o ideal inalcançável, porém carente de culto e busca (nunca se atingirá, mas criar métodos, e técnicas para alcançá-lo é a unica maneira de eficiência).

     No final criei uma esperança, baseada tanto nessa necessidade de equilíbrio que sei que é insuprível, quanto na criação de padrões para me apoiar e não me deixar desabar. Porém isso não muda o fato de que, cultivando essa verdade pessoal - a uso para não enlouquecer e manter algo possivelmente mais equilibrado - acabei por concluir tudo de maneira pessimista. Nascemos pra morrer, e quando morremos apodrecemos e ponto. As situações, constelações e coincidências são definidas pelo acaso, pela possibilidade e pela probabilidade. O tempo nunca existiu, e observar as mudanças de um objeto, pelos fenômenos que ele sofre, estabelecendo um antes e depois, levou o homem a criar um conceito válido para medir mas não para definir situações, e depois de intrinsecá-lo em sua mente por todas as culturas e etnias durante anos, acabou por tratá-lo como verdade absoluta e tentar explicar um início ao universo, algo que nunca - para mim - existiu. Não cultuo essas ideias: em verdade as acho improváveis... As verdades que busco são muito menos abrangentes e menos exageradas, e quanto a questões extremamente complexas e - convenhamos - infinitas, tenho apenas opiniões nuas, sem considerar nada que o romantismo pode trazer - não que eu seja contra o romantismo, aliás o aprecio nas relações humanas e devo muito a ele pela arte que sua influência criou; apenas não o enxergo em questões maiores - não há porque haver um propósito em super novas, buracos negros e relações de movimento entre astros, são fenômenos, assim como a vida e a morte. Essa conclusão, se pensarmos com eficiência, leva a destruir qualquer superstição, culto, religião, mito, ritual e também a ideia de sorte e azar... Levando isso a sério e trazendo pra si tais conclusões é possível ver como o chão sofre um abalo, a angústia ganha força e o fato de não existir esperança nem possível influência externa é por si só, pessimista.

     O interessante é que trazer essas conclusões, e arquivá-las como improváveis, nos leva a ser serenos e focarmos em como trazer discussões abrangentes para coisas mais imediatas da vida, como a vida social, a política, as opiniões sobre diversos assuntos e as maneiras de se conduzir dissertações. Apesar de tudo isso, se levarmos em conta que o acaso pode ser prazeroso - mesmo sem seguir um padrão (como a senóide, que já havia mencionado em outros posts) - do ponto de vista carnal, essencial e humano. Conduzir questões superficiais do dia-a-dia sem botar em prova seu pensamento (justamente por pensá-lo por pensar, e não em crer ou ter fé exacerbada e absoluta, que é extremamente desnecessário) e usá-lo justamente quando convém, faz crescer dentro de si, uma espécie de poder, meramente supérfluo e ingênuo, mas agradável e portanto estimluante (digno de receber o nome de felicidade). O pessimismo me fez sentir esclarecido de uma maneira que os cultos e outras coisas que simplesmente eram absurdas pra mim não conseguiram. Essa segurança, mesmo partindo da incerteza, me faz, apesar de desesperançoso, não temente a nada... Nem ao inferno, nem às pessoas. Eu sou muito mais livre, muito mais pronto para ser humano e não sou superior por isso, simplesmente sou muito mais feliz que os otimistas, que acabam se decepcionando quase que sempre, alimentando esperanças irrelevantes, cheias de alogias e condutoras de alienação e opressão.



Nietzsche (fazendo sexo): O pessimista  brincalhão (apenas nessa imagem, evidentemente).

domingo, 16 de janeiro de 2011

Maniqueísmo: o verdadeiro Lúcifer.

                  "O existencialismo é um humanismo !"
  
      É difícil perceber o quanto a reflexão existencialista faz parte de nós. A lógica de hoje, como diria Mustaine do Megadeth, a lógica do "Novus Ordo Seclorum", reduz a inteligência ao fato de ser rico, de estar no topo da piramide. Não que isso seja exclusividade da Nova Ordem Mundial, mas existem limites quando se trata de decisões, tanto econômicas quanto sociais, para qualquer segmento ideológico. O limite do Neoliberalismo já devia estar explícito à nós, desde 2008. Enquanto eles não percebem que o fato do mercado financeiro inchar a economia americana, alguns brasileiros ainda defendem o não-desenvolvimentismo e choram pela saída de Henrique Meirelles.

