sexta-feira, 8 de junho de 2012

Paranoid

Um dia ele achou que achavam
que deveriam estar achando
que achariam que se achasse
que acharam o que foi achado,
acharia-se um achado,
e deixaria de pensar.

Um dia se pegou pensandono porquê de estar pesando tanto
o dia-a-dia.

Um dia se pegou lembrando,
de quanta falta sentia de tudo
que ficou.


Um dia enlouqueceu-se de desejo,
e enganou-se com um beijo,
mas não fez nada para ele propagar.

Um dia ele esqueceu-se de pensar o óbvio,
e subestimou o raciocínio lógico,
ficou a meditar.

Um dia ele dormiu em paz,
e achou que assim seria
e que nunca mais conseguiria amar.

Aí lembrou do que amava,
da infância feliz
e do que queria a mais.

Se sentiu perdido,
ou talvez iludido,
por nada além de ilusões.

Preferiu, em um sentido,
procurar um ombro amigo,
do que viver em refrões.

Acontece que não sentia
vontade de nada,
por viver de forma exagerada,
no seu caminhar.

Alguns pensam que o problema é grande,
outros pensam que é puro mimo,
mas se não se entende consigo,
não entenderá qual inimigo procurar.

Melhor então que se procurem amigos,
até nos antigos inimigos,
e se continue a falar.

Existem várias desavenças,
várias crises de crença,
que se limitaram
aos limites aprendidos,
tanto com os pais como com os amigos.

Mas seu medo de acreditar
que o engano estava certo
o fez pensar que poderia ser esperto
o suficiente para escrever sobre si.

Sem medo do que pudesse sair,
realizou uma comédia desvinculada de direção
com a média entre o que pensa e o que pensava.
Mas esqueceu-se do que achava,
por medo de agir.

Daí em diante, olhares ameaçavam,
A força dos outros incomodava,
pois não se sentia ter,
só se sentia doer.

Doer por nada,
foi a necessidade,
de depois de tanta integridade,
se dispersar por aí.

Não acreditava no resultado de qualquer ação,
achou que precisava de uma unção,
enquanto sua espontaneidade
se dispersava...

Daí em diante, esse simples errante,
que talvez fosse Caim,
Chegou a se assemelhar a mim,
e todo conselho virou uma ordem.

Uma desordem de cabeça,
que tem medo de perder quem importa,
e veja só, é muita gente!
Mas deixou de ser agente,
e queria um milagre para continuar.

Isso é o paranóico,
nele não há nada de estóico,
e querendo se impor de alguma maneira,
cometeu besteira atrás de besteira,
sem perceber que um Bom dia,
podia
tudo mudar.


Vai saber o que se passa por essa cabeça,
Deve ser coisa que talvez nem ele conheça,
mas todo ser humano pode se identificar.

Não seriam tolos, esses humanos ocupados,
de se sentirem preocupados,
com qualquer mal-estar.

É só uma grande confusão,
é boa, faz canção,
mas não deixe a borboleta
formar um furacão.
Tempestade num copo d'agua
só amplifica mágoa,
de onde deveria-se tirar.

João Gabriel Souza Gois, 08/06/2012

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