terça-feira, 22 de outubro de 2013

Paixão Orgânica II

Ah, se eu pudesse me emaranhar nos rumos de teus olhos
E deles fazer mais do que janelas,
fazer, além do vínculo de comunicação, algo meu,
com uma posse menor do que desconfiaria Romeu,
e simplesmente tê-los pelo simples respeito de amar,

e depois da explosão da Vontade, na Contemplação sem resignação me acalmar.

E contemplar, dentre outras perspectivas,

a perspectiva só tua, que já na aparência, revela-se nua e crua
para se fazer amada,
para que por conta das dores de sempre se incorporar no amor uma espada,
me frear por motivos justos, porém inimigos do meu querer,
para resultar, em qualquer investida, em mais um não... Não quero crer!

Linda és, talvez mais em minha idealização,

mas o pouco que provei me obriga a fugir para o poema e para a canção,
e assim, me expondo como não consigo deixar de fazer,
procuro, na incerteza e no erro que é ter-te em mim, um viver
em que não serás necessariamente apenas mais um prazer barato de botequim
mas que compartilhe comigo tudo que pode, no íntimo, contribuir para o meu aprender; Enfim...

Sim, sei que pareceu efêmero e abusivo,

Não, não sei acreditar que foi só impulsivo,
algo em teu sorriso já me movia ação,
algo em teu íntimo pedia a mim inovação,
e na beleza de ver sua confusa imponência aos aristocratas,
me embriaguei, me perdi, mas não renuncio o querer que me faz parecer figura ingrata,
Figura esta, que fará pela primeira vez o papel de carrasco,
e por você, poder ferir uma mulher, para exercer o que
                       [o gênero bruto carrega e que sabes que tenho asco.

Fiasco, no fim, é o que toda mínima inteligência pequeno burguesa que carrego contém,

e de pequeno burguês carrego mais a criação do que o orgulho por um pueril vintém,
mas, como desertor da guerra do amor,
peço a Ogum, santo guerreiro, que compreenda o ardor,

aquele que impulsiona a guerra, coisa que ele é Senhor,
mas também nos faz mudar, nas vertiginosas marés de encontrar conjunto
                                                          [e compartilhar a Cor

que carregamos no sorriso, mas escondemos na vida social,
só para fazer média, ser o 'nunca triste': o clássico babaca banal.
E empurrar com a barriga o que não sinto no carnal,
E deixar de fazer alguém sofrer, e também terminar
                                   [por desprestigiar meu próprio carnaval.


A festa da carne, do sangue e das mentes que meu espírito pede,
Se me der essa chance, não posso afirmar o que sucede,
mas, podemos sim, amar além do que foi estabelecido,
e se não fizermos, ficará em mim cicatriz, não de amor vivido
e mal amado,

mas de um amor reprimido
e pra sempre esperado.

João Gabriel Souza Gois, 6 de outubro de 2013

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