quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Reconhecendo-me

Finalmente o conheci.
Aquele sem sorriso e despreocupado.
Alienado e péssimo em tudo por volta.

Esquisito,

não sinto revolta de tê-lo conhecido.
É o yin do meu yang,

parte de mim,
e apesar de me desesperar
por não conseguir domá-lo
reconheço nele eu,
e em mim a possibilidade
de equilibrá-lo.

Nessa vida,

classificar não importa.
As visões são extremamente particulares,

porém já vi harmonia,
e verei.

Diminuto.
O eu diminuto que há aqui

não espera a maior ou menor resolução,
sente uma diminuição,
pois o som tenso diminuto,
continua a soar.
Em busca de vários significados e experiências.

Condenando algumas ações e predições
percebi em mim uma capacidade de crescer
além do material de carne que carrego,
além da busca material que buscamos.

Parece uma bagunça todas as informações,

e é inerente
a diferente crendice
às novas e velhas gerações.


É um turbilhão de distorções das memórias,

é uma infalível e desnecessária reconstrução de histórias,
e um medo inerente de enfrentar.
Pois quem enfrentarei?
Sou eu mesmo meu inimigo,

e o carinho a própria alma
é conquistado com a calma
que só em si encontra.

Dez minutos pareceram horas enquanto algumas letras me traziam o mundo.
Dez dias pareceram segundos quando nada parecia ter significado.

E machucado sinto fúria,
E animado sinto desprezo,
mas prezo que essa harmonia,
quando voltar,
produzirá um benefício,
pois percebi outras perspectivas.
Como queria poder mostrá-las de alguma maneira,

mas maneira para isso não há,
só há uma esperança relutante,
que segura e aguenta a cada instante
em que a raiva implode
e a mudança visível aos sentidos
é ignorada pelo indomável desgosto
que, olhe só, durou até agosto,
mas que deu um novo gosto,
para rebuscar nessas convicções
valores importantes que pareciam ter morrido.
Sorrisos encantadores do qual o indivíduo havia fugido
por não respeitar a própria individualidade
e transformar a mais simples situação
numa infinita dualidade.

Parece loucura ou profecia,

mas não é nada além do momento
de reencontro ao eu,
reformado e realizado.
Afinal reconheço o ambiente
mas meu inconsciente é possuidor de muito.
O final desconheço e sou temente

mas meu subconsciente deu final a pouco.
E o que hei de carregar é o fado

de ser um animal racional.
Queria tanto que esses momentos 
em outras pessoas não fossem bloqueados como elas costumam fazer.

Como se pode aprender...

Apesar do ir e vir do arrepender,
crescemos.

O resultado será a empatia interna,

serena, terna e lúcida.
E os falares da fala mais lúdica,

serão tijolos.

João Gabriel Souza Gois, 28/08/2012

Obs: O Terno - Quem é quem

Desencontro

Não troque minha fralda
mas me dê um pirulito.

Não toque minha alma
mas desmonte o meu mito.

Não soque minha calma
pois a Raiva eu imito.

Todos tão potentes em seus dias solitários.
Todos tão carentes em seus sonhos imaginários.

Todos com sua utopia abrangente ou não.
Nenhum deles com o espírito chorando presunção.
E dos momentos que pescam, pecam ao esquecer,
E dos tormentos que negam, pregam ao reconhecer.

Fui lá dentro e agora estou sem ar.
Saí do fundo e está um frio.
Toalha! Pois esse mergulho pressionou meu corpo.
Medalha! Pois reconhecimento não há na profunda confusão.

E isso tudo sou eu mesmo,
bagunça de viveres, prazeres e sorrisos,
e cada passo cabisbaixo quando piso,
representa a redenção ao que ainda vejo
quando almejo
além do quadrado de colocações
que meu sofrimento sem origem
consegui limitar.

Desconforto sazonal?
Problema temporal ou espiritual?
Que de perguntas, minha cabeça dói.

E com respostas, meu horror se desconstrói.
Mas ainda assim, não sei se por mim,

ou pelos outros,
foram poucos os momentos
em que o tempo parece estar tão escuro,
mesmo com sol.
E não chove lá fora,

só chove aqui,
descompasso com o mundo,
ambição que demoli,
e por onde construí-la?
se só de ver a fila
para o primeiro passo,

meu coração em descompasso
clama por uma revolução!
E do conflito resta um mar de não,
depredando a emoção,
para acumulá-la no momento inesperado,
e chorando num canto, de lado.
Escondo essa situação de mim.


João Gabriel Souza Gois, 23/08/2012
Pateando el pensamiento - Troche


Explodindo o Labirinto

Esforço demais para recuperar o que não sabe como.
Descanso demais por conta do esforço.

E da auto-recriminação ao auto-perdão,
não resta sim nem não.
E o talvez da abstenção
tirou coragem, virou refrão.

