MilitÂnsia descolorida,
cinza, pragmática, rotulista e pré-estabelecida,
seja revolucionária como os verdadeiros revolucionários e boêmios,
busque a briga, mas não centralize o crédito dos prêmios...
Às vezes agiu mal, naquele velho embate,
porque achou que era coisa de "lumpem" achar que o abacate
é mais símbolo do Brasil do que algumas 'Doxias'.
Antes que me olhe desconfiada do meu peleguismo,
afie a crítica, renuncie o niilismo,
e percorra comigo o abismo criativo para a política
que a envolve na vida, e não no cronograma,
que a não separa por critérios epistemológicos
para soar mais reproduzível.
Pare um pouco hoje, só por hoje esqueça A Grande Trama,
e dance, dance pra valer.
Por maior que seja a estrada militante a se percorrer,
ela nunca será música.
E, desculpe amigo, nessa terra
onde assovia o sabiá,
[aquele que Tom cantou e a militÂnsia não entendeu nem um milímetro de seu
[versar.
A Música será sempre mais a identidade da classe trabalhadora
do que um ou outro qualquer arquétipo.
A prova nada científica disso
foi quando ouvi de um trabalhador uma vez:
"Parou o Samba!? Tinha que ser pequeno-burguês!"
O Samba fala a língua do povo.
A esquerda fala a língua da esquerda.
Bamba esse povo, ó Xangô. Bamba.
Porque a corda bamba a que todos estamos
cada vez mais balança
de desconfiança do velho que querem pintar de novo.
E pior: Desconfiança do novo, que apesar de novo, fala de um jeito tão velho,
que nem é lembrado.
Se você acha que arte é para se consumir,
ou apenas para aliviar o árduo trabalho da história,
nós não podemos te aceitar.
O que eu vejo de pré-revolucionário,
nesse fosco cenário,
é a Sexta-feira.
Afinal de contas,
meu sindicato é o Bar.
João Gabriel Souza Gois, 28 de setembro de 2014.
OBS: Isso não é uma apologia, nem um orgulho idiota pela despolitização.
Isso é uma desaprovação de um dos formatos de politização que tantos insistem em dizer que é o único-possível-realizável. Um brinde, Paul Lafargue!
domingo, 28 de setembro de 2014
quinta-feira, 18 de setembro de 2014
Entendendo o Enigma.
Chorar porque deixou de sentir
É sentir que não sente.
Ora pois, então não minta, pois quando mente
consente que sente tanto
ao ponto de ter motivos
quase sempre emotivos
pra se esconder o que se julga como verdade.
Raridade, nesse estado alienado
de se olhar indiferente e desavisado
com olhos perdidos nos desertos de si,
concluir que foi para si mesmo que mentiu
e revestiu de verdade
essa impossibilidade
que é não-ser enquanto é,
ou seja, mesmo sentindo, negar e fincar o pé,
numa velha ou nova máxima qualquer
que em si sabe que, no mínimo, não cabe.
A vida prossegue,
progressiva só no caos que a rodeia,
e, nesse devir fluente como é no deserto a areia,
mesmo se sentindo morto, se vive, mesmo que negue.
A quem, se vendo aquém, já compartilhou de si para os que o amam
essas coisas que de si (o isqueiro) nos outros (a lenha) inflamam
basta um dia poder escrever, sentindo que deveras mente,
que mentindo deveras sente,
e por mais fingida que essa dor pareça, por conta de,
agora, ao pô-la pra fora, já não presenciá-la tão pungente,
que se vê legitimidade em si, agora, no Tudo que é o presente,
para dizer e perceber, na divina maldição da empatia com tudo que sente,
o quão pouco vale essa falsa conversa com os outros, ná própria mente,
e quão valiosa
se mostra a dolorosa
desvelação de si rumo à nossa desnudez dos dentes.
João Gabriel Souza Gois, 15 de agosto de 2014.
segunda-feira, 8 de setembro de 2014
Intimidade
E cá termino eu novamente
choramingando orgulhos
ou calculando compensações.
