quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Desabafo [esclarecendo minha visão política]

     Ultimamente ando com dificuldades para postar constantemente, mas tento - nas vezes em que posto - ao menos manter a qualidade (se é que tem alguma) e por isso o tempo exigido me impede de postar com frequência... Este é o post definitivo sobre política que faço. Vou continuar a postar sobre política, mas o contexto eleitoral faz dessa minha principal preocupação e a intenção do blog nunca foi ter um foco puramente político, embora esta questão seja, junto com a poesia e textos opinativos aleatórios, de grande relevância para o blog.
     
     O real desabafo vem de uma série de opiniões que venho concretizando em paralelo com as informações que recebo e o fato é que não consigo enxergar a mudança que espero e julgo necessária, através da política como ela é hoje. Esta mudança que meus jovens olhos enxergam são cegadas pela corrupção e pela situação doente que uma falta de Reforma Política causa no quadro partidário e político de meu País.
                  
     Apesar dessa situação, minha posição é justificada pelo fato da mudança rasa intuir no caminho necessário para que essa cegueira branca (branca pelo excesso de "luz" que recebo, através de uma mídia patética) seja ao menos atenuada e me permita distinguir traços de um novo Estado, que distribui renda, aquece a economia, fortalece setores (principalmente sociais) por meio de estatais e cria relações totalmente visionárias com economias emergentes, divergindo da rotina brasileira de ser vassala da hegemônica metrópole da época (atualmente o povo do destino manifesto).
                       
José Serra - Oposição Truculenta.
     É obvio que um País com problemas históricos - tanto os socio-econômicos como os morais - não está preparado para uma mudança radical, em todos os mais amplos e complexos aspectos. O mais preocupante reflexo de tais problemas é a falta de infra-estrutura - herdeira do conservadorismo político elitista e oligárquico e também das políticas superficias atuais, que são puramente eleitorais - que não permite que essas mudanças ocorram livremente, sem causar crises e outros problemas. Um exemplo clássico é a crise dos aeroportos, que ocorreram por causa do excesso de passageiros que surgiram por causa do aumento do consumo das classes baixas provocado pela benéfica e desenvolvimentista política de distribuição de renda do governo atual. Os portos apresentam um problema semelhante, já que o aumento da exportação e o crescimento do Brasil requerem um uso mais abusivo destes (mesmo havendo investimento da iniciativa privada e aumento do investimento público nos portos, esses investimentos não conseguem acompanhar o crescimento do problema de logística gerado pelo excesso de carga para ser escoada). Estas que são - comparando com o que é essencial para o desenvolvimento do País - as mais singelas mudanças, já geram pequenas crises que servem de combustível para a campanha truculenta da oposição (cada vez mais similar - apesar das grandes diferenças, devido à circunstância política atual não ser igual à da época da república populista - com a oposição desgastante e não-saudável da UDN) mas que são esperadas e devem ser, além de analisadas, controladas com as medidas necessárias e não divergentes da conjuntura política da pátria (em muitos casos, como o dos portos, isso já é feito, vide porto de Santos). Não obstante tais problemas, eles existem como consequência de um desenvolvimento e todos os outros problemas (diferentes dos gerados pela falta de infra-estrutura) são os de sempre - consequências do passado pouco desenvolvimentista e muito conservador -, causadores da desilusão política de qualquer jovem estudante, como o coronelismo e os latifúndios que segregam nossa nação da condição de desenvolvida.
                         
     A mídia tenta praticar o voto de cabresto (por meio de uma censura interna altamente parcial e selecionada), os poderosos governistas submetem qualquer governo a uma política no mínimo fascista e no máximo mencheviquista... Mas nunca há - no meio político corrompido - uma real proposta diferente. O resquício católico cria o sensacionalismo em questões urgentes como o Aborto. A cultura de massa, estimulada pela hegemonia imperialista, trás a moda (a famosa modinha) e a superficialidade que se apegam à questões duvidosas e muito mais complexas de maneira farsante e exagerada - mas embelezada pelo "parecer intelectual" - como a questão ambiental, que levou popularidade a um atentado ao desenvolvimento puramente religioso e sem fundamento, com a onda verde de Marina Silva e uma proposta insustentável de desenvolvimento sustentável.
     