Novamente essa cena,
mas antes ela era diferente.
Então se antes era diferente,
não a vejo novamente.

E o que vejo desmente
o que queria ver,
e a frustração do idealizado
ao que se prentende fazer
não se faz nada além de sofrer
por leites derramados por outras pessoas,
por aceitações ora boas
ora ruins,
e dessa dicotomia que virou o mundo,
dessa bifurcação em que não escolho e fico mudo,
a solidão é necessária e cansativa.

Afinal que quando é necessário renascer só por si,
por si mesmo pode criar as barreiras.

Mas se quer então queiras,
pois temer faz da cabeça
a fuga.
E suga o que ouve,
transforma em outra coisa,
só para testar se ainda sente,
mas o que está a frente não parece mais tocável.

Ah, como foi amável!

Mas teve aquele outro ponto.
E o que deseja lembrar afinal?
Você não deseja, apenas lembra.
E sorri ou chora.
Não há limite para como as emoções chegarão,

elas podem assustar,
mas ter medo de sentir,
é nada além do medo de estar vivo.
E o que dizer desse labirinto onde a mesma coisa

anima e desanima?

Melhor esperar, mas não parado.
Pior parar, desesperado.
E só reparar não deixa reparado.
E só olhar, induz um julgamento errado.

É impossível tirar de mim mais do que isso,

e respeitando o momento difícil,
da esperança vejo melhora no futuro,
da desconfiança vejo revolta no escuro.

Sonolento, interagindo pouco.
Só um momento, buscarei eu outro.

E me renovo com medo de ser renovado.
E me recobro com medo de ser cobrado.
E me amedronto só por estar amedrontado,

mas encontro no medo o caminho para lidar,
e me descubro sem segredo, mas querendo guardar.
Sendo que o que pensei não saiu de mim,
e quando não falei, ninguém viu por mim,
cansei de tanto não, vou atrás de sim.

João Gabriel Souza Gois, 20/08/2012

Enquanto Lilith sorria, da amalgama amarga sai poesia.

E embaçou com sentimentos o ideal.
E do valor arisco e cavernoso, viu um animal.
E da valorização do amor ao conhecimento, viu um humano.
No auto-julgamento virou um vampiro.
Dormia ao dia.
À noite sorria.
E da necessidade e medo do esteriótipo vestido em um conselho
Desinvestiu o estímulo em si. Sumiu o reflexo no espelho.

Idéias em sua imagem e semelhança
Defesas paralisatórias que enlamaçavam as circunstâncias.
Da puberdade e do prazer se perturbou com a infância
e a ansiedade do fazer valer suprimiu a esperança.

Oxalá! Meu caro amigo,
Que do ócio,
da procura de razão no fóssil,
se criou um perigo.
Negou o caminho alternativo,
o eólico, de resolução.
o mixolídio, de pura tensão.

E no cansaço persistente do "não consigo"
de si mesmo tornou inimigo.

Assim sigo, retomando sorrisos.
Assim espero; não impor ao viver um perigo.
Assim espere: ainda sinto contido.
Assim esperará: há procura no sentido.

Horizontal é a relação humana.
Vertical a da pertubação contra o que o engana.
E com gana de vida
a devida vontade
retira da reflexão e do embate:

A sandice da imagem a qual desistiu.
A dívida da dor do reflexo que sumiu.

E se animou, investiu.
Mostrou, ninguém ouviu.
Se moveu, mas foi pouco.
Se perdeu, ficou rouco.

Sádico e sem afeto,
será qualquer um que oferece um teto de vidro
em uma chuva de pedras.

João Gabriel Souza Gois, 21/08/2012

Caos implosivo

De tão evidente ficou escondido.
De tão escondido ficou diferente.

Há um dia em que saberá a cura ao que sente.
Ainda há o tempo que precisa.
Ainda resta na alma resquício de uma dor indecisa.
Mas finaliza o hoje, almejando o amanhã.
Idealiza o amanhã, sonhando hoje.
Realiza o hoje, fazendo pouco.

Faz muito tempo que algo assim não ocorria.
Nunca ocorreu.
E o perdão antigo
virou castigo
para a implicância consigo mesmo.

Coisa de louco,
não existem problemas.
Surdo, mudo e rouco,
procurando dilemas
onde só há vida.
Oxalá que essa ferida
de tão dolorosa
não tem culpado.
De tão duvidosa
não traz ninguém ao lado.

E resta,
do pouco que presta,
uma introspecção corrosiva,
que se esvazia e enche com pensamentos.

Estou mas não estou aqui.
Onde estou enfim?

A
   q
      u
         i
           s
              i
                ç
                   ã
                      o
de sentimentos retangulares.
Tão quadrados em suas formas e linhas
que a insanidade sempre minha,
espalhou para o todo.

