domingo, 18 de agosto de 2013

Asco de gênero (degenerativo)

Maldito seja esse espectro que me circunda,
essa mão pesada, de violência profunda
e histórica. Do gênero violento em que me acho

que se faz, através da dor, o macho.

Nego! Nego no instante presente
a força pungente
que meus patriarcais
ancestrais
me fazem carregar nos ombros.

Será sempre esse gênero masculino o responsável
pelos escombros e incêndios da animá!
Será sempre o assombro maleável
dos músculos pretensiosos que me freará.

Não! Não e não!
Dessa vez não justifico nem legitimo a fuga,
agora vejo o dilema em forma substancial
de ganhar à força, como bruto animal,
o domínio das arbitrárias e artísticas semideusas.

Percebam! É raiva legítima!
Não me cerco da argumentação de quem se faz de vítima,
apenas percebo o peso insuportável
dessa mão, que mesmo querendo ser afável,
no fim fere.

Homem! Quem é você!?
Onde está sua identidade?
Se resume nessa imaturidade
que destrói Afrodite!?

Acredite que pode reger o que não sabe,
seja assim, um prussiano covarde,
que faz do mundo pura funcionalidade,
com sua vã racionalidade,
enquanto fere as rainhas da sensibilidade
e nunca confessa - nesse orgulho fétido - o Amor.

Crie dicotomias na sexualidade,
Diminua a diversidade,
mas nunca reclame, quando embriagado de imbecilidade,
do seu odor imanentemente nojento.

Em mim, o que resta é me perder,
há Amor, nisso não paro de crer,
mas me perco
pelo cerco
que esse asqueroso gênero me fez enclausurar.

Como, com anos de estupros e violência na mão masculina,
poderei eu finalmente acariciar a alma feminina
que tanto está em mim quanto nelas?

Resta, no peso histórico que trago comigo,
tentar provar que não sou inimigo,
mas como amá-las sem leva-las a dor?

Aos homens que assumem o asco de gênero como ofício:
Generais, patriarcas e frades promíscuos,
se escondam nesse peito de galo e sejam omissos,

mas nunca reclamem que lhes falta amor!

João Gabriel Souza Gois, 15 de agosto de 2013

O Paradigma das pernas é manifestado: desconforto escrotal quando entre-coxas.

Sou Anonymous ou sou coxinha?
Roubei a máscara da vizinha.
Quero muito o mundo mudar,
mas sem debate! Engole a pauta que eu mandar...

Canto os símbolos do Brasil,
mas não conheço seu sangue febril,
conheço doença, mistura pura, descaso e direitos do torcedor,
de disciplina, compostura: passado fosco que guardo amor.

A mim cabe os poderes da indignação,
sou novo na casa, mas mando e invento canção.
Vamos a Maresias: somos populares.

Vamos unidos, vamos, não pares!
Desconheço os ventos das maresias populares.

A mim, papai me disse, me cabe a decisão,
vocês que respiraram gás, luta e insistência,
me afirmo prudente, com veemência,
e deslegitimo agora, com passe livre.
Previdência privada de república isenta
Me livro da PEC,
mas não conto ao moleque
o que ela representa.
Te dou 5 Causas,
e ofusco as causas
de tanto caminhar.

Paguei o parquinho,
me vesti de canarinho
e mandei abaixar vossa bandeira.

Pois comecei andando de canto,
olhei a movimentação da beira,
mas agora que tomei gosto,
tomei posse da brincadeira,
e como iluminado pela minha vaidade,
não mostro minha cara de verdade,
mas incito com ritmo e canção,
a marcha fúnebre da grande Nação.

João Gabriel Souza Gois, 20/06/2013



OBS: Postado com indignação em meio ao rumo desvirtuado que os protestos de Junho tomaram, pela direita minoritária e a grande massa de manobra que nunca soube o que reivindicar e absorveu pautas genéricas de falsos Anonymous ou da Grande e Falsa Mídia. Agora, em Agosto, as ultimas manifestações foram novamente desvirtuadas, como na última sexta (2 de agosto), em que Chupadores-de-Coturno se misturaram ao povo. Eu não tinha postado, porque não gostava do tom desse poema, já que parecia dar a esquerda um título de dona da rua - ideia mórbida só de bater o olho. Mas depois do revoltante ambiente, posto novamente, e que fique claro que sou totalmente contra a auto-intitulada 'Vanguarda' e igualmente antagônico em relação à opinião de alguns amigos da esquerda que se predispuseram a desqualificar as manifestações e ainda pretendiam não mais participar das mesmas. A esses, um recado: Esquerda não tem medo de povo.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Anarchowissenschaft

Que todas as entidades a mim presentes,
as orgânicas, as metafísicas e as dissidentes,
percebam que quando o fluxo de minha gente
tende a tentar furar a mentira histórica
do Jesus louro, puritano e pária,
-negando o real e subversivo mouro, anti-estadista e sem pátria,-
do Brasil bobo, simplista, consumista e sem gingado
- não o subversivo caboclo, resistindo em bamba, mas ainda acorrentado.

Agora que tende a tentar,
os jagunços vão chegar,
vão gritar que são a lei,
lei sem poema, sem emblema, nem humanidade,
lei-escudo para a cama do covarde,
mas ainda assim, o sacolejo
-já disse a mim a baiana-
só vem depois de respirar.

E não interessa o que se respira,
se é vida, arte ou gás,
não interessa o que se inspira,
sabores, amores ou paz,
só interessa o que se identifica,
em meio aos vultos do simbolismo vazio,
como nação para o povo,
Como nação-povo-substância-bamba
Como pátria-comadi-infância-samba
- chega da nação dos falsos quadros com cavalos na serra.

Subestimem nossa inteligência,
e cometam a negligência
de achar que não sabemos
que cavalos não sobem serras.

E aquela mula que carregava
Pedro-luso,
representava o Brasil.
Nunca ele, sempre a Mula.

A mula que o assistia
cagar
ao aceitar
nossa primeira dívida
em troca de uma independência retórica.

Independência que ainda tarda,
pois calçamos botas nos bandeirantes,
independência vazia,
pois a cultivamos aos nossos ouvidos reprimidos
mas jamais a praticaremos
com estas mesmas mãos com as quais tapamos os ouvidos. 

Nossos consagrados assassinos
serão assassinados pelos
nossos esquecidos heróis,
que hão de um dia se levantar da cova,
junto com Jesus Mouro e sua Corja-subversiva,
E gritar ao mundo inteiro:

"A era de Aquarius nunca acontecerá
'Sem Violência'
porque eu 'não vim trazer a paz, mas a espada!' "


A libertação não será embriagada

de porrada
pura e gratuita.

Será violenta, organizada, autônoma e elevada.
Violenta ao passo que expõe a pobreza de espírito dos seres morais.
Violenta assim que tirar o monopólio da violência e da paixão.
Violenta assim que criar o pluripólio do amor e do outro como irmão.

Violenta como uma suave, serena, terna e lírica poesia em alemão.

João Gabriel Souza Gois, 1º de agosto de 2013