Se de ontem partir,
onde era parte mar,
parte rio - saciando a sede,
se encontra energia além dos olhos.
Sede do repartir,
onde ande o espírito ao coletivo,
mas livre também para não socializar a brutalidade.
Vejo em mim reflexos conscientes
de ânimos dissidentes com os vários conceitos de verdade.
Vejo no ideal impossível e translucido à mente
a vaga e vã ideia de estabilidade.
Se de onde parti,
comecei, independentemente do absoluto,
com relativos e proporcionais setenta porcento d'água...
E não é a toa que há sal na lágrima e no suor
nem sede de doçura no rio-tempo ao meu redor.
Deixe a subversão suspender a normativa,
ponha em amor Oxum e Jurema,
e verá que não há em viciados e humanos emblemas
o que as árvores carregam de poesia sem poema.
E as árvores que nos permitem ar e beleza,
raíz e comida na mesa,
só crescem com... Água.
A Lua balança a maré
que afoga o bêbado.
O bêbado chora salgado
e dilui a lágrima na doce saliva querente.
Um filho da cultura mais antiga e imponente:
Dionísio Zagreu, espalhado e ridente.
O líquido é nossa forma
e a distância entre as Águas de Março
e a Água de Beber
não podem preceder
o disforme - apesar de diferente - em comum.
Nossos diferentes conteúdos
não mudam nossa comum desforma...
Só precisamos nos entender de uma vez,
para fazer do Amor o canal sem cano
e transformar a humanidade em um embriagante e salobro oceano.
O uno intermédio entre mim e tu,
Saravá! Axé! Ubuntu!
João Gabriel Souza Gois, 27 de agosto de 2013
OBS: Não postei quando escrevi e não me lembro muito bem o motivo, mas em meio a umas ultimas reflexões e escritos, é um poema bem conveniente e que, apesar de meu, gosto muito.
segunda-feira, 23 de setembro de 2013
sexta-feira, 20 de setembro de 2013
À filha do mundo
Ando meio atrasado com o que não ligo,
mas ainda assim vejo no aleatório um descompasso comigo,
e, o que sempre me fez lento, calmo, reflexivo,
me deixou a parte, leso, diminutivo.
O que será que há no espírito
que mesmo quando se sabendo organizado,
rasurando e mensurando cada significado,
ainda insiste no que sabe que não o alimenta?
É assim, que mesmo acelerada a mente,
as palavras saem lentas,
pois a legitimidade do que se diz,
não concorda com o direito de imaginar no que se pensa.
Há, no fundo de tudo, uma cabeça densa,
que flui menos categoricamente,
quando os cantos, discursos e o entorno do ambiente,
confluem numa convivência mais calorosa e menos tensa.
A pós modernidade, e seu camelo querendo ser leão.
A foz irreconhecível da infalivelmente errônea especulação.
Atroz rimas de covarde, que já se sentindo com a devida benção
ainda se topa, no meio das pedras do caminho e dos paus esculpidos
em forma de cara (nos rostos vizinhos) com a auto-depreciação.
Se diminui, não necessariamente por opção,
mas enfim, não quer ser Deus,
quer conhecimento por sua natureza,
quer sorrisos, para fluir sem medo na correnteza,
quer menos jaulas da civilização e mais carícia às tigresas,
mas a antropocêntrica mania de frear, com a Moral-represa,
o rio lindo dos encontros e desencontros da humanidade
me fazem voltar a mim culpa, veneno dos fracos, e não responsabilidade.
Saibam que daqui, com minha pequena canoa chamada individualidade,
já observei vários cenários da vida agitada de mar em instabilidade,
e só absorvo tanto da metáfora da maritimidade,
quando não consigo diferenciar o refúgio lírico de uma tempestade.
Mais que espelho, crio vozes que em mim ainda estavam retidas,
e, em meio às imagens e significações, lembro de trechos da vida,
sempre permeio, nas vertiginosas e embriagadas neblinas,
um momento cinza, e mais tarde, um de "Terra a vista" (cheia de árvores floridas).