F i n a l
mente.
Recomeço sincero.
Eu espero.
Espero esperança
para que a dor que leva ao péssimo
não negative mais o que não dá para piorar.

Isso foi uma boa piada,
mas tirou a graça.
Restou vitimismo
e com isso cismo,
pois não reconheço em mim.
Sim,
sentimos enfim.
Sentimos no começo,
sentimos no fim.
Desci, e de lá subirei?
Acho que não,
da estupidez sou rei.

Realização, onde estará?
Minha aurea está com mal-cheiro.
Minha cara muda com qualquer lampejo.
Minha vida estuda saída sem desespero.
E eu não aguento mais o pronome meu.
Fodeu,
melhor passar aquele café,
acordar, lavar o rosto, andar a pé,
para que o choque com o ar me acorde
para que a cabeça não se enfureça quando recorde,
para que o aparelho do pensamento não force só felicidade
de maneira excluí-la dos olhos.
Sinto muito.
Muito mesmo.
Mas volto quando for eu mesmo
e não mais um confuso impotente.

Há sim vontade,
só me falta combustível.
há sim combustível,
me falta paciência,
e essa pesquisa do que falta
levou a satisfação pueril com o nada.
Indaga mais uma vez o que fez,
mas desta maneira
não terá vez
ao que quer.

Ai meu deus, seria fácil se fosse só mulher.
Se fosse só uma noite.
Mas a inquietação levou ao açoite
a calma que pacificava todos os momentos.

Muito grilo num bixo-grilo.
Muito problema para um feliz.
Muita tristeza para um bobo-alegre.
Muito amor para nada.

Fada do nada
Onde está a escada
da auto-estima?
Estima-se que dentro de nós.
E a qual voz dou ouvido?
A que mais faz sentido,
a que mais faz sentir?

Cansado de perguntas
pergunto à minha
Inflamável loucura
se ela terá sua cura
com água que a acuda,
com um vento que a sacuda,
pois encostada na parede
irrita o espirito jovem
a ponto de negar palavras.

Vá para o inferno todas as maledicências
as maldições,
e bendito seja o amor próprio
que foi levado por se deixar levar em significados.
Como se eles em algum momento resumissem
ou facilitassem a vida.

Poesia lida,
amargo guardado.
Cara de bobo,
parvo parado.

Daí os pés se policiam a uma ordem desconhecida,
e o todo se assusta com qualquer tropeço.
Estou do avesso,
estou exposto.

Cuspo o gosto do desgosto
para disso tirar um ensinamento.

Um momento
para mim.
Tomei água,
lavei o rosto,
voltei ao posto
desajustado.

Dar um jeito.
É o jeito.
Pois não há prefeito no cérebro.
Não há defeito no que quebro.
Quando quebro saí faísca.
Quando conserto, viro isca.
Pisca o canto do olho
pois ficou de molho em preocupações.

Resta então um não.
Não sei.

Ei! Vem cá!

A negação da negação,
seria um sim?
Enfim,
onde estou?

Meu olho dói.
Minha perna briga.
Meu corpo nega
esse espírito que não me pertence.

Há quem pense
que quem vence
nunca se dá por vencido.
Estou perdido,
mas não perdi.
Um pedido:
espere.

João Gabriel Souza Gois, Julho de 2012.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Indiferença sólida do homem não-humano


Que deste impulso

criei moral para negar.

Que deste gosto

criei tempero azedo.

Que deste tédio

criei mais um medo.

E nesse remédio envolto no segredo dos gauches,
há um erro ou um deboche.
Correndo da obsessão diminuiu os caminhos.
Com medo de solidão, deixou o mundo sozinho.

Pessoais
tais preocupações insolentes.
E não há reflexão que desembace a lente

para os globais.

Estocado com o peso do que criei,
estancado com a fé que perdi,

estragado pelo desgosto do que desexperimentei,
molhado com o gelo que fundi.
E de tanto calor contido,

de tanta implosão do que foi perdido,
houve uma explosão onde pedaços de pensamentos
viajaram os mais diversos sentidos,
e o sentido de cada passo é questionado.

E não é que essa explosão,

explodiu a peculiaridade,
a áurea da idade,
e ebuliu o viés.

Viés disperso em vários meandros, rico,
sublimou em indiferença.
E esta, sólida e irritante,

pesa mais, é mais concisa.
Suas pequenas estruturas estão unidas,

é difícil ebulí-la, deixar dispersar
para ver vida.
Que seja assim, um desafio mais difícil.
Que do melhor recuperado não sobre resquício

de amargura
da amalgama cultivada
por uma paralisia espontânea.
Da palavra questionada

em vez de colocada em campanha.

Comprovei,

se há demanda haverá oferta.
A vida engana, mas só fica deserta,

se permitir por si que no meio do caminho
tenha uma pedra.

