sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Ao Poeta da Vida

Se aos alardes já clamaste por bases sólidas
No fim, se funde e flui no tempo em liquidez,
Se o raciocínio acelera para o passional longe da lógica,
O lirismo é a redenção para a contradição de ser e criticar o pequeno-burguês.

A oxigênio-poesia, que vive flutuando no fluido que é o ar,
Só tu, sábio vasilhame, a deixa em ti escorrer,
o sal sólido das lágrimas e o espontâneo leito do gargalhar,
mostram em ti a mocidade, que sabe menos dizer do que viver.

Anacrônico no julgamento do passado,
e gênio inconformado com o passado no presente,
se irrita, arma, impõe-se como inconsequente,
por ter fé metafísica na humanidade com amor e sem fado.

E o fado português das vertiginosas ondas políticas,
não some no Partido que conserva hipocrisia,
mas os vícios de nacionalismo, em ti, vazo lírico, convertem-se em rebeldia
que agita o corpo não mais que a mente.

E no momento em que a boemia e a embriaguez ingrata
não forem suficientes para se rasgar em prosa de buteco,
ages já no escuro, roupando-se nas paredes de concreto,
para prender em rimas as valorosas sensações abstratas.

Sei bem como reages, mas nunca senti o que é ser você,
e fugindo da auto-sabotagem, te encontrei saindo da sombra
                                 [quando finalmente voltava à escola do ser
Saía eu também, bem sabes, dessa melancolia destrutiva
E, em meio a roda de samba e das burocráticas falsidades
Fomos da molecagem à projeção ativa.

Sabemos que no fim do leito do rio da vida,
o oceano é muito maior do que nossos olhos possam ver,
mas ainda assim sonhamos com o grito que ecoa como brilho de aurora,
pois nesse mundo, só há sonhos para os que são guerreiros natos do saber.

Axé, irmão de inconformismo!
Axé para todos que fogem do egoísmo,

e são egoístas ao argumentar,
por não conseguir suportar
a simplista e programada poltrona macia que é a hierarquia...

Quem dera se com a fala embriagante
pudéssemos atingir aquele instante
de epifania das marés da brasilidade
e lembrar que o amor livre não destrói a lealdade.

Pelo contrário!
Esses outros, amigos da posse e pelo fim do orvalho
Farão o papel de otário
quando assistirem o amor emergir.

E se, nas inseguranças, dispersarmo-nos
da intensidade de interagir,
deixaremos de reagir
contra os aristocratas do capital falho.

Que falha!
Quando passa a navalha
em quem expõe a linda comunhão humana...
A cooperação, desde a política até assuntos da velha chama.

E vendo o medo
vendar os arredores de conformismo,
N'outra história, que mais bem nos identifico,
Tu, Poeta, ascenderás como filho de Xangô!

É difícil, saber se reage ou se compreende a dor,
É difícil transpor ideias de cabeças de outras épocas,
mas ainda assim, na nossa jovem vida, sem muito do percorrido em léguas,
fazemos música, bagunça... Fazemos Samba e Amor.

É difícil, saber se reage ou se compreende a dor,
mas sei que entendes que além do ardor,

existe amor,
só não se sabe onde está,
e não basta só a nós procurar,
morreremos a cavucar
e morreremos no âmago desse mar,
para compreender que não importa o que lhe dizem,
O importante é que não deixe que lhe pisem.

Gauche!
Um brinde aos Gauches que não engoliram o deleite banal
da mais nova e sem amor desordem mundial!
E se tu lutar enquanto eu filosofo bobagens,
será pela liberdade, e não pela libertinagem,
que havemos de nos encontrar!
Um brinde, Poeta. Saravá!


João Gabriel Souza Gois, Agosto/Setembro de 2013

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