     É possível desenvolver-se de maneira sustentável. É impossível se desenvolver um País emergente - que exige reformas sociais e econômicas urgentes e de incontestável prioriadade -, se nesse desenvolvimento houver a preocupação exacerbada e mal direcionada (sem propostas condizentes com a realidade ambiental do planeta) de ser 'sustentável'. Apesar da necessidade da preocupação ambiental, o palco perfeito para o reacionarismo está instalado pela moda sustentável e pela falsa intelectualidade gerada pela globalização (cultura de massa). O Tratado de Copenhagen e a discussão sobre os créditos de carbono são, por enquanto, políticas/discussões suficientes para um País que possui preocupações excepcionalmente maiores , já que ainda há concentração de renda, fome, latifúndios e riquezas para se explorar... Depois de tratadas com prioridade tais questões podemos dar mais importância ao meio-ambiente.

Marina Silva - Oposição Sensacionalista
     A situação ambiental está longe do escandaloso apocalipse anunciado pela mídia, que convenientemente - assim como todo sensacionalismo barato - valorizam produtos 'sustentáveis' e beneficiam ONGs (máfias disfarçadas de prestadoras de serviços). Enquanto é necessário preservar a natureza - mesmo havendo lugares no mundo que não estão aquecendo e sim esfriando, e o efeito estufa sendo um efeito natural do planeta e periódico, assim como as glaciações - o exagero e a idéia de catástrofe novamente servem para desviar a atenção da classe explorada, como de praxe é feito pelas camadas exploradoras (vide 'panis et circenses' - pão e circo - de Roma, onde - não com idéia de catástrofe - o Império alienava a população com o entreterimento e a alimentava, atenuando sua visão crítica por meio de um desvio de atenção - assim como as falsas catástrofes midiáticas fazem - .) e mais uma vez funciona, acarretando em 20% dos votos - no primeiro turno - para Marina Silva.

     Atentados contra o desenvolvimento, sejam eles de cunho sensacionalista (Questão Ambiental da Onda Verde) ou truculento (campanha semi-udeenista dos Tucanos), não são saudáveis para uma economia emergente pertencente aos Brics, e apesar da rasa mudança que o PT ocasionou, não houve até hoje no Brasil, alinhamento político (apesar de pouco concentrado, 'aguado', morno, raso...) mais próximo do desenvolvimento econômico e principalmente social esperado, do que as adaptações políticas feitas pelo governo atual, ao modelo severo de hoje, com intuito de promoção das melhores condições de vida do povo brasileiro, e não da pequena parcela de sempre. Mudanças nos modelos arcaicos e sólidos, da economia e da sociedade brasileira, só podem ser vistas hoje, por meio de uma revolução. Pois se a solução for tentada através da política, haverá novamente as dificuldades constantes... E os diversos fatores que promovem o conservadorismo brasileiro novamente assassinarão a vontade dos pobres de ter uma vida digna, assim como qualquer outro cidadão brasileiro.

    Contudo pode-se concluir que só haveria mesmo uma oposição menos truculenta, menos sensacionalista e mais científica e condizente se houvesse no Brasil uma Reforma Política [para permitir] e uma revolução. Longe dessa realidade, nos cabe unicamente o poder de exercer democracia de maneira consciente, nos contentando com o possível, e esperando as condições que sonhamos por meio de um governo coerente, adaptado e ainda assim - baseando-se no referencial conservador do aspecto moral do povo brasileiro - revolucionário.

OBS: Escrevo essa observação em Outubro de 2013, para deixar claro que caso algum leitor atual esteja lendo esse texto antigo sobre política saiba que minha opinião sobre a causa ambiental mudou fortemente, mas não sobre a Marina Silva. Ela ainda não é uma saída interessante para o embate em que vivemos, inclusive no problema ambiental, e, ultimamente, a saída se mostra muito mais visível através da sociedade civil organizada, do que dependente de um Estado viciado por uma estrutura que clama por reforma política urgentemente. Também deixo claro que não uso o termo desenvolvimento mais com o sentido que usava quando escrevi esse texto. Apesar de já me considerar de esquerda, meu pensamento era muito embebado de economicismo, mesmo resguardando essencialmente preocupações econômicas pertinentes. Há muito diálogo disso que está nesse texto com parte do meu pensamento, mas hoje eu diria que ele, em sua completude, não representa mais minha visão tanto sobre a questão ambiental, quanto de "avanço" ou "desenvolvimento" e principalmente "científica". Mesmo usando o termo no sentido de mais igualdade, educação e coisa do tipo, ele pode facilmente ser associado a algo bem perigoso, e essa nunca foi minha intenção, nem quando escrevi na época. Vale esclarecer. Confesso que acho esse meu texto de péssimo gosto, mas é de outro tempo, de outro eu, interessante trombá-lo. [trecho escrito quando a observação foi escrita]

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui sua impressão, crítica, desgosto ou palavrão.
Não há nada que não possa ser dito, nem nada que faça com que as palavras, depois de ditas, morram.