Ah, e como pedras são sólidas!
Pesadas como o sentimento do mundo.
E de tanto carregar um fado de desânimo,

desenvolvi sete faces morais,
e nenhum respeito ao meu eu.
Eu-lírico auto-crítico,

Se vê como herói e como cínico.
Não respeita o sentimento do indivíduo,

da risada do ego,
que ficou cego olhando só para dentro.
Que ficou escondido, para fugir do centro.

Há lá no fundo desse mar,

uma frase que paira sobre o ar
e ressalta com palavras sábias
que na cultura, mesmo que não saiba,
não há centro, há perspectivas.

Convicções ativas.
Sólidas e diferentes.
Debates com o maior número de referentes.
E a indiferença corrói cada palavra desconhecida,

E se faz da abstenção uma negação da vida.
Pelo amor de Deus, onde começou essa ferida?
Lembro de coisas parecidas

em outros momentos,
mas não linhas de raciocínios
resumidas a tormentos.

Soei cínico ou irônico.
Inteligente ou atônito.
Pulso firme, grande estóico.
Mas sou nada além de um fraco,
Que se esqueceu de como a sensibilidade

sempre será bem vinda
mas se nunca finda,
dá vida ao

descompasso banguelo,
ao vitimismo de Otelo,
ao sorriso amarelo
que não disfarça mais nada
além de falta de visão.

Dormi mais uma vez sem oração,

me perguntando que horas seriam
quando eu finalmente estivesse pronto.
Provavelmente a hora errada.

E com a infame e de variáveis pequenas

porém redondamente correta profecia,
era exatamente a hora errada.
Fique calada!

E recobro de mim:
Pessimismo teórico personificado em fada,

virou lente na frente dos meus olhos,
e me deixou eufórico enquanto vestia pijamas,
e me deixou desanimado quando visitava semanas de prazer.
Vai saber o que mais essa psyche pode fazer para me frear,
mas só com palavrões ela não distorce,
só nos refrões ela se contorce,
só de perdões ela amolece,
só da falta de sincronia ela se perde,
só do excesso de acusações ela transborda.
Só com pesadelos obscuros ela acorda.
Mas respirarei e aguentarei,

pois sei que não há sorte,
mas isso é o mais próximo que vi da morte,
e na vida além dela creio,
e dentro dela semeio
esperança pelos possíveis destinos que permeio,
lembranças que eram lindas e não deixarei que me tornem feio.


João Gabriel Souza Gois, 21/08/2012

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Um poema e um trecho. Outro poema, nenhum desfecho.

... O tédio dos radidiotas e dos aerochatos,
De todo o conseguimento quantitativo dessa vida sem qualidade,
A náusea de ser contemporâneo de mim mesmo -
E a ânsia do novo novo, de certo verdadeiro,
De fonte, de começo, de origem.

A pedra no anel errado no teu dedo
Como fulgura na minha memória,
Ó pobre esfinge da aristocracia burguesa conservada em viagem!
Que vagos amores escondias na tua elegancia verdadeira
Tão falsos, pobre iludida lúcida,
Encontrada a bordo desse navio, como todos os navios!

Tomavas cocaína por superioridade ensinada,
Rias dos velhos maçadores menos maçadores que tu,
Pobre criança orfã de pai e mãe
Pobre-diabo meio flapper, tão [?transtransviada?]!
E eu, o moderno que não sou, eu que consinto
Nos arredores de minha sensibilidade as tendas dos ciganos,
De toda a modernidade papel-moeda;
Eu, incongruente e sem esperanças
Passageiro como tu no navio, mas mais passageiro que tu,
Porque onde tu és certa eu sou incerto,
Onde tu sabes o que és eu não sei o que sou e sei que não sabes
                                                                                    [o que és,

E entre as danças tocadas ad nauseam pela banda de bordo
Debruço-me sobre o mar nocturno e tenho saudades de mim.
Que fiz eu da vida?
Que fiz eu do que queria fazer da vida?
Que fiz eu do que podia ter feito da vida?
Serei eu como tu, ó viajante do Anel Afrodisíaco?
Olho-te sem te distinguir da matéria amorfa das coisas
E rio no fundo do meu pensamento oceânico e vazio.

No quintal da minha casa provinciana e pequena -
Casa como a que têm milhões não como eu no mundo -
Deve haver paz a esta hora, sem mim.
Mas em mim é que nunca haverá paz,
Nem com que se faça a paz,
Nem com que se imagine a paz...
Porque então sorrio eu de ti, viajante superfina?

Ó pobre água-de-colônia da melhor qualidade,
Ó perfume moderno do melhor gosto, em frasco de feitio,
Meu pobre amor que não amo caricatural e bonita!
Que texto para um sermão o que não és!
Que poemas não faria um poeta verdadeiro sem pensar em ti!

