quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Into the void.

    Estava ouvindo Black Sabbath antes de ir para o cursinho hoje... Aí resolvi escrever algo que já tinha refletido um pouco com meus miolos... O vácuo. Vazio, eu me senti ultimamente, mas independentemente da choradeira de sempre, é legal reparar em algumas conclusões que eu tomei a respeito. Apesar da letra da música falar sobre a fuga da humanidade... Os humanos fugindo da Terra depois de destruí-la e começando a vasculhar o "império do vácuo" ou até uma possível menção a corrida espacial do contexto da guerra fria, porque a música é de 71. A minha reflexão tem outro foco... se trata da mais pura idéia do se sentir vazio, sensação que já quis ter em muitos momentos e agora simplesmente estou louco para pular fora...


No Vácuo.


A estabilidade que almejei,
A tranquilidade que sempre procurei,
O repúdio a Dionísio que sempre impus,
A necessidade de silêncio para dar vez à luz.


Contido, uno, inabalável, envolvido em granito.
Era o que sempre procurei, nas crenças, ciências, filosofias e mitos.

O mais puro, mais profundo, mais tranquilo vazio.
O vácuo, silencioso por falta de som, frio por falta de atrito.

Luz, só o que passa por ele.
Mas o excesso dela queima, cega.
A falta dela obscurece.

A falta do som, deixa de lado os barulhos incessantes,
Os argumentos infantis e repugnantes.
Mas também some com a música e as epifanias dos gritos de prazer,
Os versos desconstruídos e torpes
Profundos e embaralhados na essência e nas cordas vocais,
Que exprimem o som aparente, e o pensamento por trás dele.
O signo escondido (a essência do prazer)
Que no fim é representado por nada além das interjeições
E onomatopéias que dizem tudo sem nada dizer.
Expõem o desejo e amor da união de dois corpos em um único ser.

A falta de atrito, permite o fim do desgaste,
O fim do choque,
Mas produz a situação mais não natural possível,
Fazendo com que sons anteriormente mencionados não
Possam vir a ser.
Tanto pela falta de um estimulo para a produção destes,
Como pelo fato de no vácuo não existir matéria.
Para que, além do monótono pulsar da artéria,
Haja algo por onde se propagar.

E o atrito pode fazer, além de tudo,
O excesso frear,
O amor sair da mente e virar ação:
O simples exercício físico do que há no coração.
Amor este, que tem o atrito como ator de sua representação.
Que o tem como intermédio de sua propagação.

Analogamente, o atrito é para o amor,
O que a matéria é para o som.
E cá, sem atrito, sem matéria,
O resquício de amor, se converte em dor.

Pois não pode representar, não pode propagar.
O que adianta amor, sem poder amar.

O infortúnio do vazio, poderia ser almejado, quando se queria luz e calma.
Mas não há motivo almejá-lo,
Quando a luz vira coadjuvante e o amor personagem da alma.

Ao imbecil, impedido de saciar o mínimo que sua essência pede
Só seria interessante ter o vácuo como sede,
Se não amasse ninguém.
Mas se é imbecil e tem anseio, é porque ama,
Então o vácuo não é nada além do que seria para um doente
A cama.

Queria sentir o cheiro das flores, de vida, de tudo.

Mas só tenho luz, de fontes não confiáveis
Estrelas duvidáveis, que possivelmente já explodiram há anos.
E de que adianta essa luz se não há o que iluminar? 
Repito: o que adianta amor, sem poder amar.

No vácuo, louco e lúcido.
Paradoxo inquestionável.
Na vida, bobo e estúpido
Pelo amor altamente inflamável.

A chama não chama mais quem deveria.
A fama importa mais que a garantia.
O homem não é mais humano.
Ora se tem sanidade e o vazio,
Ora se é feliz, amando e com conhecimento distorcido,
Inútil... Em vão.

A inconformidade para com o que sempre foi o mais lógico possível
Mostra como falar que o amante é insano é totalmente plausível.
Devaneios prazerosos ou lucidez corrosiva?
Eis a questão.

João Gabriel Souza Gois, 24/11/2010.


terça-feira, 23 de novembro de 2010

Latindo um Manifesto: Fatos corrompidos pela paixão; Dizeres de grandes sendo usados em vão.