Jean-Paul Sartre.
    Isso é diferente de supor que os neoliberais são pobres em sua filosofia, e maior que tudo isso é o fanatismo (vide a eleição do ódio que ocorreu no Brasil, levando até ao preconceito mais 'a la Hitler' contra o povo nordestino) que alimenta a obstinação de seus seguidores, talvez cegos como os coitados dos oprimidos por uma figura poderosa que pode fazer de tudo e obriga que se siga uma regra, impõe uma moral, e uma escritura certa, mesmo que as linhas sejam tortas (não se esqueçam que as linhas tortas foram feitas também por 'Ele'). Isso para os existencialistas era a considerada má-fé, apontar a culpa para o não uso de sua liberdade em alguma situação externa, como por exemplo um ser divino. Não que não existam fatores que tenham alguma espécie de influência em nossas decisões, o próprio Sartre (um dos filósofos existencialistas) se tornou ativista político Marxista, e o Marxismo, como sabemos defende, assim como aprendemos nas aulas de história hoje em dia, que o modo de produção (a organização socio-econômica) da época e do local, influi na cultura de determinada população. Hoje isso é muito claro, eu diria até que provado 'experimentalmente'; basta prestarmos atenção nas décadas e nos pensamentos de avós, depois de pais e agora o dos filhos  (a inovação tecnológica adapta cada vez mais o modo de produção, por isso já existiu, só no capitalismo, o industrial, o comercial e hoje o - famoso - financeiro) ...

      De qualquer maneira, a filosofia existencialista é realmente difícil de ser compreendida, ela propõe que o ser humano é o guia de suas ações, e tem liberdade para fazer escolhas, diferentemente do que muitos pensam, não 'prega' a 'desordem', ela apenas mostra que o ser humano existe antes de ter uma essência (a existência precede a essência)... Tudo que não é o ser humano recebe um rótulo, como se descrevesse um movimento, chamado "Em-si", ou seja, uma cadeira , um guarda-roupa, esses só existem porque sua essência foi pré-definida: sentar, armazenar trapos. Já o ser humano realiza o 'movimento' "Para-si" onde primeiro existe e depois constrói sua essência, logo nada pode definir um modelo, não existe uma missão pré-definida, um destino construído, e aplicar tais argumentos para justificar o não uso de tal liberdade de escolha (pois até a escolha de não agir é uma escolha) é a considerada má-fé.

José Saramago.
    Apesar de parecer fora de contexto, um trecho do livro "As intermitências da morte" (José Saramago) deixa bem claro o resumo da idéia oferecida. O trecho se trata de um momento em que o autor apenas faz uma comparação, uma espécie de analogia que exprime a idéia de que o responsável pela maldade ou pelo sofrimento dos humanos é seu próprio criador... "(...) desde que, por exclusiva culpa de deus, caim matou abel.(...)" Ou seja, querendo ou não, pela ótica existencialista, o que Saramago escreveu demonstra má-fé sob os argumentos divinos, posto que para ele uma passagem da Bíblia culpou alguém, que seu próprio deus influiu a agir.

John Maynard Keynes
     Assim como o deus repressor do universo, o deus cristão, age de má-fé quando coloca a maçã para nos tentar e também implantou em nossos sentimentos a inveja, para que no final acabassemos por fazer tudo que ele não queria (que fique claro que o criador da inveja, segundo a bíblia, é o próprio deus, visto que Lúcifer, só virou o "coisa-ruim" por possuir tal sentimento) e ainda nos punisse por isso, os EUA é o próprio condutor de sua crise, com a sua esquerda pouco ativa (morna) mais antagônica a uma real mudança ou estruturação do sistema econômico do que qualquer esquerda vigente. Apesar do Tea Party ser um problema maior (em uma ótica progressista), os próprios democratas são cegados, e não enxergam um velho colega chamado Keynes, pura e simplesmente pelo fato de desde 1991 a regra, o postulado, a verdade-absoluta-econômica ter se tornado o neoliberalismo (como já vimos, a "maledêta" da má-fé, que nos faz deixar de agir em prol de um "postulado"). Mais fanáticos do que qualquer Absolutista, Liberal ou Comunista já foi, os Reis da nova ordem tentam manter a idéia que lhes serviu por um periodo de condições externas favoráveis e se esquecem de além de estar quebrando mais do que qualquer "demônio keynesiano" a sua própria estrutura política e econômica que hoje representa uma moeda de baixo valor e um índice de desemprego desesperador, estão quebrando países "amigos"(eu os chamaria de pau-mandado) como a Irlanda. 