Mas a banda de bordo estruge e acaba...
E o ritmo do mar homérico trepa por cima do meu cérebro -
Do velho mar homérico, ó selvagem deste cérebro grego,
Com penas na cabeça da alma,
Com argolas no nariz da sensualidade,
E com consciência de meio-manequim de ter aspecto no mundo.

Mas o facto é que a banda de bordo cessa,
E eu verifico
que pensei em ti quando durou a banda de bordo,
No fundo somos todos nós
Românticos,
Vergonhosamente românticos
E o mar continua, agitado e calmo,
Servo sempre da atenção severa da lua,
Como, aliás, interrogo o sorriso com que me interrogo
E olho para o céu sem metafísica e sem ti... Dor de corno...

                              Álvaro de campos, heterônimo de Fernando Pessoa. 

[...] A jornada entrou e parecer-me enfadonha e extravagante, o frio incômodo, a condução violenta, e o resultado impalpável. E depois — cogitações do enfermo — dado que chegássemos ao fim indicado, não era impossível que os séculos, irritados com lhes devassarem a origem, me esmagassem entre as unhas, que deviam ser tão seculares como eles. Enquanto assim pensava, íamos devorando caminho, e a planície voava debaixo dos nossos pés, até que o animal estacou, e pude olhar mais tranquilamente em torno de mim. Olhar somente; nada vi, além da imensa brancura da neve, que desta vez invadira o próprio céu, até ali azul. Talvez, a espaços, me parecia uma ou outra planta, enorme, brutesca, meneando ao vento as suas largas folhas. O silêncio daquela região era igual ao do sepulcro: dissera-se que a vida das coisas ficara estúpida diante do homem.