E quando me topo, como ser do Tempo, mas também como Eu.
Quando me reconheço em uma dupla ontologia de Ser e Devir.
Quando extraio o que posso de Nietzsche, mas também de Hegel,
de Sartre e de Schopenhauer,
ainda assim, em meio as meras e pequenas banalidades,
me engano com uma necessidade,
e fico à deriva.
Nem se sabe mais se falo do Rio, do Mar, da Chuva ou dos Aquíferos.
Sou tão água, que não nacionalizo fonte, não classifico cientificamente seu tipo.
Sou tão não e ao mesmo tempo sim: um moderno líquido, pós moderno mórbido-vívido,
que nessas fúnebres ressacas de mar agitado,
e nas outras correntes de mudança de rio calmo e habitado,
percebo que o grande hiato entre mim e minha arte
na verdade só existe
pela velha concepção que persiste,
pois o vazio do ser materialista e historicamente egocentrado,
se revela entre ele e o próximo numa distância tão grande de mentes
e tão pequena de espaço,
que a cada passo no chão cinza,
minha alma que já viu cor,
se lembra apenas do que quis por
como prioridade,
e eu não sei se por meninice,
ou por desonestidade,
me agarro num galho das margens,
paro um pouco, olho as paisagens,
e derrubo um pouco de mim em palavras,
vejo nos poemas minhas pequenas larvas
e não consigo dissociar em palavras de distinção,
o viver, o criar, o pensar, o querer e a arte em ação.
É tudo tão eu!
Mas nada disso é meu.
Preencho minha individualidade,
mas presto serviço à humanidade.
Seja na canção alegre e salobra do ridente,
ou no alto-mar do olhar perdido do ainda vivo moribundo,
a arte sai de um ser e de um tempo presente,
e mal foi concebida, já é filha do mundo.
João Gabriel Souza Gois, 20 de setembro de 2013
mas ainda assim vejo no aleatório um descompasso comigo,
e, o que sempre me fez lento, calmo, reflexivo,
me deixou a parte, leso, diminutivo.
O que será que há no espírito
que mesmo quando se sabendo organizado,
rasurando e mensurando cada significado,
ainda insiste no que sabe que não o alimenta?
É assim, que mesmo acelerada a mente,
as palavras saem lentas,
pois a legitimidade do que se diz,
não concorda com o direito de imaginar no que se pensa.
Há, no fundo de tudo, uma cabeça densa,
que flui menos categoricamente,
quando os cantos, discursos e o entorno do ambiente,
confluem numa convivência mais calorosa e menos tensa.
A pós modernidade, e seu camelo querendo ser leão.
A foz irreconhecível da infalivelmente errônea especulação.
Atroz rimas de covarde, que já se sentindo com a devida benção
ainda se topa, no meio das pedras do caminho e dos paus esculpidos
em forma de cara (nos rostos vizinhos) com a auto-depreciação.
Se diminui, não necessariamente por opção,
mas enfim, não quer ser Deus,
quer conhecimento por sua natureza,
quer sorrisos, para fluir sem medo na correnteza,
quer menos jaulas da civilização e mais carícia às tigresas,
mas a antropocêntrica mania de frear, com a Moral-represa,
o rio lindo dos encontros e desencontros da humanidade
me fazem voltar a mim culpa, veneno dos fracos, e não responsabilidade.
Saibam que daqui, com minha pequena canoa chamada individualidade,
já observei vários cenários da vida agitada de mar em instabilidade,
e só absorvo tanto da metáfora da maritimidade,
quando não consigo diferenciar o refúgio lírico de uma tempestade.
Mais que espelho, crio vozes que em mim ainda estavam retidas,
e, em meio às imagens e significações, lembro de trechos da vida,
sempre permeio, nas vertiginosas e embriagadas neblinas,
um momento cinza, e mais tarde, um de "Terra a vista" (cheia de árvores floridas).
E quando me topo, como ser do Tempo, mas também como Eu.
Quando me reconheço em uma dupla ontologia de Ser e Devir.
