quinta-feira, 30 de maio de 2013

Àurora

Quando ainda nem podemos dizer que completamos nossa vivência,
Quando o existencialismo nos diz que ainda falta essência,
Poderemos todos - amigos e parentes - vivenciarmos a experiência
e trocá-la
com um ser que ainda não fala
mas que está fadado, como todos dessa humanidade enlouquecida
a aprender com a ferida,
e mesmo sem ainda respirar sozinho,
esse ser pequeno, criado em ninho vizinho,
já suspira ou anseia vida.

Oh amiga, que conheço mais pelo silêncio sábio
do que por minha fala exagerada,
você será a primeira fada,
a lançar feitiços dentro de si mesma,
para que o entorno engrandeça,
e não pereça,
como a juventude hoje faz.

Num mundo de matança,
e de desarmonia,
meus raros e verdadeiros amigos de poesia,
deram luz à Esperança.

João Gabriel Souza Gois, 30 de Janeiro de 2013.

Obs: poema dado de presente a dois amigos (especificamente dado a uma amiga, no aniversário) que hoje pintam o quartinho de Aurora. (:

Pátria-Comadi-Gentil

Como me sinto preso aos limites de um corpo aparente!
Como quero apenas união entre toda essa gente!
Floresci no péssimo por ver consolo-metafísico-reativo,

mas quis fugir dele, quando tomou forma convicta de Ser altivo.

Ah! A tragédia!
Como pode ser tão fantástica?

só o é como todas as coisas da cultura ática,
e lemos, mas não concebemos infinitude,
helenos: universais em plenitude.

Quantas leituras modernas,

levaram suas reais riquezas ternas,
a aparecerem projetadas em cavernas
e perecerem enlatadas em conservas.


Helenístico: o exemplo do futuro no passado,
(pois o mundo globalizado está tomado
pelo Rei-abençoado de sagradas propriedades)
tem na sua miscigenação
uma insurreição de novas formas,
de novas músicas,
de novo mundo.

Mas de novo,
lembro da pós-modernidade,

e vejo que enquanto ela está fadada
à baixa espiritualidade e empatia,
reparo que na transição é onde agendei minha estadia,
e volto a mencionar a palavra que tanto repetia:
Estamos na Supremacia do Devir,

numa velocidade tão acelerada,
que consequência natural é sentir uma abalada
na estrutura (individual e coletiva) que nos carrega.

Mas de novo,
lembro do Brasil,

e vejo que a brasa não está só em seu nome,
vejo que foi artificialmente preenchido por aristocracia e renome,
mas que tem na sua essência tribal e primitiva,
primeva e construtiva,
um gigantesco prelúdio de misturas,

que mesmo que posteriormente presos a verticais e imponentes estruturas,
foi rotulado - no período de consumo -  como sociedade passiva,

daquelas que só engole fezes e saliva.

Isso é patético!
Seus nulos exemplos franceses e escoceses

os fizeram esquecer a origem da própria identidade!
Esqueceram-se do Canto das Três Raças!
Esqueceram-se de Canudos!
Enlouqueceram-se e deram vitória ao autoritarismo,

para que depois de um período obscuro de bipolarização e despotismo,
se contentassem com o Estado Democrático de Direita.
Acreditam mesmo que essa estrutura não pode ser frágil?
Acredita que por si só ela se mostra hábil?
E quem preenche cada trâmite dessa coisa 'pública'!?
Olha só que conclusão epifanicamente extraoridnária:
PESSOAS!

E pessoas não são más, nem boas.
Meu nome é João Gabriel Souza Gois e o maniqueísmo não me representa.

Fácil chamar de mau quem só apanha,

fácil recriminar mas também usar a influência do malandro e sua manha,
Ao Brasil resta uma esperança que não acanha,
que chora, que rola, que é estigmatizada,

que tem sua fé negada perante aqueles que querem o fim da constituição,
mas que, incrivelmente, age como Comadi:

Comadi Brasil.
A mãe compartilhada de nós todos.
Não Cai, balança.
Sem Pai, mas dança.
Sem paz, mas com esperança.
Se esvai, mas alcança.


Não é:
Está
amuada com tamanha herança.


João Gabriel Souza Gois, 30 de maio de 2013.



Obs:
               




Frio perto dos quentes. Quente perto dos frios.


Maníaco da oposição.
Ao mesmo tempo que me entristeço por não poder ter-te.
Me gratifico por saber que não me terá.
Assim garanto alguma equidade.
Maníaco da negação.

