sábado, 18 de setembro de 2010

Metamorfose Ambulante.

     Apesar de parecer extremamente clichê - quando se lê o título -, esse post na verdade é totalmente conveniente.
     Eu já passei por muitas - muitas mesmo - fases, no quisito opinião. Primeiro, quando comecei a cursar o E.M. achava que tudo era feliz, e adorava ser um bobão que estava começando a gostar de metal e deixando de gostar de Naruto, mas depois de um tempo comecei a estudar e fiquei absolutamente fascinado por Física, Matemática e História. Partindo disso, já no segundo ano, eu via como a Física explicava a verdade absoluta de maneira matemática e a História nos mostrava o quão ridículo o homem foi enquanto não conhecia essa verdade ou assumia outras verdades no lugar da que obviamente era a Absoluta, a Ciência.
     Já no fim do segundo ano, matérias como Geografia e Literatura começaram a ganhar meu gosto, pois mostravam problemas e processos que eu não percebia, ou pelo menos, não enxergava sua complexidade.
    Quando o terceiro ano começou, eu já estava certo de que ia prestar engenharia mecânica e estudar à fundo as estruturas e bases da verdade, porém, a partir de maio eu já havia assistido algumas aulas de Filosofia - que só começou no terceiro ano, em meu colégio - e comecei a me incomodar com muitas das minhas certezas em relação à "verdade absoluta", percebi que agia feito um religioso - que eu tanto criticava - em relação às ciências naturais e à matemática. Então surgiu a dúvida em relação a que carreira seguir e em que acreditar. 
     Depois disso me apaixonei cada vez mais pelas ciências humanas, mas além de tudo, queria ser útil; produzir conhecimento e não robôs ou válvulas, por isso acabei optando por prestar Economia.
     Mas fugindo da conversa fiada, o meu objetivo real era apresentar dois textos que escrevi, um quando era um adorador fanático da Ciência e outro de depois, quando me tornei um admirador mais moderado e menos alienado da realidade, que acha que apesar da utilidade da Matemática e da Física, elas não explicam tudo, nem a parte essencial, nem os seus próprios postulados e apesar de reconhecer sua grandiosidade - e ainda ser um grande admirador -, não quero mais assumi-las como a "verdade absoluta" para mim e ignorar outras coisas que não funcionam matematicamente, como toda a dinâmica que envolve os processos políticos, sociais e econômicos.




Primeiro, um texto em prosa que escrevi ainda nesse ano, por incrível que pareça:


Sobre a Verdade. 


Apollo
     Sentimentos exacerbados nunca justificam, amantes não tem voz para a razão, coerência é a lei, respeito é o valor. Calor ou frio, temperatura independe do ser; a crueldade da frieza assusta o tolo e o calor do sentimento o cegam. Absorvendo de grandes como Saramago vimos como há uma Formula de uma determinada "cegueira", para qualquer lugar e pessoas quaisquer, descrita por ele como Branca. Pois para mim ela é vermelha, ou melhor, infravermelha, pois é gerada pelo calor(sentimento), que cega.
     A racionalidade fria rega a semente razão - dois seres em um único corpo - que abusa da coerência para se consolidar em verdade.Verdade é sua causa final.
     É possível perceber então, que a coerência parte da razão e constrói a verdade. Seguindo tal raciocínio, descobrimos que sentimentos não são o oposto da razão e sim inferiores à ela, pois são puras reações despertadas de construções coerentes que por serem compostas de razão sobreposta à razão têm como intermédio a coerência, para se desdobrar em verdades. Essas verdades são a existência do sentimento. Obvio que não devemos ignorar o que a razão gera, por isso a existência de sentimento faz corpos ignorantes(seres vivos) interferirem ondulatória, elétrica, magnética e mecanicamente no universo e estas provocações, apesar de importantes, nunca deixarão de ser vassalas de quem as provocou.


            João Gabriel Souza Gois. 09/04/2010







Agora, um outro que é um poema baseado nessa minha angústia em relação à não ter mais todas as respostas e ter agora uma nova visão, que enxerga muito mais problemas do que a anterior e que não vê o fanatismo(tanto em relação à ciência quanto à religião) como solução. Lá vai :




Náusea Incalculável


Meu seno é maior que um,
Disso não duvide !
Meu zero como numerador dá mais do que nenhum,
E ele, como denominador, divide !


Vida mais amor,
Hipérbole e dor.


Submissão e Fé,
Elipse do que se quer.


Falsa identidade tem
Aquele que não crê em ninguém.
Supera o estado de demência,
Aquele que crê no que só prova a aparência.


Inexistente sensação de certeza,
Se apresenta sobre mim com uma demonstração na mesa.
Estúpido fiel se alucina,
Sem perceber que a ciência age em si como nicotina.


Confusão de sentimentos sem nenhuma estrutura,
Se apresentam nessa conjuntura, 
Resultado disso não é mais análogo do que uma angústia
Gerada por ciência e filosofia, que no escrever, me cura.

 João Gabriel Souza Gois. 25/08/2010



Pudou + Metamorfose Ambulante


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