     Passaremos toda uma vida lendo, estudando, pesquisando e escrevendo. Tudo isso para criarmos teorias baseadas no que foi lido, estudado, pesquisado e escrito, e desta maneira tentarmos, com o mínimo da ciência, criar o ideal e tentar praticá-lo da maneira mais fiel. As nossas concepções e princípios, definidos pela ideologia da época, pela criação e cultura em que vivemos e pelas epifanias que transmitem a essência através do singelo e mágico momento de amor e respeito, serão todos ignorados pelo momento da razão, que apesar de não adequada a todas as situações, ao tratar das relações sócio-econômicas, políticas, diplomáticas e mínimas para convivência de qualquer ser em paz, harmonia e conforto tem de ser aplicada a todo custo.

     A dialética, apesar de falha dependendo do assunto que a exige, é necessária.


     Mas sempre haverá como usar citações de grandes autores, para distorcer e manipular o maior e mais desrespeitado bem da humanidade: a informação. Com certeza a fúria do interesse privado destruirá anos de batalha para construção de um amor sincero, anos de estudos para a criação de uma teoria consistente ou anos de prática de um exercício de participação popular, para apoiar golpes como no Brasil em 1964. Com certeza nomes de grandes como Marx, John Locke, Maquiavel, Clarice Lispector, Drummond, Hobbes, Rousseau, Aristóteles, Platão, Sartre, Descartes, Camões, Fernando Pessoa, Raul Seixas, Graciliano Ramos, Machado de Assis e muitos outros fantásticos em suas poesias, filosofias, músicas ou narrativas, serão usados em vão, por alguma alma vazia que defende uma posição confortável ou simplesmente injustificável para amplificar argumentações fúteis ou realizar o mais manjado maniqueísmo e se exaltar como "o bom"; ou no mínimo criar uma situação pior para apoiar a sua opção como "a melhor", nada além do bom e velho sincretismo religioso que aparece desde as mitologias clássicas politeístas até as Igrejas Universais do Reino de Deus de hoje em dia.


     Em síntese, todos nós confundimos o que é essencial para todos, com o mais superficial dos desejos individuais... E usamos erroneamente nome de grandes... Que pelo menos sejamos sinceros em admitir e percebamos como se deve tratar a essência, para não agirmos de maneira fanática ou supérflua demais e terminar simplesmente tentando justificar o injustificável em prol do interesse privado. Sejamos honestos com todos os seres, para finalmente vivermos em uma sociedade de verdade. Pois o que mais se vê é a manipulação e o egoísmo, amplificando, além de tudo, uma relação cada vez menos socialista (não me refiro à ideologia, ou ao modo de produção, mas sim à maneira de organização "em sociedade" ) e cada vez mais comensalista para os não beneficiados pela ordem atual e parasita para os enganados pelos dizeres deturpados dos supostos "amores"(ou ex-amores), "Deuses" e "Datenas" desse nosso mundo.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

O clichê de minha mente: cem idéias sem palavras, ou cem palavras sem idéias.

Patrimonialista.
Patriarcal.
Putrefado.
Pior.
Pertinente.
Pensionista.
Policia.
Poluição.
Preparação.
Podre.
Papa.
Padre.
Pedofilia.
Pecado.

Heresia.
Homofobia.
Homem.
Hegemonico.
Heterozigoto.
Humano.
Hipócrita.
Hilotas.

Escravidão.
Exploração.
Estamental.
Estupro mental.

Lobotomia.
Letreiro.
Lucro
Lucro.
Lucro.
Leis, Lucro.
Letras.
Lusofobia.
Leitor
Lapidado.
Lamento,

Mais um lamento entre tantos.
Maquina.
Manufatura.
Movimento.
Mobilização.
Massa.
Massa cheirosa.
Miscigenação.
Mentira.
Mentira.
Missa.
Missão.
Madre, maculada.
Meu.
Meu.
Meu.

Eu.
Eu.
Eu.

Idio, Ego.
Individuo Cego.
Incompetente.
Isso mesmo,
Incompetente.
Imbecil.

Esquecido pela,
Vontade.
Escomungado em prol da
Verdade.
Fé,
Cristo.
Zé,
Cisto.

Xenofobia.
Nordestinos,
Povo ignorante,
Povo suíno.

Responsável por toda a culpa,
Do desenvolvimento aqui presente.
Povo fedido, pobre e estúpido,
Que dividiu o dinheiro da gente.

