segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Anthropos

Se de ontem partir,
onde era parte mar,
parte rio - saciando a sede,
se encontra energia além dos olhos.

Sede do repartir,
onde ande o espírito ao coletivo,
mas livre também para não socializar a brutalidade.

Vejo em mim reflexos conscientes
de ânimos dissidentes com os vários conceitos de verdade.

Vejo no ideal impossível e translucido à mente
a vaga e vã ideia de estabilidade.

Se de onde parti,
comecei, independentemente do absoluto,
com relativos e proporcionais setenta porcento d'água...
E não é a toa que há sal na lágrima e no suor
nem sede de doçura no rio-tempo ao meu redor.

Deixe a subversão suspender a normativa,
ponha em amor Oxum e Jurema,
e verá que não há em viciados e humanos emblemas
o que as árvores carregam de poesia sem poema.

E as árvores que nos permitem ar e beleza,
raíz e comida na mesa,
só crescem com... Água.

A Lua balança a maré
que afoga o bêbado.

O bêbado chora salgado
e dilui a lágrima na doce saliva querente.
Um filho da cultura mais antiga e imponente:
Dionísio Zagreu, espalhado e ridente.

O líquido é nossa forma
e a distância entre as Águas de Março
e a Água de Beber
não podem preceder
o disforme - apesar de diferente - em comum.

Nossos diferentes conteúdos
não mudam nossa comum desforma...
Só precisamos nos entender de uma vez,
para fazer do Amor o canal sem cano
e transformar a humanidade em um embriagante e salobro oceano.

O uno intermédio entre mim e tu,
Saravá! Axé! Ubuntu!


João Gabriel Souza Gois, 27 de agosto de 2013

OBS: Não postei quando escrevi e não me lembro muito bem o motivo, mas em meio a umas ultimas reflexões e escritos, é um poema bem conveniente e que, apesar de meu, gosto muito.

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