Caiu do ar? destacou-se da terra? não sei; sei que um vulto imenso, uma figura de mulher me apareceu então, fitando-me uns olhos rutilantes como o sol. Tudo nessa figura tinha a vastidão das formas selváticas, e tudo escapava à compreensão do olhar humano, porque os contornos perdiam-se no ambiente, e o que parecia espesso era muita vez diáfano. Estupefato, não disse nada, não cheguei sequer a soltar um grito; mas, ao cabo de algum tempo, que foi breve, perguntei quem era e como se chamava: curiosidade de delírio.
— Chama-me Natureza ou Pandora; sou tua mãe e tua inimiga.
Ao ouvir esta última palavra, recuei um pouco, tomado de susto. A figura soltou uma gargalhada, que produziu em torno de nós o efeito de um tufão; as plantas torceram-se e um longo gemido quebrou a mudez das coisas externas.
— Não te assustes, disse ela, minha inimizade não mata; é sobretudo pela vida que se afirma. Vives; não quero outro flagelo.
— Vivo? perguntei eu, enterrando as unhas nas mãos, como para certificar-me da existência.
— Sim, verme, tu vives. Não receies perder esse andrajo que é teu orgulho; provarás ainda, por algumas horas, o pão da dor e o vinho da miséria. Vives: agora mesmo que ensandeceste, vives; e se a tua consciência reouver um instante de sagacidade, tu dirás que queres viver.
Dizendo isto, a visão estendeu o braço, segurou-me pelos cabelos e levantou-me ao ar, como se fora uma pluma. Só então pude ver-lhe de perto o rosto, que era enorme. Nada mais quieto; nenhuma contorção violenta, nenhuma expressão de ódio ou ferocidade; a feição única, geral, completa, era a da impassibilidade egoísta, a da eterna surdez, a da vontade imóvel. Raivas, se as tinha, ficavam encerradas no coração. Ao mesmo tempo, nesse rosto de expressão glacial, havia um ar de juventude, mescla de força e viço, diante do qual me sentia eu o mais débil e decrépito dos seres.
— Entendeste-me? disse ela, no fim de algum tempo de mútua contemplação.
— Não, respondi; nem quero entender-te; tu és absurda, tu és uma fábula. Estou sonhando, decerto, ou, se é verdade, que enlouqueci, tu não passas de uma concepção de alienado, isto é, uma coisa vã, que a razão ausente não pode reger nem palpar. Natureza, tu? a Natureza que eu conheço é só mãe e não inimiga; não faz da vida um flagelo, nem, como tu, traz esse rosto indiferente, como o sepulcro. E por que Pandora?
— Porque levo na minha bolsa os bens e os males, e o maior de todos, a esperança, consolação dos homens. Tremes?
— Sim; o teu olhar fascina-me.
— Creio; eu não sou somente a vida; sou também a morte, e tu estás prestes a devolver-me o que te emprestei. Grande lascivo, espera-te a voluptuosidade do nada.
Quando esta palavra ecoou, como um trovão, naquele imenso vale, afigurou-se-me que era o último som que chegava a meus ouvidos; pareceu-me sentir a decomposição súbita de mim mesmo. Então, encarei-a com olhos súplices, e pedi mais alguns anos.
— Pobre minuto! exclamou. Para que queres tu mais alguns instantes de vida? Para devorar e seres devorado depois? Não estás farto do espetáculo e da luta? Conheces de sobejo tudo o que eu te deparei menos torpe ou menos aflitivo: o alvor do dia, a melancolia da tarde, a quietação da noite, os aspectos da Terra, o sono, enfim, o maior benefício das minhas mãos. Que mais queres tu, sublime idiota?
— Viver somente, não te peço mais nada. Quem me pôs no coração este amor da vida, senão tu? e, se eu amo a vida, por que te hás de golpear a ti mesma, matando-me?
— Porque já não preciso de ti. Não importa ao tempo o minuto que passa, mas o minuto que vem. O minuto que vem é forte, jucundo, supõe trazer em si a eternidade, e traz a morte, e perece como o outro, mas o tempo subsiste. Egoísmo, dizes tu? Sim, egoísmo, não tenho outra lei. Egoísmo, conservação. A onça mata o novilho porque o raciocínio da onça é que ela deve viver, e se o novilho é tenro tanto melhor: eis o estatuto universal. Sobe e olha.
Isto dizendo, arrebatou-me ao alto de uma montanha. Inclinei os olhos a uma das vertentes, e contemplei, durante um tempo largo, ao longe, através de um nevoeiro, uma coisa única. Imagina tu, leitor, uma redução dos séculos, e um desfilar de todos eles, as raças todas, todas as paixões, o tumulto dos Impérios, a guerra dos apetites e dos ódios, a destruição recíproca dos seres e das coisas. Tal era o espetáculo, acerbo e curioso espetáculo. A história do homem e da Terra tinha assim uma intensidade que lhe não podiam dar nem a imaginação nem a ciência, porque a ciência é mais lenta e a imaginação mais vaga, enquanto que o que eu ali via era a condensação viva de todos os tempos. Para descrevê-la seria preciso fixar o relâmpago. Os séculos desfilavam num turbilhão, e, não obstante, porque os olhos do delírio são outros, eu via tudo o que passava diante de mim,— flagelos e delícias, — desde essa coisa que se chama glória até essa outra que se chama miséria, e via o amor multiplicando a miséria, e via a miséria agravando a debilidade. Aí vinham a cobiça que devora, a cólera que inflama, a inveja que baba, e a enxada e a pena, úmidas de suor, e a ambição, a fome, a vaidade, a melancolia, a riqueza, o amor, e todos agitavam o homem, como um chocalho, até destruí-lo, como um farrapo. Eram as formas várias de um mal, que ora mordia a víscera, ora mordia o pensamento, e passeava eternamente as suas vestes de arlequim, em derredor da espécie humana. A dor cedia alguma vez, mas cedia à indiferença, que era um sono sem sonhos, ou ao prazer, que era uma dor bastarda. Então o homem, flagelado e rebelde, corria diante da fatalidade das coisas, atrás de uma figura nebulosa e esquiva, feita de retalhos, um retalho de impalpável, outro de improvável, outro de invisível, cosidos todos a ponto precário, com a agulha da imaginação; e essa figura, — nada menos que a quimera da felicidade, — ou lhe fugia perpetuamente, ou deixava-se apanhar pela fralda, e o homem a cingia ao peito, e então ela ria, como um escárnio, e sumia-se, como uma ilusão.
Ao contemplar tanta calamidade, não pude reter um grito de angústia, que Natureza ou Pandora escutou sem protestar nem rir; e não sei por que lei de transtorno cerebral, fui eu que me pus a rir, — de um riso descompassado e idiota.
— Tens razão, disse eu, a coisa é divertida e vale a pena, — talvez monótona — mas vale a pena. Quando Jó amaldiçoava o dia em que fora concebido, é porque lhe davam ganas de ver cá de cima o espetáculo. Vamos lá, Pandora, abre o ventre, e digere-me; a coisa é divertida, mas digere-me.
A resposta foi compelir-me fortemente a olhar para baixo, e a ver os séculos que continuavam a passar, velozes e turbulentos, as gerações que se superpunham às gerações, umas tristes, como os Hebreus do cativeiro, outras alegres, como os devassos de Cômodo, e todas elas pontuais na sepultura. Quis fugir, mas uma força misteriosa me retinha os pés; então disse comigo: — “Bem, os séculos vão passando, chegará o meu, e passará também, até o último, que me dará a decifração da eternidade.” E fixei os olhos, e continuei a ver as idades, que vinham chegando e passando, já então tranquilo e resoluto, não sei até se alegre. Talvez alegre. Cada século trazia a sua porção de sombra e de luz, de apatia e de combate, de verdade e de erro, e o seu cortejo de sistemas, de ideias novas, de novas ilusões; cada um deles rebentavam as verduras de uma primavera, e amareleciam depois, para remoçar mais tarde. Ao passo que a vida tinha assim uma regularidade de calendário, fazia-se a história e a civilização, e o homem, nu e desarmado, armava-se e vestia-se, construía o tugúrio e o palácio, a rude aldeia e Tebas de cem portas, criava a ciência, que perscruta, e a arte que enleva, fazia-se orador, mecânico, filósofo, corria a face do globo, descia ao ventre da Terra, subia à esfera das nuvens, colaborando assim na obra misteriosa, com que entretinha a necessidade da vida e a melancolia do desamparo. Meu olhar, enfarado e distraído, viu enfim chegar o século presente, e atrás deles os futuros. Aquele vinha ágil, destro, vibrante, cheio de si, um pouco difuso, audaz, sabedor, mas ao cabo tão miserável como os primeiros, e assim passou e assim passaram os outros, com a mesma rapidez e igual monotonia. Redobrei de atenção; fitei a vista; ia enfim ver o último, — o último!; mas então já a rapidez da marcha era tal, que escapava a toda a compreensão; ao pé dela o relâmpago seria um século. Talvez por isso entraram os objetos a trocarem-se; uns cresceram, outros minguaram, outros perderam-se no ambiente; um nevoeiro cobriu tudo, — menos o hipopótamo que ali me trouxera, e que aliás começou a diminuir, a diminuir, a diminuir, até ficar do tamanho de um gato. Era efetivamente um gato. Encarei-o bem; era o meu gato Sultão, que brincava à porta da alcova, com uma bola de papel...