Tudo é meu.
Teu nunca.
Meu.
Eu.
Leis, Lucro.
Lucro.
Eu.

Desgosto.
Desgaste.
Desconforto.
Desempate.
Desgraça.
Desabrigo.
De tudo não têm nada.
Dinheiro, moeda cara.

Conservadorismo.
Neoliberalismo.
Comunismo.
Absolutismo.
Quem é mais ismo que o outro?
O povo continua solto.
A lei amplifica o lucro.
Lucro.
Lucro.

Não é uma questão de "ser povo"
Ou uma questão de amor ao próximo.
É mais profundo do que qualquer outra moral,
É o mínimo do animal.
Que dentro de si, sente vontade.
Discurso não mata sede.
Campanha não mata fome.
Quem come, divulga a assassina presidente.
Quem, aos poucos some, prefere o capeta, vermelho e com tridente.
Que te de o mínimo, e dê pra toda sua gente.
Comida, dinheiro, abrigo e economia quente.

Do que um divino, amigo do pastor.
Que espalha, além de tudo, muita dor.
Que é amigo do amigo, como todos desse meio.
Mas que tem nojo de gente que sente anseio.
Anseio de vida.
De dignidade.
De respeito mínimo.
De caridade.

Existem muitas barreiras, nesse assunto aqui presente.
Existem mais problemas, nas pessoas, do que nos presidentes.
Mas se um brasileiro como eu, pode agora comer.
Mesmo não sendo cristão nem judeu, tenho que atender.

Não porque sou bonzinho,
Bom Cristão amigo do meio ambiente.
Mas porque preso o mínimo do Ser, de toda gente,
Não só pra mim, mas para qualquer indivíduo.
E foi tentando pregar isso, que fui jogado para escanteio.
Mas que devaneio!
Não falo de exílio, nem de autocracia.
Mas sim da ditadura da maioria,
Manipulação midiática chamada democracia.
Tomada pelo obscurantismo contra a heresia.

Falo da ditadura da vontade individual,
Que fez-me triste sem meu amor. Fez-me sentir animal.
Pois se todos somos, que pelo menos sejamos.
Que sociedade é essa, onde se parasita os humanos.

Se alguém é contra a sobrevivência e saiba como sustentar
Não se apavore ao se apresentar.
Mas enquanto por outras reformas têm que se esperar,
O melhor de tudo é assistir os explorados, criadores de tudo,
Mais do que qualquer Deus, sendo no mínimo alimentados.
Mesmo que sejam estereotipados.

Mas a nova ordem mundial deixou bem claro.
Cada um cuida do seu.
Nada é teu.
Tudo é meu.
Meu.
Meu.
Eu.
Eu.

Meu Deus.
Meu Amor.
Minha Casa.
Meu pavor.

Diferente das formigas, que são biologicamente divididas em
Operárias, Soldadas e Rainhas.
O Seres Humanos são socialmente divididos em explorados e exploradores amigos da Igreja.
Que impede que o explorado veja.

Sem nenhuma proposta, mas com pedras na mão,
Te convido a concordar, ou não.
Que independentemente do que qualquer filosofia julgue como correto,
Cada um de nós tem que saber o alfabeto,
Comer comida.
Porque juntos somos todos grandes.
E os menos valorizados e criticados de maneira unânime,
Formam a economia na base da pirâmide.


João Gabriel Souza Gois, 16/11/2010.

sábado, 13 de novembro de 2010

Dummond no meu lugar; hora de descansar e deixar o mestre falar.

     Cansado de escrever nos últimos tempos, e até certo ponto atarefado - apesar de não cumprir com todas as tarefas fielmente. Vou postar uma poesia de Carlos Drummond de Andrade, que gostei muito por simplesmente identificá-la com o que não queria que fosse verdade, mas que reconheço. Concordo com os versos todos, exceto por achar que as coisas sempre podem se renovar, mesmo que demore uns bons anos. E cuidar para que essa hora demore, é simplesmente reciclar os lixos dos excessos de cada um envolvido, tornando todo relacionamento, tanto de amizade, como os enamorados, contagiantes por si só. Tá aí:




A hora do cansaço 

As coisas que amamos, 
as pessoas que amamos 
são eternas até certo ponto. 
Duram o infinito variável 
no limite de nosso poder 
de respirar a eternidade. 