Quando extraio o que posso de Nietzsche, mas também de Hegel,
de Sartre e de Schopenhauer,
ainda assim, em meio as meras e pequenas banalidades,
me engano com uma necessidade,
e fico à deriva.
Nem se sabe mais se falo do Rio, do Mar, da Chuva ou dos Aquíferos.
Sou tão água, que não nacionalizo fonte, não classifico cientificamente seu tipo.
Sou tão não e ao mesmo tempo sim: um moderno líquido, pós moderno mórbido-vívido,
que nessas fúnebres ressacas de mar agitado,
e nas outras correntes de mudança de rio calmo e habitado,
percebo que o grande hiato entre mim e minha arte
na verdade só existe
pela velha concepção que persiste,
pois o vazio do ser materialista e historicamente egocentrado,
se revela entre ele e o próximo numa distância tão grande de mentes
e tão pequena de espaço,
que a cada passo no chão cinza,
minha alma que já viu cor,
se lembra apenas do que quis por
como prioridade,
e eu não sei se por meninice,
ou por desonestidade,
me agarro num galho das margens,
paro um pouco, olho as paisagens,
e derrubo um pouco de mim em palavras,
vejo nos poemas minhas pequenas larvas
e não consigo dissociar em palavras de distinção,
o viver, o criar, o pensar, o querer e a arte em ação.
É tudo tão eu!
Mas nada disso é meu.
Preencho minha individualidade,
mas presto serviço à humanidade.
Seja na canção alegre e salobra do ridente,
ou no alto-mar do olhar perdido do ainda vivo moribundo,
a arte sai de um ser e de um tempo presente,
e mal foi concebida, já é filha do mundo.
João Gabriel Souza Gois, 20 de setembro de 2013
quarta-feira, 11 de setembro de 2013
O Astro-Ego visto pelo pequeno Eu, pela Objetiva.
Sempre vi o babaca que via o mundo correr
e que não conseguia esconder o que quer.
E ele se sustentou, pôs a faca na mão,
cortou o queijo, ficou em pé.
Não dependia mais das coisas só mundanas,
mas só se acabava entre sonhos românticos nas praias e savanas.
E nas coisas que tangenciam o mundo,
no abstrato e no metafísico, viu um fluxo impossível de ser estudado,
mas com o badalado espírito chacoalhado,
voltou ao chão, ignorou o fado,
e com o pé no chão, mais fortemente pressionado,
se recolheu no cérebro com a ideação estimulada por querer um saber apaixonado.
Assim, com o Devir tendo tantas cabeças de possibilidade,
e o Ser como o que influencia, pelas escolhas, na probabilidade,
se viu no fio da navalha e com pouca idade,
para sustentar que se sustentava em pé.
Mas se forçando a ser sólido como nada é,
bastou um pouco de paixão, perfume e calor de mulher,
para desaguar na modernidade líquida,
e perceber que a mocidade, apesar de vívida,
não norteia, com 'Télos', como queriam os otimistas,
nem bobeia na Vontade, como insistia o gênio pessimista,
mas escolhe, nesse fluxo interminável,
um momento lógico e outro amável,
e não vendo lógica nem amor na maldade cotidiana e implacável,
se perdeu na fuga embriagada e não na boemia embalada,
e sem perdão, noção, varinha de condão e fada,
os contos infanto-juvenis são vistos como uma péssima piada,
e olhando, sem saber o que dos outros está em si, e o que de si é o puro nada,
viu o auto-flagelo como saída para glorificar a mágoa.
Depois, mutilado e com os pedaços de si dispersos à jusante,
encontrou a fenomenológica e artística consciência transcendental,
e Husserl, em um pesadelo, lhe disse, com tom abissal:
'Volte a ter controle do corpo e da mente mas saiba no final,
que a consciência que é para si, é limitada ao nervo, ao sangue, ao tato e à intuição animal
e que o espírito é o ponto de intersecção entre os valores que nunca têm raiz só individual,
e ele se escapa, não no auto-flagelo,
mas sim quando, como bruto animal, sabes que está certo
[mas hesita, ano a ano, a destroçar em pedaços o Soldado Amarelo.'
