segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A Mulher.

Para que a frequência das postagens não fique tão baixa, resolvi - sem textos novos na cabeça - postar uma poesia que escrevi faz um tempinho.


A Mulher.


Oh! Beleza exótica.
Independência atraente.
Vida não-metódica
Configurada para saciar o que se sente.


Diferentemente das outras, Gauche.
Marcada pelo excesso de maquiagem
E pelo vermelho que torna carnudo os lábios.
Anseios explícitos nos olhares sábios.


Estereótipo de menina errante
Que abusa dos homens e consome mulheres.
Mas como orgulhosa pelo sexo frágil,
Se mostra feminista petulante,
E como opositora a todos os alferes,
Os imita sendo rígida e ágil.


Mas sua rigidez não prega o conservadorismo,
Suas roupas exóticas demonstram a proposta.
Abusa da moda para alimentar o que a alma exige do egoísmo,
Mas é solidária com os que nunca receberam resposta.


Resposta do mundo e das individualidades.
Aqueles que são acusados de terem negado as oportunidades,
Que o mundo nunca deu, mas que insistem em dizer que sim,
Só pra justificar os parasitas que são, no fim.


Que fim é esse que dizem que se demora?
Para a diva da independência este pode ser agora,
O importante é que abusou do que todo moralista recusou,
E quando lhe ofereceram o milagre, ela negou.


Porque sofreu demais com seus anseios,
Só por consumir e também possuir seios.


Cristo, o milagroso, impôs estar errado,
E assim a deixou com destino fadado
A ser a escória e a marginalizada,
A nunca mais poder escolher nada.


Mas essa diva que aqui se apresenta ganhou muito mais,
do que estes que agem de má-fé, achando que pregam paz.
Ela tem no mundo o que ela quiser,
E mesmo que no subterrâneo, eterna seja sua dor,
Ela conseguiu, mesmo que por alguns segundos, o meu amor.
  























João Gabriel Souza Gois, 25/01/2010

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Pessimismo + Felicidade ≠ Incoerência.

     Depois de ouvir alguns comentários e reparar no modo como são dados conselhos por aí, cheguei a conclusão de que as pessoas geralmente têm interpretações errôneas do que é ser pessimista. Lógico que pessimista é o oposto de otimista, e portanto um pessimista é o que sempre pensa pela pior das possibilidades. Essa interpretação é aceitável, um tanto quanto precipitada mas acima de tudo a mais usual; pelo fato de ser a mais usual, faz com que a maioria esmagadora das pessoas usem o termo de maneira pejorativa, e achem que os pessimistas são pessoas tristes e que vivem por viver.

     Eu me considero um pessimista. Não do ponto de vista do modo de agir, nem de conversar... Apesar desse blog existir uma dedicação exclusiva a mim - não pretendo virar um blogger famoso, escrevo para me satisfazer e publico pra quem quiser ler - muitos amigos meus disseram não me reconhecer perante os textos, porque ou eles têm um enfoque puramente baseado na minha torpe mente (angústias e felicidades) ou têm como alvo apenas demonstrar um pensamento ou reflexão que provavelmente construí após ler, tomar banho, discutir com os amigos, ou apenas refletir sozinho. Esse pessimismo que abordo, é do ponto de vista filosófico e portanto não tem necessariamente que ver com meu comportamento - eu não sou um chatolóide que fica falando difícil o tempo todo, pelo contrário, sou um dos maiores adeptos das gírias, e todos me conhecem pelo meu bom humor e excesso de animação (muito irritante, em muitos casos). O pessimismo, nesse caso, advém do fato de seguir, concordar, admirar e principalmente reproduzir os pensamentos pessimistas. O fato de não crer em destino, em vida após a morte, em razão de existência humana, missão, propósito da vida e etc. já se pode levar à triste conclusão de que a vida é indomável, finita, rápida e desnecessária (se não há nenhum propósito) e no começo, quando tais reflexões começaram a fazer sentido a mim, eu me entristeci.