Pensá-las é pensar que não acabam nunca, 
dar-lhes moldura de granito. 
De outra matéria se tornam, absoluta, 
numa outra (maior) realidade. 

Começam a esmaecer quando nos cansamos, 
e todos nós cansamos, por um outro itinerário, 
de aspirar a resina do eterno. 
Já não pretendemos que sejam imperecíveis. 
Restituímos cada ser e coisa à condição precária, 
rebaixamos o amor ao estado de utilidade. 

Do sonho de eterno fica esse gosto ocre 
na boca ou na mente, sei lá, talvez no ar. 


Carlos Drummond de Andrade, 1984.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Reflexões sobre o real; o canibal e o pesadelo.


     Às vezes estamos tendo pesadelos e acordamos aliviados... É curioso. Mais interessante é quando estamos sonhando e acordar é o pesadelo... Sonhando com o que idealizamos, e acordamos com a realidade canibal, individual, que só na teoria, na ciência e na filosofia nos deixa angustiado... Quando há motivos pessoais, das paixões e dos sentimentos mais comuns do coração humano para que a realidade seja em si o pesadelo, queremos a todo o momento, mais do que nunca, dormir. Por isso existem os suicidas; são tão fracos ao acordar, que resolvem dormir para sempre... Mas se eles compreendessem a senóide talvez não agissem assim. Enquanto isso, continuo acordando destruído e dormindo iludido... até que o sono volte a ser palco de pesadelos, e a realidade o alívio.

     Em outros momentos menos obscuros, já ouvi anúncios de pesadelos que terminavam com alívio, e um abraço, sumia com o susto. Agora eu anuncio aos que antes me anunciaram: Os pesadelos que tinham, viraram minha realidade, meu sono virou meu alívio. 

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Exercício da reconstituição.

Gritar aos sete mares,
Que sofreu de todos males,
Adiantará em que?
Continuarás a sofrer !


Ignorar o que está em sua frente,
Se fazer de demente.
É impossível,
Conseguir, com naturalidade, é incrível.


Provar que na situação,
Você terminou no chão.
Que investiu todo o amor,
E recebeu mais pura dor.
Acrescentará em que?


A gravidade aumentou,
A massa aumentou.
A cabeça está mais pesada,
Pois não consegue ficar alienada.


Os olhos poderiam se voltar pra dentro,
Mas investigam tudo a sua volta,
E o primeiro sentimento é a revolta
De não ser mais o que um dia foi o centro.


Depois vem compreensão,
De que de agora em diante não há mais solução,
E que tudo é resultado de ações que criaram a situação,
E que a resultante dessas ações lhe empurraram para o chão.


De fato minha cabeça está pesada.
Pois estou no chão e sem o meu amor, que desgosto.
Ela curte o maior prazer, o maior gozo
Que nunca pude propiciar,
Mesmo depois de fazer de tudo para todo mundo:
Termino mesmo como um moribundo?


Se a falta de amor e a falta de compaixão
São culpas puras da situação,
Para que então, ficarei a esfaquear meu coração?


Renascimento não é a palavra,
Pois não volto a ser larva.
Reconstituição sim !
Pois cresço partindo de mim:
Grande e crescido como estou agora,
Tolo, fodido, por situações do mundo afora.
Mas nada que dói em mim, o que provocou essa dor
Me pertence mais.


O que me pertence é o orgulho e o valor,
Baseados no que creio.
Mesmo não podendo mais tocar
Aquele seio,
Contenho meu anseio
Para me recriar, renovar, reconstituir !


E em vez de sair da cinzas,
Sairei do solo,
Pois foi onde me afundei me redimindo por pessoas fúteis
Foi onde cultivei características inúteis.


Sair, rir, conhecer pessoas inteligentes,
Que entendam e filosofem sobre mentes,
Sociedade, música ou poesia,
E que saiam da infantilidade da adolescência
Conhecendo o ser humano e a essência.


Que não sejam moralistas quando convém,
Que tenham suas justificativas.
Mas que vivam a vida, sem freio, das maneiras mais ativas.


Pessoas vivas, conhecedoras, e reconstituidas.
Pessoas que entendam a profundidade das coisas 
E não que apreciem só para agradar.
Diferente daquelas que usam o que é útil,
E dizem que gostam para agradar e pra esconderem seu lado Fútil.