O Soldado Amarelo que resta em si,
A Lei do prussiano super-ego,
A Punhalada no peito do Orgulho Macho-fétido,
que deixa um rio reprimido em represa,
pra conveniência do luxo de quem come sobremesa,
e faz do espírito do tempo e do tempo aquoso;
do intuito, experiência, libido e almoço,
da sede, do amor, da lágrima e da convivência:
Um bruto, incondicional e moralista pecado.
Ah, como é bom um amor recíproco e amado!
Livre e responsável,
de mão quente e afável,
intimidade, confusões e beijo molhado.
E que no encontro das almas,
se encontre coragem e calma,
para destruir o que resta de vírus do tempo:
O olhar longínquo, perdido
triste e reprimido
do destrutivo e gratuito desalento.
João Gabriel Souza Gois, 11 de setembro de 2013
e que não conseguia esconder o que quer.
E ele se sustentou, pôs a faca na mão,
cortou o queijo, ficou em pé.
Não dependia mais das coisas só mundanas,
mas só se acabava entre sonhos românticos nas praias e savanas.
E nas coisas que tangenciam o mundo,
no abstrato e no metafísico, viu um fluxo impossível de ser estudado,
mas com o badalado espírito chacoalhado,
voltou ao chão, ignorou o fado,
e com o pé no chão, mais fortemente pressionado,
se recolheu no cérebro com a ideação estimulada por querer um saber apaixonado.
Assim, com o Devir tendo tantas cabeças de possibilidade,
e o Ser como o que influencia, pelas escolhas, na probabilidade,
se viu no fio da navalha e com pouca idade,
para sustentar que se sustentava em pé.
Mas se forçando a ser sólido como nada é,
bastou um pouco de paixão, perfume e calor de mulher,
para desaguar na modernidade líquida,
e perceber que a mocidade, apesar de vívida,
não norteia, com 'Télos', como queriam os otimistas,
nem bobeia na Vontade, como insistia o gênio pessimista,
mas escolhe, nesse fluxo interminável,
um momento lógico e outro amável,
e não vendo lógica nem amor na maldade cotidiana e implacável,
se perdeu na fuga embriagada e não na boemia embalada,
e sem perdão, noção, varinha de condão e fada,
os contos infanto-juvenis são vistos como uma péssima piada,
e olhando, sem saber o que dos outros está em si, e o que de si é o puro nada,
viu o auto-flagelo como saída para glorificar a mágoa.
Depois, mutilado e com os pedaços de si dispersos à jusante,
encontrou a fenomenológica e artística consciência transcendental,
e Husserl, em um pesadelo, lhe disse, com tom abissal:
'Volte a ter controle do corpo e da mente mas saiba no final,
que a consciência que é para si, é limitada ao nervo, ao sangue, ao tato e à intuição animal
e que o espírito é o ponto de intersecção entre os valores que nunca têm raiz só individual,
e ele se escapa, não no auto-flagelo,
mas sim quando, como bruto animal, sabes que está certo
[mas hesita, ano a ano, a destroçar em pedaços o Soldado Amarelo.'
O Soldado Amarelo que resta em si,
A Lei do prussiano super-ego,
A Punhalada no peito do Orgulho Macho-fétido,
que deixa um rio reprimido em represa,
pra conveniência do luxo de quem come sobremesa,
e faz do espírito do tempo e do tempo aquoso;
do intuito, experiência, libido e almoço,
da sede, do amor, da lágrima e da convivência:
Um bruto, incondicional e moralista pecado.
Ah, como é bom um amor recíproco e amado!
Livre e responsável,
de mão quente e afável,
intimidade, confusões e beijo molhado.
E que no encontro das almas,
se encontre coragem e calma,
para destruir o que resta de vírus do tempo:
O olhar longínquo, perdido
triste e reprimido
do destrutivo e gratuito desalento.
João Gabriel Souza Gois, 11 de setembro de 2013
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