segunda-feira, 1 de abril de 2013

Oxalá!

Neutro. Parado. Estável.
Nunca o serei,
dos excessos sou Rei
de renome duvidável.


Ontem à noite, de maneira lamentável,
caí em prantos
por conta de sentimentos francos
de um manco resquício de pensamento do que foi e não voltará.


Apesar de das angústias do passado ter esquecido,
o momento propiciou,
a saudade apertou,
o carinho careceu,
a face desfaleceu
por representar o coração
que petrificado está
por amor não praticar.


Amor este que morreu
e com ele levou o calor.
Mesmo para o mais frio dos seres,
é necessário o amor.


Minha vida segue constante nesse trecho
mas toda santa noite me remexo
procurando abraços nos pensamentos,
procurando beijos onde não há vida.


Oxalá! Que se cure essa ferida!
Pois vida assim muito custará.


Essa circunstância não tem a ver com estabilidade,
está mais para vontade
de dividir minha essência, e pô-la em outro corpo
diminuindo a pressão. Compaixão.


Saudade de me estressar, gritar até ficar rouco!
Porque há uma vida que "me pertence"
mas não controlo,
e esse suspense está próximo do Amor total,
da preocupação e da aventura de estar junto.


Quieto estou.
Frio feito defunto.
Desperdiçando vida.
Oxalá! Que se cura essa ferida!


Pois ainda há esperança e energia,
que pelo amor tem simpatia,
e da solidão, alergia.


Carência não é vergonha,
vergonha não é o que sinto.
Minto.
Típico mito da adolescência.


Mas com um único corpo, não suporto essa essência.
Ela transborda de mim, à procura de um outro corpo
Para se dividir, espalhar, corromper e ocupar.


Sem ninguém só restará sequela
Dum excedente de essência que ficou a margem
Sem condições de manter-se,
E acabou por desaparecer,
Deixando um espaço que sangra lágrimas.
Rápidas lágrimas que se dispersam pela constância.


Enquanto isso o externo é disfarçado pela ignorância.
E deste pranto faço poesia sem ritmo e com poucas rimas.
Mas o que mais há pra se fazer? O que dentro pode haver?
Um vazio longo, que a mim pertence,
vazio que se assemelha àquela imagem
de um coração dentro duma cela.


Parte da minha essência vazou, por não ter onde pousar.
Sem motivos, deu vontade de chorar.


E não há persistência que trará
Vida a uma alma farta apenas de solidão.


Oxalá! Que se cure essa ferida!
Pois com ela, difícil será suportar a vida
De poeta amargurado,
Portador desse fado,
de cura sempre pedir, e do amor sempre fugir.


Não há persistência que traga
Calor a alma vazia,
Que antes se dividia
Noutro corpo de amiga
E agora transbordou e deixou ferida.


De livre essa vida converteu-se em reprimida.
Posso encher-me de essência divida, ainda.
Pois o que falta é o rosto de mulher linda
Que preencha o vazio e dele seja barreira.


Não sou fraco, não estou triste.
Sou forte.
Força aqui persiste
Até a morte.


Mas essa desafortunada sorte
Que nunca se vai
E me leva a ficar assim...
Por isso que em prantos se cai...
E estes parecem não ter fim!


O panorama deste trecho constante,
só me permite enxergar-me sozinho.
E a impressão é de que não há
persistência que trará
vida a uma alma contundida pela solidão.
Solidão: não há quem ature!
Oxalá! Que essa ferida se cure!


Pois cá já estou, chorando por fúria
De desabar em meu coração atrofiado
(o que o cérebro - frágil - jamais teria imaginado)
quantidades nocivas aos ventrículos e átrios
(inclusive os mais saudáveis e sábios),
Da mais pura e mortal lamúria.


Lamúria de uma vida passada, mas ainda assim corrompida.
Oxalá! Que se cure essa ferida!


João Gabriel Souza Gois, 26/04/2011

Obs: Fuçando em algumas poesias antigas, resolvir postar algumas que tem a ver com os ultimos posts mas que tragam uma perspectiva de outro 'Eu'.

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