        A antiga mania do ser humano de simplificar teorias, de maniqueisar teóricos, de impor postulados baseados em referenciais convenientes. Por exemplo, muitas pessoas não entendem que o Liberalismo surgiu para contrapor o Absolutismo, portanto a idéia de liberdade econômica e liberdade política eram totalmente saudáveis naquele contexto, já que a monarquia absolutista torrava milhões e intervia na economia de maneira a converter os ganhos para acúmulo de ouro e prata (metalismo). A intervenção naquela época tinha um intuito de encher os bolsos da Coroa e os ideais liberais que só ganharam força após a revolução francesa e a ascensão da burguesia, com o iluminismo, foram com certeza um marco e um grande ganho para a humanidade. Esse período se foi, é parte da história agora, existem mais situações após essa que devem nos fazer reconfigurar o pensamento... E lá vamos nós: Depois disso a burguesia ascendeu e novamente alguém fica no topo... A partir disso a super-exploração impera, e os próprios socias-democratas começam a contradizer alguns de seus ideais. Essa é a realidade de hoje; existem corporações que cresceram e atualmente estão acima até de muitos governos, que com base na festa das privatizações provocadas por diversos Estados acabaram por se tornar monopólios disfarçados... Mas pera aí? O monopólio absolutista não era exatamente o que o Liberalismo queria quebrar? Como o Neoliberalismo cria um novo modelo de monopólio? Pois aí que está a contradição. Não quero postulá-los como errados, e ganhar com esse argumento decifrando e provando por a+b que estão incoerentes... Mas a verdade é que o que antes era um Estado que convertia através do Absolutismo e do Mercantilismo todos os ganhos para si, hoje são corporações que fazem o mesmo com o neoliberalismo e a "boiada" que o mercado financeiro recebe de governos alinhados com a nova ordem mundial. Os que querem uma mudança real na questão social, e no bom desenvolvimento de orgãos públicos, precisam entender onde está o equilíbrio; se é verdade que a iniciativa privada é mais eficiente e serve para suprir as necessidades imediatas de infra-estrutura e de indústrias lucrativas, ao mesmo tempo, sua lógica de lucro, intrínseca na filosofia vigente, não faz sentido em setores de intuito social, como colégios, hospitais, universidades e etc. também não faz sentido com demais indústrias de base como matrizes energéticas, mineradoras, siderúrgicas e etc. Do ponto de vista econômico, não faz sentido vender uma empresa por um valor igual ao seu lucro mensal... Isso nunca aconteceria se não existisse o absurdo de alinhamento ideológico a todo custo, como aconteceu com a nossa querida Vale do Rio Doce durante o governo FHC.

