Venho só retratar, com um pouco de indignação, um tema um tanto quanto "clichê". Em situações anteriores, eu já havia comentado sobre a mídia (Veja) que possui uma parcialidade elitista (por isso a oposição "imparcialmente escancarada" ao governo dos "trabalhadores"), mas hoje, diferente de análises ou discussões, prentendo simplesmente apontar a ignorância e a falta de nexo nos comentários mais comuns de pessoas que possuem esse tipo de visão elitista e que fazem comentários neoliberais, se sentindo no ápice do conhecimento, enquanto não sabem como estão mofados de tão ultrapassados. O motivo pelo qual me fez fazer esse post foi maior do que a inquietação provocada por comentários típicos como "MST é tudo vagabundo" e "tem que 'trabalhá' e 'estudá', reforma agrária é pra preguiçoso" e - as mesmas pessoas - em paralelo a tais comentários, vivem reclamando da quantidade de nordestinos e pessoas de origem rural em São Paulo e toda a questão do aumento do êxodo rural (que está em crescimento no mundo todo. Estima-se que só na China, mais 200 milhões de cidadãos entrarão para o mercado de consumo nas próximas duas décadas) sem perceber que o problema é justamente a falta de emprego nessas regiões devido a má distribuição de terras (os latifúndios não permitem que propriedades familiares compitam com ele, e apesar de empregar, têm menos terras totalmente ocupadas e muita tecnologia que reduz o número de empregos). A indignação - que serviu de impulso - é de como os neoliberais se contradizem com os pais de sua filosofia.
Não me parece difícil perceber que o neoliberalismo (responsável pela inserção da cultura de massa por meio do imperialismo) advém(é filho) do liberalismo, que por sua vez é uma das características que compõem o Iluminismo (que possui traços sociais, morais, políticos e econômicos refletidos nos dias de hoje) o qual possue, imerso no meio de todos os seus pensadores, um em específico que eu queria comentar hoje, John Locke.
John Locke |
Locke, seguindo a perspectiva racionalista iluminista, teve como objeto de estudo a sociedade e a partir de seus estudos concluiu que todo homem tinha por natureza três direitos (que justificavam a existência do Estado, pois segundo ele, tais direitos deveriam ser garantidos pelo Estado). O primeiro direito era à vida, o segundo à liberdade e por ultimo a propriedade(cof... cof... reforma agrária??? Pois é, começa por aí...). Apesar das conclusões de Locke, sua análise teve lastro para uma visão burguesa da época e que segue totalmente a lógica capitalista de hoje em dia(não economicamente, mas ideologicamente). Porém começaram as crapulices; houveram milhares de justificativas "rearranjadas" para a escravidão que ainda existia neste período da história, entre outras manipulações - de seus próprios ideais- das metrópoles capitalistas para justificarem suas ações. E é justamente essas justificativa furada que fez o capitalismo perfeito, que dá oportunidade a todos que "trabalham e estudam"(incrível como o argumento é constante) criar também - na realidade do brasileiro - latifundios que impedem trabalhadores de competir, pobres dependentes do sistema público de educação e saúde(sistema que é pouco valorizado pelo neoliberalismo, defensor das privatizações) de estudar e viver além de que para sobreviver precisam se prender ao trabalho que os explora de maneira incessante e que é pouco valorizado.
Karl Marx |
Apesar de não duvidar da inteligência de Locke e de outros pensadores do iluminismo, o homem ganancioso e poderoso(atualmente o Burgues) sempre vai desvirtuar ou reconfigurar de maneira conveniente, qualquer idéia de grande impacto, assim como a Igreja Católica fez com os ideais de Cristo, a Mídia faz com os Fatos, Stalin fez com os ideais de Lenin e a Elite Capitalista vem fazendo desde o século XVIII.
Por isso ideais que mencionam uma "Ditadura do Proletariado" já foram considerados crime na sede do capitalismo (a falsa oportunidade à todos atenua o Proletariado - para que não se rebelem -, enquanto a Elite fica em paz). Pode se apostar que caso se consolidasse uma revolução desse tipo lá - ou em qualquer país que segue o mesmo modelo - essa elite que deturpa verdades e idéias ia ter que gritar desesperada: John! Lock the door. Here comes the poor!