sexta-feira, 18 de maio de 2012

Democracia incognitiva

Oh! Pragmatismo excessivo!
Porque me transforma num número?
Assim é como acontece, você diz,

E esquece a análise científica.
Não científica como a física seria:
Baseada no que acontece depois de certas premissas.
Mas a ciência sem premissa.
A ciência humana, que te faz olhar
Analisar e perceber o poder humano da palavra.

Dizem que não há controle do homem.
Pois é lógico que não,
E a tentativa de controle obsessivo

tranca crianças em condomínios,
trancam adultos a atividades funcionais não questionadas.



Me perguntam porque creio no homem!?
Porque em mais o que eu creria?
Em números?
Não se esqueça que números são mais uma ilusão da humanidade,

usada como uma linguagem para reconhecer a natureza dos sentidos.
Mas a natureza dos sentimentos exige contrapontos fortíssimos,

baseados em diversos debates, com as mais diversas referências.


Oh meu caro, não acredite em tudo que lhe dizem.
Se você crê que a condição humana
parte de necessidades infinitas e de recursos escassos.
Pense mais um pouco, e perceberá que essas necessidades não
são só consumíveis.

Uma legião de egocêntricos,

fazendo julgamento moral e pessoal a todo tempo.
Foi o que o calvinismo colocou na cultura clássica.

Agora a cultura clássica era muito mais produtiva nas necessidades do homem.
Porque ela contrapunha visões. Não era obsessiva por Descartes.

Obsessão que enfia números nas relações humanas,
e os faz crer que assim resolvem tudo.

Param de perceber outras externalidades que a longo prazo 
são excessivamente destrutivas.

Só filosofia salvará, porque ela mostra como é possível

se pensar de uma maneira dissociada da sua realidade.
Mas crescer onde existe necessidade de crença pode te deixar

obsessivo por suas conclusões.
Cuidado meu caro, homens certos foram os autoritários,
que funcionalizaram o mundo e quase me fizeram acreditar nisso.

A grande diferença é que hoje não se acredita mais no poder de Deus,

Nem no político,
nem no social,
nem opinativo,

nem artístico,
nem em todos os outros que fariam o homem compreensivo.
Só no econômico.



Ficamos todos parecidinhos e funcionais,
mas agora percebo que não foi do nada.

Temos que conservar o passado e entendê-lo

para não cairmos na pretensão de acharmos que podemos resolver tudo.
Mas não podemos ser obsessivos quanto a soluções,

pois transformaríamos o futuro em algo sólido, como o passado foi.
Tudo parece ter uma explicação

porque diversos humanos
e diversas perspectivas reforçaram isso.
Mas sensibilidade leva a perceber a funcionalidade sem sentido,

e o exaspero acaba sendo o maior inimigo.
Daí em diante é necessário um equilíbrio
entre ceticismo e pragmatismo.
Viver em um ambiente pragmático te faz acreditar

que não é humano, e por isso é ruim.
Pois não me inspiro nos clássicos por ser velho, conservado.
Me inspiro porque foi a cultura que mais valorizou perspectivas,

Mas não posso me considerar algo anormal ao presente,
pois perco todas as perspectivas que realmente importam,

que realmente me deixariam ver novamente, e com clareza,
A beleza que é ser humano, não só no sentido pragmático
(Ter carne, ossos e olhos)
Mas porque ele pode deixar obras para gerações futuras,
interagindo com a realidade,

mas não obras só no sentido pragmático.
(Prédios, Casas e Shoppings)
Obras artísticas, obras poéticas, obras históricas.
Vivemos num mundo de pressa, onde não enxergamos o longo prazo.
Mas só o longo prazo constrói o futuro.
Qualquer interpretação excessivamente pragmática

te leva a valorizar o trabalho funcional: Heil Hittler.
mas eu valorizo o trabalho humano.

João Gabriel Souza Gois, 18/05/2012

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Suspiro de esperança

O trabalho transforma a natureza.
A compreensão transforma o oceano interno.


Poesia como cura,
porque nela não existe pureza
e puramente não é concebida.


Nela, a realocação dos sentimentos humanos
Assume formas lógicas, com o abuso das palavras.
Nela se entende a diferença real
entre o apreendido
e o compreendido.