Maníaco da presunção.
Me afirmo superior com palavras e produção,
pois me senti inferior com o contraste da sua sim e a minha não-ação.
Maníaco da subestimação.

Maníaco da aceitação.

Barroco ateu.
Romântico real.
Maníaco da contradição.
 

Tranquei todos eles no hospício de meu coração,

para que meu sorriso não sorrisse em vão,
e eles fizeram uma revolução
no meu espírito.

Idealista não quer parar de idealizar,
mas o diabinho pragmático sempre o irá lembrar
o quanto freiou ação para uma ideia.
Diarreia de tanto engolir o mesmo discurso para si,

para ti e para todos restou o não entendimento.

Esse rio já não carrega sedimento,

então o delta Soberano

que dividiria suas águas não é mais alimentado,
a consequência disso será um rio mais livre.
Sem delta Que o prive.


João Gabriel Souza Gois, 10/09/2012

Obs: Outra antiga, do mesmo período, com outro propósito e outra estética.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Independe de palavras.

Fui.
Irracionalmente.
Saciado.
Indiscretamente.
Ocasionado.
Lada a lado.
Outro
Guia de ideias.
Ia me monitorando.
Antes que tomasse conta dele.

Afeto.
Faz da paz algo maior que o conceito
e o medo de preconceito
traria freios
a quem
deve
antagonizá-lo.

pelo
eu
lamentei
outros

ciumes abstratos
lamúrias abortadas
a vida como moeda
moendo o que veta
antes mesmo de considerá-lo
razoavelmente inovador

depreciação do valor próprio
euforia inóspita.

forçado
ou não
resiste
çabidamente equivocado, logo no começo desse tropeço verso.
antes de saber
se

amanhã haveria coesão nesse conjunto de estrofes
ou se a vida era como um dia a poesia foi

e não se foi
só aparenta
precisamente, e atormenta
ímpetos positivos
recorrentes do
instinto que graceja
tudo atrás da alma que o valha.
outra desconexão.

Fazer!
a u !
     i a ?

Onomatopeias
é o que saem,
quando palavras não sabem
o propósito de serem concebidas.
Vidas e vidas de longa espera pela perfeição divina,
reencarnações em novos colos concebidas
e de quê adianta?
Se o fim do mundo pode anteceder o fim.
Se a morte é o fim do mundo.
Em carne sem espírito.
Transcendendo o paquiderme
para desgastar energia
em soluções que a mente descrê,
e o corpo reluta.
Fé e luta,
transmuta a culpa
e novamente a faz aparecer no espelho,
não fiz o ritual,
não concebi nem colhi alegria
e continuo vermelho
nos olhos.
Assombro.
E o escombro de cada relíquia de perdão
se converte em um vão,
vago vão vivencia em vão
os viveres de vertentes
e via não vê para vertebrar
a mente e encorpá-la.
A mente é o espírito.

Tinhas razão,
meu pobre amigo imaginário
da literatura espontânea que me defende dos olhares:
Malditas idéias fixas!

Parabéns Brasil,
o que comemoras
ainda almejo.

João Gabriel Souza Gois, 07/09/2012

OBS: Escrevi e postei num tempo de melancolia desmedida, mas essa mesma melancolia me tornava tão instável que certo assombro e medo (que os Clowns ignoram) me tomaram ao ponto de tirá-la do blog. Agora, relendo, vi como a adoro.  Amo horizontalidade, em todos os sentidos políticos/sociais/culturais que ela possa ser considerada, mas poemas, muitas vezes, podem ser verticais - e seus versos também (uma dica para não me acharem tão desmedidamente Dadaísta, apesar de admirar o dadaísmo e considerá-lo como mais uma das influências). Foi publicado primeiramente no dia 10/09/2012.

sábado, 11 de maio de 2013

Guerra

Meu drama é sem motivo,
meu drama é patético,
meu drama é anti-ético,
mas ainda assim é meu drama.

E só eu vou entendê-lo.

Mas eles todos pareciam tão adultos falando,
e eu tão criança, imersando o sonho na vida de modo tão presente,
que o desprazer recente é efeito da causa.

Todos andavam com suas próprias pernas suseranas,
e eu, como servo de um super-ego prussiano,
me cortei, ano a ano,
mas transei com os franceses...
Com sua palavra, seu diálogo.
Francamente...
Franco-prussiana ou do Peloponeso?


João Gabriel Souza Gois, 16/04/2012