           Trecho do Capítulo VII - O Delírio - de 'Memórias Póstumas de Brás Cubas', Machado de Assis.


Como essas palavras saíram de mim?
     
Não há um único espírito santo,
Não há um único espírito são,
são todos corrompidos por doeres cotidianos,
por decepções de suas estimativas e expectativas.

Que o homem cuide da alma,
e não a alma do homem.
Que a razão se extenda aos modelos que dela precisa,
mas que não se limite a prisão relativista.
Que a emoção se extenda até onde pode ser compreendida,
e não se enclausure em teorias para que seja repreendida.

E assim se faz o homem saudável.
Cade ele para cuidar disso tudo?
incomodou um outro por aí,
perdeu a chance, ganhou chaga

Ao Senhor Absoluto e bom, mas não com Jó.
Nem com muitos que perecem.
Onde está?! Tenha dó!
Não tem, ser vil, podre!
Olhe só como a modernidade acabou com as pragas...
bruxarias da ciência.

Mas ciência e sua magia
não tem poder de intervenção
na reflexão interna.

Eis o conflito:
Animus e Anima estão se debatendo,
se esfolando.
Preferia quando eles gemiam aquela sintonia de prazer
e o viver não era tedioso,
era puro gozo,
Era Romântico sem deixar de ser realista.
Era Pragmático sem deixar de ser idealista.
Mas na lista longa do dia-a-dia,
um medo de apatia resume tudo a palavras-chave
totalmente dispensáveis.
A fraquezas totalmente fantasiosas,
e a vontade do milagre faz o crer,
a fé,
existir com muito poder,
mas não ter um alvo mágico e mequetrefe,
um injusto imperador,
e sim uma lucidez
que guie de vez
e dê entendimento ao sorrir e a ferida,

o nome a isso serve aos cristãos,
aos islâmicos, aos judeus e as tribos de misticismos apagados
nas depreciações e condenações que passaram a borracha em seus documentos históricos.
Têm menção na lágrima de Abraão e no punho dos estoicos.
O nome dessa fé é fé em si.
Abstração que fortifique a segurança,
a veemência.

Mas fé que em si há uma barreira,
e que fúria só a deixa mais perdida na ribanceira,
e sensações diferentes em coisas corriqueiras,
assustam a carne fraca.
Daí sobra a alma opaca
que chora por algo novo na liberdade.
Que se conforta com algo velho na segurança.
Oh, Pai! Que esses dois - liberdade e segurança - não se confrontem como fazem
os militantes com os militares.
Os livres com os autoritários.
O futuro com os dinossauros.
Novamente vem exagero nesses termos...

Exagero pode ser um dos erros,
mas o que fazer para que continue a existir
o que existia com um dia-a-dia menos bagunçado
e nem por isso menos feliz.

Menos desnorteado e nem por isso menos livre.

Cada palavra que disse e ouvi,
de cada exemplo que dei e recebi,
o que ficou do que ouvi não foi o que foi falado por quem disse.
O que sobrou do que recebi não foi raiva pelo que dei.
Só não neguei.
E agora nego.
E o escuro vem mais o medo da cegueira...
Calma, monsieur, que é só aquele sono desgovernado.
Aquela fuga do acordado que quando acordado irrita.
Terror noturno xiita.