Bendito ceticismo que me fez consciente
que o maldito não é o prazer humano,
mas a dissociação entre os benefícios
e os custos do prazer.

Pois sem essa premissa racional,

se assume que o maior prazer é o que mais vale.
E se esquece da profundidade na prática,
Lembra-se dela nas significâncias
Desde os primórdios tempos de infância
E a vida, no sentido de
busca de compreensão
da coesão existente

de cada realidade
e idealização, some.
Não se tem fome.


Mas que seria isso?
Para conseguir me acalmar,
Escrevi o que concluía.

Bom que esteja em poesia,

Pois assim lembro-me que o mar,
não é feito de lágrimas.

João Gabriel Souza Gois, 16/05/2012

terça-feira, 15 de maio de 2012

mèmA

Hoje me sinto diferente,
pois percebi que viciei-me em profundidade.

Olhe só, bom samaritano,

não é a questão de haver ou não o profano.
Entenda que todo silêncio,
Toda não-ação,
não previne nada.
Entenda que ação transforma,
Mas a ação não precisa ser funcional
Como o senhores da ganância diriam,
Ela só precisa ser expressiva o suficiente
para mudar alguma gente
que se deixou levar por certezas.
Ou ela pode ser útil,
para satisfazer o consumismo fútil.

Para os que ficaram na condição sob-humana não há
alternativa que soe como má.
Não há. Somos animais.

Para aqueles que a superaram,
comove muito a situação dos animalizados,
Mas não há o que fazer.

Para aqueles que superaram ambas,
A cada minuto tudo poderia ter mudado,
pois só estão animalizados, não por maldade,
não por burrice
Mas pelas condições mais diversas que se pode imaginar.

O problema é o vício na profundidade,
ele distorce a realidade,
que fica surreal, animalesca.

O caos das circunstâncias faz o tempo se dissociar
e a esperança se transformar em exasperação.
A longo prazo, o mundo fica sem ação
e nada mais se transforma.
Sem resultados, as causas e as consequências
ficam cada vez mais embaçadas,
e toda aquela capacidade vira ansiedade.
Corpo morto, sem atividade.

Esse peso não é peso por falta
de função, nem de opção.
Ela só acha que o será sempre,
por culpa dos outros.
Ah! Mas como o inferno são os outros!
Outros que te fizeram acreditar que o que
acreditava não poderia se concretizar.

Pra quem nunca conheceu a razão científica
Esses demônios internos
poderiam ter sido transformados
em demônios reais.

Mas no fim foi só a frustração de não poder
Transformar os anjos internos
em anjos reais.
Frustrações culturais,
dessas de quem vive onde
quem deveria fazer viver, mata.

Pois aí vem a base, o chão.
Mas se ele não existe, o que se fazer?
O que se faz é entender e ter a esperança
de que se entenda algo.
Pois quando se entende, se reforma.
Quando há esperança, há estímulo
para continuar a entender cada pequena peça
desse grande cabeça aleatório,
e entender que ele só é lindo porque é improvável.

Mas lá vem eles de novo, com o tal do divino,
tirar a magia da ciência, do acaso e do milagre da vida
(que se faz milagre pela quase nula probabilidade de ocorrência)
 diminuindo do homem sua potência de pensar.

Mas agora vem os outros, com o tal do funcional,
tirar a magia da arte para alimentar sentimentos fúteis.
Animalescos.
E esses aí são os que se chamam civilizados.
São palhaços de tão engraçados
pois não percebem que reduzindo à funcionalidade,
não se justifica, nem faz-se com gosto, nenhuma atividade.

Agora sim, chegaram os artistas.
Agora sim, chegou a tolerância.
Pois esse conhece a razão não-científica.
E reconhecendo-se como animal, não criminaliza, entende.
E reconhecendo-se como humano, não machuca, ensina.
O artista é o eleito da compreensão,
Que não bane culturas apoiado
em argumentos funcionais e sua inevitável companheira:
a arrogância anti-democrática.
Esta mais preocupada com colocações fáticas,
do que com diálogo.

Condicionamos muito bem o rebanho:
Você quer isso. Você quer isso.

Pois compre todo o insumo
E estimule todo o consumo
que quiser.
Todo esse cimento
não vale meu conhecimento.
Mas poderia construir uma escola.


João Gabriel Souza Gois, 15/05/2012