       Não existe maneira mais clássica para isso, e eu, como estudande e pouco conhecedor dos mistérios da escrita, terei de usá-la... Óh ! Lá vai:
       Contudo, podemos concluir que, no mundo existem diversas ideologias, filosofias, religiões e esterótipos, e se hoje seguimos algum, temos que buscar o mínimo da lógica e usar os demais a nosso favor... E não excluí-los. Qualquer estudante de economia leu "O Príncipe" de Maquiavel, e apesar de hoje o mundo não ser Absolutista, entender aquela reflexão é útil para construir coerência econômica e social. O extremo só foi visto em crises absurdas, em situações que o exigiam pelo fato das paixões e do "estômago" humano estarem danificados de tal maneira que o milagre era a solução. O radicalismo prega o milagre, reduz uma estratégia economica a uma ação, diminui um acordo político a um argumento, e apesar de entender muito bem e até defender setores da sociedade que são mais radicais em vários aspectos, eu sei que através da política estes nunca conseguirão nada (o radicalismo foi o que levou à ascensão do fascismo e do nazi-fascismo, por exemplo). A forma mais clara de intuir essa conclusão aqui proposta, é que a Igreja, por exemplo, que impôs muitas coisas e faz parte da nossa história, pode ser mal interpretada por uma filosofia específica, bem interpretada por outra... O ideal é enxugar todos os excessos possíveis, agir com coerência e partir de todas as condições que disponibilizamos para usar a nosso favor tudo que já foi escrito na história. Se o povo americano é extremamente despreparado para receber tal mudança, o Brasil também o foi quando Lula entrou. Para um país como o Brasil que possui uma economia crescente e que está incluso no rol das grandes economias promissoras, o ideal não é seguir o Existencialismo, o Comunismo, o Absolutismo, o Liberalismo, o Neoliberalismo ou qualquer outro modo de produção, postulado ideológico ou filosofia muito mais antiga, seja ela pré-socrática, medieval, moderna ou até mesmo contemporânea... O ideal é seguir os índices, e conciliar os conhecimentos, envolvendo coerência em manobras políticas, decisões sagazes quanto ao uso do capital privado e noção científica para a organização de uma restruturação em qualquer indústria de base, além de, com foco exclusivo, trabalhar para organizar o aumento de consumo de modo que esse não gere problemas a longo prazo, como por exemplo o excesso de automóveis... Uma noção mais abrangente, para construir ferrovias e aliviar rodovias, para estimular o transporte público sem acordos absurdos nem ônibus que mais parecem vans de tráfico humano e se dão ao luxo de cobrar 3 reais. Sim, isso parece o ideal e impossível, mas se pensarmos que no mundo atual existem tecnologias absurdamente fantásticas das quais não imaginaríamos, a coerência científica nos conduzirá a isso (não que seja a verdade absoluta, mas os fenômenos sociais também podem se aprimorar com ciências humanas, assim como as tecnologias se aprimoraram com as exatas).

     O planejamento tão objetivo e bem construído ainda não existe, mas já é possível ver uma melhora e um crescimento partindo da riqueza na base da piramide, já é possível ver a expansão e o bom uso do capital privado sem influências negativas (como a capitalização da Petrobrás por exemplo) e que fique bem claro que isso não é um panfletismo do PT ! É verdade que é totalmente compactual e a favor do partido, mas isso existe atualmente; em algum momento é possível que essa coerência se termine, e se o apoio continuar, os textos escritos neste blog seriam em vão, já que a crítica desde o início foi para o exagerado ideológico. O PT pode seguir o desenvolvimentismo, ou pode virar um governista cara-de-pau, isso depende do rumo que vamos tomar a partir de agora.

     Independentemente da política ou outro tema em que as filosofias, as reflexões e as ciências se insiram, o que sempre superficializa a compreensão de tais questões é o maniqueísmo: o bem e o mal não estão definidos. E nas campanhas, e nas evangelizações, e nas bandidagens que por aí estão, esse conceito é absurdamente abusado; por exemplo, se você for um existencialista o mal são os outros, se for a igreja, o mal é tudo que não se alinha com seu pensamento, se for o liberalismo o mal é o monarca (bem diferente de Keynes, ok?) interventor. Se conseguirmos, algum dia criar essa consciência (de que existem situações mais pertinentes do que o 'bem e o 'mal'), além dos preconceitos e birras, aí sim estaremos no 'fim da história'. O fim da história não é necessariamente o proposto por Marx (Comunismo)... O fim da história não foi 1991 (A nova ordem) e para os mais supersticiosos e com interpretações mais imediatas do que 'é o fim da história' também posso garantir que não será 2012. Assim sabemos que qualquer questão tem de ser avaliada, de maneira mais ampla do que certo e errado, e que os referenciais diversos servem para enriquecer as análises e as interpretações; progredindo sempre.

     Para terminar eu gostaria de citar uma frase de um escritor famoso, Franz Kafka, que trata muito bem dessa noção de verdade, a qual as pessoas acabam por cultuar em excesso e no fim tratar com maniqueísmo quase todas as situações existentes, seja religiosa, filosófica ou ideológica. Lá vai :

Franz Kafka


           "A verdade é tudo aquilo que o homem precisa para viver, não pode ganhar nem comprar dos outros. Todo homem deve produzí-la sempre no seu íntimo, se não ele se arruína. Viver sem a verdade é impossível, mas não exagere o culto da verdade. Não há um único homem no mundo, que não tenha mentido muitas vezes e com razão." Franz Kafka.