BOOOM,
Saí daqui. Voltei.
E os olhos viram num reflexo violento,
para depois voltarem ao chão cheios de desalento,
e eles doem.
E da fome não se sabe o que é náusea.
Da dor não se sabe o que é medo.
Do desencontro não se sabe a origem.
E mais uma vez essa maldita vertigem.
Carência, inocência ou demência?
Eis a questão.
questão nevrálgica ao viver,
e o mecanismo de se abster,
vem da falta de resolução da questão.
Não sobra nada além de dúvida e sermão.
Mas não quero Descartes nem Religião.
Ah, meu Zeus! Cadê o Trovão!?
Um choque de desfibrilador.
Um Rock embalado com ardor.

E belisca, a pupila continua fixa.
E se deita, a pupila se estreita.
Peita a si mesmo num dilúvio de amargura.
Machuca a si mesmo imaginando julgamentos fora de si.
E se arrepende.
E volta ao: 'tudo depende'.
E pende ao nada da certo.
E sente que é esperto.
Age como burro.
Que de tanta confusão, o sono e o lar seguro,
ora são tudo que deseja,
ora são a prisão do mundo que existe,
ora são a tortura do sofrer que persiste.

sinceramente, não sei.
só sei que resolverei,
foram poucos dias,
pouco enfrentei e muito fugi.
muito guardei e pouco reagi.
E do barroco ao simbólico simbolismo por um triz,
se fez significados perdidos sem diretriz.
Auto sem atriz.
Eu sem eu.
De novo, doeu.

João Gabriel Souza Gois, 08/08/2012


segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Auto-flagelo.

Estranho mundo que perdeu a paz.
Como faço o que fazia quando se faz?
Não sei fazer.
Mecanismo de defesa corrosivo.
Quero logo um explosivo,
um querer vivo.

Quero paixão.
Mas quando vejo em outros olhos,
meu olho retorna ao chão,
se preocupa com os pés,
e os pés irritados,
se topam e preferem parar.

Uma desconexão de todo o corpo.
A cabeça não entende,
o coração se abstém,
o corpo está perdido,
o todo corrompido
por vozes de reprovação
do que enfim se tornou.

O futuro,
aquele que trazia os sabores do mundo,
só há medo.

O presente,
tentando fugir do que sente,
aconselha a alma:
ainda é cedo.

E o passado,
teve seus acontecimentos
mas agora pede ao presente
que se torne consciente
de que o futuro não pode ser adiado.

Vem ao hoje,
um desprezo.

Por favor apareça,
antes que eu enlouqueça,
e não será remédio para meu tédio,
não será a fada desse conto torto,
será unicamente a paz,
toda aquela que sempre vi e transmiti,
e dela quero tudo que consegui
para conseguir novamente.
Síndrome de Stuart Mill!

E vem desta distorcida situação, umas quantas vozes:
Que versos mais pobres!
Sem imagens,
sem criatividade,
sem nada de devaneio.
Apenas abstração insensata
de um psicopata de si mesmo.
Assassino do Eu.

Como alcançou meu Eu-lírico?

Que merda isso tudo.
Quero falar.
Quero.
QUERO.

E não saio da toca.
Da caverna de sombras.
Preto e branco.
Luz insuportável.
Bicho inanimável.
Incapaz.
Ineficaz.
Imbecil.
Pueril.
Inocente.
Inesperado.

Quanta fraqueza
Quanta frieza.
Mas dói,
Mas sorri,
então desse frio
resta enfim,
algo pelo meio,
nada de fim.

Ó minhas mais intrínsicas inspirações!
parece que de vós sobrais nada de lições
e o universo das conclusões se limitam ao estado instantâneo!

Volto ao meu primeiro diagnóstico:
Sou Burro.
Imedidamente burro.
E de burro virei surdo.
E de surdo fiquei cego.
E de cego fiquei outro.

Dos Campos ardentes do pensamento de Pessoa
Lembro de um homem de ar que sussurou assim:
'Debruço-me sobre o mar noturno e tenho saudades de mim!'

Voltando do paraíso lírico,
lúdico e encantado da poesia,
voltando do cambaleio vertiginoso da boemia
incrusto algo vago em minha vivência de pouca essência,
recobro minha essência de pouca vivência
e um fétido desconforto péssimo assombra
os músculos dos ombros
e vai por passeios a civilações de outros hombres
e vai por uma investigação violenta sobre outra
língua,
e lembro da vida
como nunca lembrei.

Oh, darling,
listen to this words:
they are every fuckin' thing
that lasts in my mind:

Se não existe confiança,
estou desconfiado.
Se não existe esperança
estou desesperado.
Se não tem graça,
sou desgraçado.
Se não tem morte,
desfaleci.
Se não tem sorte
no amor,
nem no jogo,
ela sobra para o quê?
para quem?

Ninguém,
este é meu nome.

Encosto na parede,
sinto sede.
 Mas como estou cansado d'água!

João Gabriel Souza Gois, Julho de 2012