segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Exercício da reconstituição.

Gritar aos sete mares,
Que sofreu de todos males,
Adiantará em que?
Continuarás a sofrer !


Ignorar o que está em sua frente,
Se fazer de demente.
É impossível,
Conseguir, com naturalidade, é incrível.


Provar que na situação,
Você terminou no chão.
Que investiu todo o amor,
E recebeu mais pura dor.
Acrescentará em que?


A gravidade aumentou,
A massa aumentou.
A cabeça está mais pesada,
Pois não consegue ficar alienada.


Os olhos poderiam se voltar pra dentro,
Mas investigam tudo a sua volta,
E o primeiro sentimento é a revolta
De não ser mais o que um dia foi o centro.


Depois vem compreensão,
De que de agora em diante não há mais solução,
E que tudo é resultado de ações que criaram a situação,
E que a resultante dessas ações lhe empurraram para o chão.


De fato minha cabeça está pesada.
Pois estou no chão e sem o meu amor, que desgosto.
Ela curte o maior prazer, o maior gozo
Que nunca pude propiciar,
Mesmo depois de fazer de tudo para todo mundo:
Termino mesmo como um moribundo?


Se a falta de amor e a falta de compaixão
São culpas puras da situação,
Para que então, ficarei a esfaquear meu coração?


Renascimento não é a palavra,
Pois não volto a ser larva.
Reconstituição sim !
Pois cresço partindo de mim:
Grande e crescido como estou agora,
Tolo, fodido, por situações do mundo afora.
Mas nada que dói em mim, o que provocou essa dor
Me pertence mais.


O que me pertence é o orgulho e o valor,
Baseados no que creio.
Mesmo não podendo mais tocar
Aquele seio,
Contenho meu anseio
Para me recriar, renovar, reconstituir !


E em vez de sair da cinzas,
Sairei do solo,
Pois foi onde me afundei me redimindo por pessoas fúteis
Foi onde cultivei características inúteis.


Sair, rir, conhecer pessoas inteligentes,
Que entendam e filosofem sobre mentes,
Sociedade, música ou poesia,
E que saiam da infantilidade da adolescência
Conhecendo o ser humano e a essência.


Que não sejam moralistas quando convém,
Que tenham suas justificativas.
Mas que vivam a vida, sem freio, das maneiras mais ativas.


Pessoas vivas, conhecedoras, e reconstituidas.
Pessoas que entendam a profundidade das coisas 
E não que apreciem só para agradar.
Diferente daquelas que usam o que é útil,
E dizem que gostam para agradar e pra esconderem seu lado Fútil.


Mereço alguém novo, alguém que conteste questione e reivindique o novo
Que não me deixe sozinho a escolher ou criar responsabilidade.
Alguém que me avalie não só pela idade.


Que saiba rir como idiota quando as besteiras da vida lhe mostrarem
Que a vida é mais profunda do que ser melhor, rico ou professor.
Que o importante é ser conhecedor !
Que se aventure comigo pelos prazeres do universo,
Que saiba o que é poesia, não só na teoria, mas no verso.


Que tenha personalidade preenchida
Por reconhecer a parte escura da vida,
E não alguém predestinado à rotina,
Que segue padrões sem questioná-los
E se diz cristão ignorando a batina.


Quero alguém que não existe !
Alguém que preencha,
O vazio deixado pela última.
Não precisa ser a companhia perfeita.


Mas não pode ser direita,
Tem que ser esquerda assumida.
Pois as direitas, se fazem de moças,
E depois deixam feridas.


E as esquerdas compreendem, apesar de extrovertidas,
Que o legal não é só amar, como é também unir as duas vidas,
Fazendo debates, lendo livros ou agindo com cortesia,
Sabendo ler e entender a essência da poesia !


Mas antes me autodestruo.
E em seguida me reconstruo...
Pois sou forte para isso.
Sou filho, homem e já fui namorado,
Sei que estou preparado.


Sou leitor, fraco teórico e estudante...
Aprecio o conhecimento abundante.
Mas agora nem no solo estou para me recriar...
O subterrâneo, por enquanto, é meu lar...
E o que vai se passar
Me fará afundar, mais e mais.


Mas a parte linda de entender a construção exata das coisas,
De teorizar, filosofar e exagerar.
É entender (ou apenas crer) que existe a senóide...
E o ponto mais baixo ainda está por vir...
Mas depois que ele passar
Só me restará um único destino.
E este destino é subir.

João Gabriel Souza Gois, 7/11/2010

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