quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Exercício da autodestruição.



A vida de tão mole,
Se tornou dura.
Porque não sofro de fome,
Sofro de fartura.


Porque o amor me consome,
E apelo pra poesia
Mas esta não atinge nada,
Assim como a autodestruição que é a fantasia.


Fantasia que criei,
Que neguei, mas permiti.
Buraco Negro que ocasionei,
Destruindo a estrela que iluminava-me.


Dono de uma angústia de nascença,
Dono de uma crise de crença.
Culpado da própria sentença
Que criou, e amplificou, com a mais desnecessária ofensa.


No fim,
Termino só.
No fim,
Viramos pó.


Cada vez mais acho que nasci para morrer,
Que cada momento feliz é para simplesmente esconder
A responsabilidade de criar um referencial,
Para ser alguém bom, superior e superficial.


Às vezes, questiono o começo das coisas.
Pois se nunca tivesse existido, nunca teria me angustiado.
Se nunca tivesse te possuído, nunca teria terminado.


Mas depois penso no que já ignorei 
Para cultivar meu ódio.
Nos momentos lindos que passei,
Mesmo que não fossem ouro branco, e sim banhados a Ródio.
Ou que fossem os mais intensos,
Mais verdadeiros.


Fossem não, eram.
Pois agora, todos (os bons e os ruins) se encerram.
Assim como vidas não vão a lugar algum, eles simplesmente se enterram.


Termino em situação similar à de um moribundo.
Quando escrever, pensar e viver, não me livram mais do mundo.
Do mundo que me obriga a ser patriarcal, e no fim perder o que amo.
Do mundo que me obriga a ser animal, e no fim deixar de ser humano.


Humano não sou mais.
Humanos são animais
Que vivem em sociedade,
E para esta sou uma doença com sua certa raridade,
Mas independentemente do que esta diga para mim e para o meu próprio mundinho,
Não sou humano, pois não estou em sociedade, estou sozinho.

João Gabriel Souza Gois, 4/11/2010

[...] Kafka ! Kafka !

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