quarta-feira, 11 de setembro de 2013

O Astro-Ego visto pelo pequeno Eu, pela Objetiva.

Sempre vi o babaca que via o mundo correr
e que não conseguia esconder o que quer.
E ele se sustentou, pôs a faca na mão,
cortou o queijo, ficou em pé.

Não dependia mais das coisas só mundanas,
mas só se acabava entre sonhos românticos nas praias e savanas.

E nas coisas que tangenciam o mundo,

no abstrato e no metafísico, viu um fluxo impossível de ser estudado,
mas com o badalado espírito chacoalhado,
voltou ao chão, ignorou o fado,
e com o pé no chão, mais fortemente pressionado,

se recolheu no cérebro com a ideação estimulada por querer um saber apaixonado.

Assim, com o Devir tendo tantas cabeças de possibilidade,

e o Ser como o que influencia, pelas escolhas, na probabilidade,
se viu no fio da navalha e com pouca idade,
para sustentar que se sustentava em pé.

Mas se forçando a ser sólido como nada é,

bastou um pouco de paixão, perfume e calor de mulher,
para desaguar na modernidade líquida,
e perceber que a mocidade, apesar de vívida,
não norteia, com 'Télos', como queriam os otimistas,
nem bobeia na Vontade, como insistia o gênio pessimista,
mas escolhe, nesse fluxo interminável,

um momento lógico e outro amável,
e não vendo lógica nem amor na maldade cotidiana e implacável,
se perdeu na fuga embriagada e não na boemia embalada,
e sem perdão, noção, varinha de condão e fada,
os contos infanto-juvenis são vistos como uma péssima piada,
e olhando, sem saber o que dos outros está em si, e o que de si é o puro nada,
viu o auto-flagelo como saída para glorificar a mágoa.

Depois, mutilado e com os pedaços de si dispersos à jusante,
encontrou a fenomenológica e artística consciência transcendental,
e Husserl, em um pesadelo, lhe disse, com tom abissal:
'Volte a ter controle do corpo e da mente mas saiba no final,

que a consciência que é para si, é limitada ao nervo, ao sangue, ao tato e à intuição animal
e que o espírito é o ponto de intersecção entre os valores que nunca têm raiz só individual,
e ele se escapa, não no auto-flagelo,

mas sim quando, como bruto animal, sabes que está certo
                          [mas hesita, ano a ano, a destroçar em pedaços o Soldado Amarelo.'

O Soldado Amarelo que resta em si,
A Lei do prussiano super-ego,
A Punhalada no peito do Orgulho Macho-fétido,
que deixa um rio reprimido em represa,
pra conveniência do luxo de quem come sobremesa,
e faz do espírito do tempo e do tempo aquoso;
do intuito, experiência, libido e almoço,
da sede, do amor, da lágrima e da convivência:
Um bruto, incondicional e moralista pecado.

Ah, como é bom um amor recíproco e amado!
Livre e responsável,

de mão quente e afável,
intimidade, confusões e beijo molhado.


E que no encontro das almas,
se encontre coragem e calma,
para destruir o que resta de vírus do tempo:
O olhar longínquo, perdido
triste e reprimido
do destrutivo e gratuito desalento.


João Gabriel Souza Gois, 11 de setembro de 2013

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