quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Into the void.

    Estava ouvindo Black Sabbath antes de ir para o cursinho hoje... Aí resolvi escrever algo que já tinha refletido um pouco com meus miolos... O vácuo. Vazio, eu me senti ultimamente, mas independentemente da choradeira de sempre, é legal reparar em algumas conclusões que eu tomei a respeito. Apesar da letra da música falar sobre a fuga da humanidade... Os humanos fugindo da Terra depois de destruí-la e começando a vasculhar o "império do vácuo" ou até uma possível menção a corrida espacial do contexto da guerra fria, porque a música é de 71. A minha reflexão tem outro foco... se trata da mais pura idéia do se sentir vazio, sensação que já quis ter em muitos momentos e agora simplesmente estou louco para pular fora...


No Vácuo.


A estabilidade que almejei,
A tranquilidade que sempre procurei,
O repúdio a Dionísio que sempre impus,
A necessidade de silêncio para dar vez à luz.


Contido, uno, inabalável, envolvido em granito.
Era o que sempre procurei, nas crenças, ciências, filosofias e mitos.

O mais puro, mais profundo, mais tranquilo vazio.
O vácuo, silencioso por falta de som, frio por falta de atrito.

Luz, só o que passa por ele.
Mas o excesso dela queima, cega.
A falta dela obscurece.

A falta do som, deixa de lado os barulhos incessantes,
Os argumentos infantis e repugnantes.
Mas também some com a música e as epifanias dos gritos de prazer,
Os versos desconstruídos e torpes
Profundos e embaralhados na essência e nas cordas vocais,
Que exprimem o som aparente, e o pensamento por trás dele.
O signo escondido (a essência do prazer)
Que no fim é representado por nada além das interjeições
E onomatopéias que dizem tudo sem nada dizer.
Expõem o desejo e amor da união de dois corpos em um único ser.

A falta de atrito, permite o fim do desgaste,
O fim do choque,
Mas produz a situação mais não natural possível,
Fazendo com que sons anteriormente mencionados não
Possam vir a ser.
Tanto pela falta de um estimulo para a produção destes,
Como pelo fato de no vácuo não existir matéria.
Para que, além do monótono pulsar da artéria,
Haja algo por onde se propagar.

E o atrito pode fazer, além de tudo,
O excesso frear,
O amor sair da mente e virar ação:
O simples exercício físico do que há no coração.
Amor este, que tem o atrito como ator de sua representação.
Que o tem como intermédio de sua propagação.

Analogamente, o atrito é para o amor,
O que a matéria é para o som.
E cá, sem atrito, sem matéria,
O resquício de amor, se converte em dor.

Pois não pode representar, não pode propagar.
O que adianta amor, sem poder amar.

O infortúnio do vazio, poderia ser almejado, quando se queria luz e calma.
Mas não há motivo almejá-lo,
Quando a luz vira coadjuvante e o amor personagem da alma.

Ao imbecil, impedido de saciar o mínimo que sua essência pede
Só seria interessante ter o vácuo como sede,
Se não amasse ninguém.
Mas se é imbecil e tem anseio, é porque ama,
Então o vácuo não é nada além do que seria para um doente
A cama.

Queria sentir o cheiro das flores, de vida, de tudo.

Mas só tenho luz, de fontes não confiáveis
Estrelas duvidáveis, que possivelmente já explodiram há anos.
E de que adianta essa luz se não há o que iluminar? 
Repito: o que adianta amor, sem poder amar.

No vácuo, louco e lúcido.
Paradoxo inquestionável.
Na vida, bobo e estúpido
Pelo amor altamente inflamável.

A chama não chama mais quem deveria.
A fama importa mais que a garantia.
O homem não é mais humano.
Ora se tem sanidade e o vazio,
Ora se é feliz, amando e com conhecimento distorcido,
Inútil... Em vão.

A inconformidade para com o que sempre foi o mais lógico possível
Mostra como falar que o amante é insano é totalmente plausível.
Devaneios prazerosos ou lucidez corrosiva?
Eis a questão.

João Gabriel Souza Gois, 24/11/2010.


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