quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Caos implosivo

De tão evidente ficou escondido.
De tão escondido ficou diferente.

Há um dia em que saberá a cura ao que sente.
Ainda há o tempo que precisa.
Ainda resta na alma resquício de uma dor indecisa.
Mas finaliza o hoje, almejando o amanhã.
Idealiza o amanhã, sonhando hoje.
Realiza o hoje, fazendo pouco.

Faz muito tempo que algo assim não ocorria.
Nunca ocorreu.
E o perdão antigo
virou castigo
para a implicância consigo mesmo.

Coisa de louco,
não existem problemas.
Surdo, mudo e rouco,
procurando dilemas
onde só há vida.
Oxalá que essa ferida
de tão dolorosa
não tem culpado.
De tão duvidosa
não traz ninguém ao lado.

E resta,
do pouco que presta,
uma introspecção corrosiva,
que se esvazia e enche com pensamentos.

Estou mas não estou aqui.
Onde estou enfim?

A
   q
      u
         i
           s
              i
                ç
                   ã
                      o
de sentimentos retangulares.
Tão quadrados em suas formas e linhas
que a insanidade sempre minha,
espalhou para o todo.

F i n a l
mente.
Recomeço sincero.
Eu espero.
Espero esperança
para que a dor que leva ao péssimo
não negative mais o que não dá para piorar.

Isso foi uma boa piada,
mas tirou a graça.
Restou vitimismo
e com isso cismo,
pois não reconheço em mim.
Sim,
sentimos enfim.
Sentimos no começo,
sentimos no fim.
Desci, e de lá subirei?
Acho que não,
da estupidez sou rei.

Realização, onde estará?
Minha aurea está com mal-cheiro.
Minha cara muda com qualquer lampejo.
Minha vida estuda saída sem desespero.
E eu não aguento mais o pronome meu.
Fodeu,
melhor passar aquele café,
acordar, lavar o rosto, andar a pé,
para que o choque com o ar me acorde
para que a cabeça não se enfureça quando recorde,
para que o aparelho do pensamento não force só felicidade
de maneira excluí-la dos olhos.
Sinto muito.
Muito mesmo.
Mas volto quando for eu mesmo
e não mais um confuso impotente.

Há sim vontade,
só me falta combustível.
há sim combustível,
me falta paciência,
e essa pesquisa do que falta
levou a satisfação pueril com o nada.
Indaga mais uma vez o que fez,
mas desta maneira
não terá vez
ao que quer.

Ai meu deus, seria fácil se fosse só mulher.
Se fosse só uma noite.
Mas a inquietação levou ao açoite
a calma que pacificava todos os momentos.

Muito grilo num bixo-grilo.
Muito problema para um feliz.
Muita tristeza para um bobo-alegre.
Muito amor para nada.

Fada do nada
Onde está a escada
da auto-estima?
Estima-se que dentro de nós.
E a qual voz dou ouvido?
A que mais faz sentido,
a que mais faz sentir?

Cansado de perguntas
pergunto à minha
Inflamável loucura
se ela terá sua cura
com água que a acuda,
com um vento que a sacuda,
pois encostada na parede
irrita o espirito jovem
a ponto de negar palavras.

Vá para o inferno todas as maledicências
as maldições,
e bendito seja o amor próprio
que foi levado por se deixar levar em significados.
Como se eles em algum momento resumissem
ou facilitassem a vida.

Poesia lida,
amargo guardado.
Cara de bobo,
parvo parado.

Daí os pés se policiam a uma ordem desconhecida,
e o todo se assusta com qualquer tropeço.
Estou do avesso,
estou exposto.

Cuspo o gosto do desgosto
para disso tirar um ensinamento.

Um momento
para mim.
Tomei água,
lavei o rosto,
voltei ao posto
desajustado.

Dar um jeito.
É o jeito.
Pois não há prefeito no cérebro.
Não há defeito no que quebro.
Quando quebro saí faísca.
Quando conserto, viro isca.
Pisca o canto do olho
pois ficou de molho em preocupações.

Resta então um não.
Não sei.

Ei! Vem cá!

A negação da negação,
seria um sim?
Enfim,
onde estou?

Meu olho dói.
Minha perna briga.
Meu corpo nega
esse espírito que não me pertence.

Há quem pense
que quem vence
nunca se dá por vencido.
Estou perdido,
mas não perdi.
Um pedido:
espere.

João Gabriel Souza Gois, Julho de 2012.

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