terça-feira, 22 de outubro de 2013

Impasse Livre

E se tem que sofrer
para viver o que quer
qual o medo, sendo já mulher,
em se ver no poder?

Não entendo,
quero entender,
fico curioso,
mas também confuso
e me perdendo nos trópicos,
tropeçando nos fusos,
me pego com meus botões e parafusos
perdidos nos tópicos
que o enigma de tua alma
me faz decifrar.
Tudo isso sem sair do meu lugar.

E quanto mais decifra,
mais devora.
Quanto mais hesita,
mais demora.
Quanto mais evita,
mais chega a hora

Em que a ansiedade
de não querer o fim da liberdade
vira a prisão.
Se fala em liberdade, mas ela é retórica
para que nos momentos de exacerbação alcoólica
finalmente uma alforria barata
se torne dor de cabeça e culpa ingrata,
que estimula, no fim, mais a fuga do amor.
Só por medo do fantasma que é a especulação da dor.

E quanto mais decifra,
mais devora.
Quanto mais hesita,
mais demora.
Quanto mais evita,
mais chega a hora

A hora que o amor líquido,
escorreu e vazou,
e por pensar tanto no pesar de outrem,
acabou por não viver nem pra si nem pra ninguém,
e de tanto se julgar aquém,
só no sofrimento e na culpa se buscou amém
e assim, com seu sedutor olhar de desdém,
fez-te triste e a mim também,
e secou a flor,
não amou, não amei,
porque o tempo encarado como inimigo
vira o destruidor de qualquer pensamento além,
de qualquer alento de quem te quer bem,
te quer assim, bem consigo,
abraçada comigo,
liberando mais esse sorriso lindo
que tanto esconde em vertiginosas culpas tortuosas.

Goza, venha, goza comigo!
Goza, que o tempo vira aliado,
e a boemia, escola - não fuga.
e a poesia, vivida no suor excitado.
para que morra a pulga,
que atrás da orelha, tirou a audição
dos saborosos e libidinosos corpos entoando canção.

João Gabriel Souza Gois, 07/09/2013

Obs: Relutei um certo tempo para postar esse poema, mas acabei cedendo... Não interessa se será mal digerido - o que, em verdade, não deveria acontecer. A arte não pode ser reprimida.

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