sexta-feira, 29 de março de 2013

Saudade

Como fazer do impossível
algo razoavelmente plausível
para que o limite do crível
não se termine no que foi esse amor?

Como dizer que não sei se quereria
se quando pinto com letras a poesia
as possibilidades de criação e fantasia
me fazem lembrar de tudo apesar da dor.

É um estado de espírito:
lembranças.
É um estado de consciência:
embriaguez.

Me diga, de uma vez!
Quando prostro frente ao canto lírico

não sei a diferença entre consciência e espírito!

Ah! Como seria possível?
Razoavelmente plausível?
Tão distante e sinto tão terno,

poucos instantes trazem pra perto,
e eu, que já me julguei esperto,
me sinto finalmente livre,
mas com algum laço que não sei dar nome,
nem classificar,
nem distinguir,
nem utilizar o Santo Método Científico.

Ah! Seria poesia?
Filosofia?
Tão perto de mim, ambas, e sempre me levando pra longe,
poucos instantes encontro o Certo,

e eu, que nem lembro se o que lembro me é único,
me volto para a transe extática dionisíaca
e com música e transcendência artística
abraço o Uno-primordial e destruo o Véu de Maia!

Mas o único pedaço que não me acolhe,

em tudo quanto é natureza que esse olho olhe,
o único fragmento do Uno-primordial,
o único pedaço desse Todo-metafísico-material
que encontro em união com a entidade Nós a qual assumo a forma
quando o fumo, o enteógeno, a epifania, os orgasmos ou a música de outrora
me condicionam a presença dionisíaca.
O único fragmento do Todo,

saibas que digo,
receando o perigo
mas sinceramente,
desse todo-vida-passado-presente,
a única parte do Cosmus que não está presente
É você.

Como então pode ser o Todo se falta?
Eu percebo a falta.
Reconheço a falta em mim,
a sinto em mim, enfim.

Não é por maldade...

                            Me desculpa,
                                                        Saudade.


João Gabriel Souza Gois, 29 de março de 2013

Obs: No fim, resolvi postar a atual também. Elas conversam bastante, Junk Off e Saudade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui sua impressão, crítica, desgosto ou palavrão.
Não há nada que não possa ser dito, nem nada que faça com que as palavras, depois de ditas, morram.