E cá começo, eu e minha mente,
nossos velhos discursos
para desviar minha lembrança daquele olhar.
Aquele olhar.
Tanto ocorre no mundo,
guerra, praga e amores.
Tanto ocorre no universo
supernovas, explosões, músicas e odores.
E o fenômeno que quero fugir,
é aquele olhar.
Quem em sã consciência
desejaria tamanho infortunio.
Se desviar da coisa mais penetrante,
mas bela e por si só desviante,
com aquele aroma, aquele semblante...
Aquele olhar.
Não canso de me inconformar
com como posso sempre assim me portar,
olhar, desviar e recalcular
cada movimento que podia ter feito
cada garantia que deveria ter conquistado
e, já com o orgulho e a devida explicação
que me custou essa noite
toda a ação que meu platônico palpite carregava
se resumiu em uma fuga de uma foto.
Uma imagem de todo o evento.
A imagem? Aquele olhar.
Ele me queria, mas não me podia.
Ele me comia, mas não digeria.
Ele me contemplava e me afastava.
E tudo quanto posso pensar
para tentar,
em algum âmbito, confortar
o peso do meu pensar
é a arte, a poesia
envolvida naquele olhar.
Ele próprio, o mais importante,
é o que vai me silenciar,
o que vai me consolar,
o que vai fazer todo pesar
de tanto calcular o amor
enfim repousar.
Seu afeto ficou
numa foto, numa memória,
de confessada empatia,
do que resume o que foi esse dia.
O que tanto falei até agora, foi só para não falar.
Tudo que me foi dito
e que de um só jeito se pode revelar:
O meu nada meu.
O nosso, se pudéssemos...
Enfim, o seu olhar.
Por mais circundante e nefasta
que essa poesia pareça,
mesmo soando mentiroso, tolo, fútil e besta...
A verdade é que mesmo não tocando,
[perceber o amor, às vezes, basta.
João Gabriel Souza Gois, 7 de setembro de 2014
Obs: Homenagem a uma brasa que não queima, mas também não apaga.
choramingando orgulhos
ou calculando compensações.
E cá começo, eu e minha mente,
nossos velhos discursos
para desviar minha lembrança daquele olhar.
Aquele olhar.
Tanto ocorre no mundo,
guerra, praga e amores.
Tanto ocorre no universo
supernovas, explosões, músicas e odores.
E o fenômeno que quero fugir,
é aquele olhar.
Quem em sã consciência
desejaria tamanho infortunio.
Se desviar da coisa mais penetrante,
mas bela e por si só desviante,
com aquele aroma, aquele semblante...
Aquele olhar.
Não canso de me inconformar
com como posso sempre assim me portar,
olhar, desviar e recalcular
cada movimento que podia ter feito
cada garantia que deveria ter conquistado
e, já com o orgulho e a devida explicação
que me custou essa noite
toda a ação que meu platônico palpite carregava
se resumiu em uma fuga de uma foto.
Uma imagem de todo o evento.
A imagem? Aquele olhar.
Ele me queria, mas não me podia.
Ele me comia, mas não digeria.
Ele me contemplava e me afastava.
E tudo quanto posso pensar
para tentar,
em algum âmbito, confortar
o peso do meu pensar
é a arte, a poesia
envolvida naquele olhar.
Ele próprio, o mais importante,
é o que vai me silenciar,
o que vai me consolar,
o que vai fazer todo pesar
de tanto calcular o amor
enfim repousar.
Seu afeto ficou
numa foto, numa memória,
de confessada empatia,
do que resume o que foi esse dia.
O que tanto falei até agora, foi só para não falar.
Tudo que me foi dito
e que de um só jeito se pode revelar:
O meu nada meu.
O nosso, se pudéssemos...
Enfim, o seu olhar.
Por mais circundante e nefasta
que essa poesia pareça,
mesmo soando mentiroso, tolo, fútil e besta...
A verdade é que mesmo não tocando,
[perceber o amor, às vezes, basta.
João Gabriel Souza Gois, 7 de setembro de 2014
Obs: Homenagem a uma brasa que não queima, mas também não apaga.
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