segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Auto-flagelo.

Estranho mundo que perdeu a paz.
Como faço o que fazia quando se faz?
Não sei fazer.
Mecanismo de defesa corrosivo.
Quero logo um explosivo,
um querer vivo.

Quero paixão.
Mas quando vejo em outros olhos,
meu olho retorna ao chão,
se preocupa com os pés,
e os pés irritados,
se topam e preferem parar.

Uma desconexão de todo o corpo.
A cabeça não entende,
o coração se abstém,
o corpo está perdido,
o todo corrompido
por vozes de reprovação
do que enfim se tornou.

O futuro,
aquele que trazia os sabores do mundo,
só há medo.

O presente,
tentando fugir do que sente,
aconselha a alma:
ainda é cedo.

E o passado,
teve seus acontecimentos
mas agora pede ao presente
que se torne consciente
de que o futuro não pode ser adiado.

Vem ao hoje,
um desprezo.

Por favor apareça,
antes que eu enlouqueça,
e não será remédio para meu tédio,
não será a fada desse conto torto,
será unicamente a paz,
toda aquela que sempre vi e transmiti,
e dela quero tudo que consegui
para conseguir novamente.
Síndrome de Stuart Mill!

E vem desta distorcida situação, umas quantas vozes:
Que versos mais pobres!
Sem imagens,
sem criatividade,
sem nada de devaneio.
Apenas abstração insensata
de um psicopata de si mesmo.
Assassino do Eu.

Como alcançou meu Eu-lírico?

Que merda isso tudo.
Quero falar.
Quero.
QUERO.

E não saio da toca.
Da caverna de sombras.
Preto e branco.
Luz insuportável.
Bicho inanimável.
Incapaz.
Ineficaz.
Imbecil.
Pueril.
Inocente.
Inesperado.

Quanta fraqueza
Quanta frieza.
Mas dói,
Mas sorri,
então desse frio
resta enfim,
algo pelo meio,
nada de fim.

Ó minhas mais intrínsicas inspirações!
parece que de vós sobrais nada de lições
e o universo das conclusões se limitam ao estado instantâneo!

Volto ao meu primeiro diagnóstico:
Sou Burro.
Imedidamente burro.
E de burro virei surdo.
E de surdo fiquei cego.
E de cego fiquei outro.

Dos Campos ardentes do pensamento de Pessoa
Lembro de um homem de ar que sussurou assim:
'Debruço-me sobre o mar noturno e tenho saudades de mim!'

Voltando do paraíso lírico,
lúdico e encantado da poesia,
voltando do cambaleio vertiginoso da boemia
incrusto algo vago em minha vivência de pouca essência,
recobro minha essência de pouca vivência
e um fétido desconforto péssimo assombra
os músculos dos ombros
e vai por passeios a civilações de outros hombres
e vai por uma investigação violenta sobre outra
língua,
e lembro da vida
como nunca lembrei.

Oh, darling,
listen to this words:
they are every fuckin' thing
that lasts in my mind:

Se não existe confiança,
estou desconfiado.
Se não existe esperança
estou desesperado.
Se não tem graça,
sou desgraçado.
Se não tem morte,
desfaleci.
Se não tem sorte
no amor,
nem no jogo,
ela sobra para o quê?
para quem?

Ninguém,
este é meu nome.

Encosto na parede,
sinto sede.
 Mas como estou cansado d'água!

João Gabriel Souza Gois, Julho de 2012

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui sua impressão, crítica, desgosto ou palavrão.
Não há nada que não possa ser dito, nem nada que faça com que as palavras, depois de ditas, morram.