Mereço alguém novo, alguém que conteste questione e reivindique o novo
Que não me deixe sozinho a escolher ou criar responsabilidade.
Alguém que me avalie não só pela idade.


Que saiba rir como idiota quando as besteiras da vida lhe mostrarem
Que a vida é mais profunda do que ser melhor, rico ou professor.
Que o importante é ser conhecedor !
Que se aventure comigo pelos prazeres do universo,
Que saiba o que é poesia, não só na teoria, mas no verso.


Que tenha personalidade preenchida
Por reconhecer a parte escura da vida,
E não alguém predestinado à rotina,
Que segue padrões sem questioná-los
E se diz cristão ignorando a batina.


Quero alguém que não existe !
Alguém que preencha,
O vazio deixado pela última.
Não precisa ser a companhia perfeita.


Mas não pode ser direita,
Tem que ser esquerda assumida.
Pois as direitas, se fazem de moças,
E depois deixam feridas.


E as esquerdas compreendem, apesar de extrovertidas,
Que o legal não é só amar, como é também unir as duas vidas,
Fazendo debates, lendo livros ou agindo com cortesia,
Sabendo ler e entender a essência da poesia !


Mas antes me autodestruo.
E em seguida me reconstruo...
Pois sou forte para isso.
Sou filho, homem e já fui namorado,
Sei que estou preparado.


Sou leitor, fraco teórico e estudante...
Aprecio o conhecimento abundante.
Mas agora nem no solo estou para me recriar...
O subterrâneo, por enquanto, é meu lar...
E o que vai se passar
Me fará afundar, mais e mais.


Mas a parte linda de entender a construção exata das coisas,
De teorizar, filosofar e exagerar.
É entender (ou apenas crer) que existe a senóide...
E o ponto mais baixo ainda está por vir...
Mas depois que ele passar
Só me restará um único destino.
E este destino é subir.

João Gabriel Souza Gois, 7/11/2010

sábado, 6 de novembro de 2010

Exercício do esclarecimento.

Esclarecer com mentira,
Dizendo o que lhe traz razão,
Sabendo que destruirá o que já esteve em sua mira,
E hoje não.


Esconder o que pode ter acontecido,
Dizer tudo com o palavreado distorcido.
Esclarecer sem deixar esclarecido
Que não só sofri como vou continuar sofrendo,
Vendo o imediatismo me destruindo e sendo
A vingança sem motivo, feita por quem não se esperava estar fazendo.


Se sentir então um ser horrendo.
Por ter sido o provocador disso tudo.
E por a culpa em todo o mundo.
Em vez de transmitir a verdade da situação
Para mostrar que hipocritamente, queria atenuar a dor em meu Coração?


É mesmo o típico de um cristão.
Mostrar que o bom é possível.
E criar um monstro horrível,
Para justificar suas Ações.


Não sou ninguém para impor moral,
Muito menos pra impor um valor.
Mas a sociedade não existe sem os dois,
Eu não existo sem você.


Não preciso te ter, não preciso te conhecer.
Preciso no mínimo de respeito, de algum valor receber.


Para alguém como eu, ser atropelado
Depois de se redimir, e ignorar o orgulho herdado.
É mais difícil do que prever o que aconteceu e o que acontecerá,
E que periodicamente o exercício da autodestruição se repitirá.


Quer viver?
Viva !
Quer fazer?
Faça !
A Liberdade é linda,
A Liberdade é mágica.


Mas sem hipocrisia,
Não vivemos em anarquia.
Se não tem nenhum valor nem moral, normal.
Se não tem nenhum respeito, nem regras: Animal !


Sei o que fará,
Sei porque fará.
Não precisa justificar.
Mas se sozinha terminar, em algum dia,
Não reclame em nenhum momento da vida.
Pois se quer apoio dos que estão ao lado,
Comece respeitando, mesmo que seja diplomaticamente...
Mesmo que isso perturbe sua mente.


Porque ninguém tem obrigação de aceitar,
Todos tem sua moral para se apoiar.
Mas o mínimo de todos é respeitar...
Esclarecer com mentiras, não é começar !