     Sofri angústias por perceber que esperança é a unica maneira de se alimentar a vontade de viver, e por isso comecei a perceber (ou forçar) padrões na vida e definí-los - de maneira interessante porém infantil - para 'esperançar' esse anseio que é viver. Não há um Deus possível, provável ou que possa fazer algo objetivo e literal (e não simbólico e demente), não consigo praticar a má-fé existencialista(em termos gerais, evidentemente), não consigo deixar de concordar com os acasos de Nietzsche, não consigo deixar de duvidar de tudo como Descartes, mas tenho um lema - talvez pouco justificado e meramente postulado - de que o equilíbrio é o ideal inalcançável, porém carente de culto e busca (nunca se atingirá, mas criar métodos, e técnicas para alcançá-lo é a unica maneira de eficiência).

     No final criei uma esperança, baseada tanto nessa necessidade de equilíbrio que sei que é insuprível, quanto na criação de padrões para me apoiar e não me deixar desabar. Porém isso não muda o fato de que, cultivando essa verdade pessoal - a uso para não enlouquecer e manter algo possivelmente mais equilibrado - acabei por concluir tudo de maneira pessimista. Nascemos pra morrer, e quando morremos apodrecemos e ponto. As situações, constelações e coincidências são definidas pelo acaso, pela possibilidade e pela probabilidade. O tempo nunca existiu, e observar as mudanças de um objeto, pelos fenômenos que ele sofre, estabelecendo um antes e depois, levou o homem a criar um conceito válido para medir mas não para definir situações, e depois de intrinsecá-lo em sua mente por todas as culturas e etnias durante anos, acabou por tratá-lo como verdade absoluta e tentar explicar um início ao universo, algo que nunca - para mim - existiu. Não cultuo essas ideias: em verdade as acho improváveis... As verdades que busco são muito menos abrangentes e menos exageradas, e quanto a questões extremamente complexas e - convenhamos - infinitas, tenho apenas opiniões nuas, sem considerar nada que o romantismo pode trazer - não que eu seja contra o romantismo, aliás o aprecio nas relações humanas e devo muito a ele pela arte que sua influência criou; apenas não o enxergo em questões maiores - não há porque haver um propósito em super novas, buracos negros e relações de movimento entre astros, são fenômenos, assim como a vida e a morte. Essa conclusão, se pensarmos com eficiência, leva a destruir qualquer superstição, culto, religião, mito, ritual e também a ideia de sorte e azar... Levando isso a sério e trazendo pra si tais conclusões é possível ver como o chão sofre um abalo, a angústia ganha força e o fato de não existir esperança nem possível influência externa é por si só, pessimista.

     O interessante é que trazer essas conclusões, e arquivá-las como improváveis, nos leva a ser serenos e focarmos em como trazer discussões abrangentes para coisas mais imediatas da vida, como a vida social, a política, as opiniões sobre diversos assuntos e as maneiras de se conduzir dissertações. Apesar de tudo isso, se levarmos em conta que o acaso pode ser prazeroso - mesmo sem seguir um padrão (como a senóide, que já havia mencionado em outros posts) - do ponto de vista carnal, essencial e humano. Conduzir questões superficiais do dia-a-dia sem botar em prova seu pensamento (justamente por pensá-lo por pensar, e não em crer ou ter fé exacerbada e absoluta, que é extremamente desnecessário) e usá-lo justamente quando convém, faz crescer dentro de si, uma espécie de poder, meramente supérfluo e ingênuo, mas agradável e portanto estimluante (digno de receber o nome de felicidade). O pessimismo me fez sentir esclarecido de uma maneira que os cultos e outras coisas que simplesmente eram absurdas pra mim não conseguiram. Essa segurança, mesmo partindo da incerteza, me faz, apesar de desesperançoso, não temente a nada... Nem ao inferno, nem às pessoas. Eu sou muito mais livre, muito mais pronto para ser humano e não sou superior por isso, simplesmente sou muito mais feliz que os otimistas, que acabam se decepcionando quase que sempre, alimentando esperanças irrelevantes, cheias de alogias e condutoras de alienação e opressão.



Nietzsche (fazendo sexo): O pessimista  brincalhão (apenas nessa imagem, evidentemente).