Ainda mais comigo, que lhe cedi respeito...
Quem nunca te deu motivo para ser atropelado,
Não por um dia ter conhecido você,
Mas por ter cedido um tempo considerável
E negar o provável, que era acabar assim.
Pois nunca pensou em mim,
E sim no que lhe convinha...


Agora o que lhe convém é viver a vida,
Mesmo que assim termine vazia,
E que seja para contar para as amigas.
Mesmo que um dia perca quem te cedeu tempo e amigos,
Mesmo que todos do seu lado terminem feridos.



João Gabriel Souza Gois, 6/11/2010

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Exercício da autodestruição.



A vida de tão mole,
Se tornou dura.
Porque não sofro de fome,
Sofro de fartura.


Porque o amor me consome,
E apelo pra poesia
Mas esta não atinge nada,
Assim como a autodestruição que é a fantasia.


Fantasia que criei,
Que neguei, mas permiti.
Buraco Negro que ocasionei,
Destruindo a estrela que iluminava-me.


Dono de uma angústia de nascença,
Dono de uma crise de crença.
Culpado da própria sentença
Que criou, e amplificou, com a mais desnecessária ofensa.


No fim,
Termino só.
No fim,
Viramos pó.


Cada vez mais acho que nasci para morrer,
Que cada momento feliz é para simplesmente esconder
A responsabilidade de criar um referencial,
Para ser alguém bom, superior e superficial.


Às vezes, questiono o começo das coisas.
Pois se nunca tivesse existido, nunca teria me angustiado.
Se nunca tivesse te possuído, nunca teria terminado.


Mas depois penso no que já ignorei 
Para cultivar meu ódio.
Nos momentos lindos que passei,
Mesmo que não fossem ouro branco, e sim banhados a Ródio.
Ou que fossem os mais intensos,
Mais verdadeiros.


Fossem não, eram.
Pois agora, todos (os bons e os ruins) se encerram.
Assim como vidas não vão a lugar algum, eles simplesmente se enterram.


Termino em situação similar à de um moribundo.
Quando escrever, pensar e viver, não me livram mais do mundo.
Do mundo que me obriga a ser patriarcal, e no fim perder o que amo.
Do mundo que me obriga a ser animal, e no fim deixar de ser humano.


Humano não sou mais.
Humanos são animais
Que vivem em sociedade,
E para esta sou uma doença com sua certa raridade,
Mas independentemente do que esta diga para mim e para o meu próprio mundinho,
Não sou humano, pois não estou em sociedade, estou sozinho.

João Gabriel Souza Gois, 4/11/2010

[...] Kafka ! Kafka !

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Do fundo do Baú

     Apesar de não tão antigos, achei umas coisas que escrevi há meses atrás... Achei bem esquisito na verdade, um pouco clichê de um lado, engraçadinho do outro, mas de qualquer maneira, achei interessante compartilhar. São dois poemas... Aí estão:

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Anacronismo.


Sociedade estamental,
Ou classe social desigual.
Diferença não existe,

A não ser o povo pobre, maltrapilho e triste.


Tanto servos como o povo escravizado,
Sofrem, de maneira análoga, como o proletariado.


Sempre haverá uma parcela do conservador,
Que espalhe aos hilotas, fome e dor.
Sempre haverá um resquício,
No coronel ou no empresário, do espartano ou do patrício.


Robespierre ilumina,
Lênin, antes de começar, termina.


De senhor feudal à governo federal,
Tudo que se vê é uma sociedade patriarcal.


Conflito de camadas,
Conflito de poder,
As Forças foram chamadas;
O povo vai sofrer.


Homens Bons esses Nazistas,
Ops! Falei errado... Eles são Integralistas !


A esperança se enterra, e nada se alcança.
É o fim da Guerra.
O Povo não tem comida, não tem dinheiro, nem tem terra.
Não tem educação, por isso tem fé e esperança...


Das ruínas, o extremo acena.
Levando política, aos que merecem pena.


João Gabriel Souza Gois, 25/08/2010


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Superfície a olho nú.

No bosque,
Na rua,
Noite crua,
Sem enfoque.


Silenciosa surge:
Ilusão despercebida,
Disfarce da vida.
Moulin Rouge.


Ao longo de uma vida toda, a felicidade
É momentânea, singela... Curta.
Vem terceira idade.


Auge da impotência... Se surta.
Vem então a insanidade,
Que a morte furta.


João Gabriel Souza Gois, 18/08/2010

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