quarta-feira, 13 de março de 2013

Paulistanescência (Aspiração ao nada!)


Eu deviria não fosse meu niilismo intrínseco!
Eu não deveria, não fosse meu vício em absinto!

Quando eles devierem, talvez eu devenha.

Ah! Como o inferno são os outros!

Sou da terra do café,
Sou o rei da má-fé.
'Socialite' de carro popular.
Socialismo light, para acalmar o anseio popular.
Vou pro lar. Saio do lar.
Minha casa é trânsito.
Vou comprar. Vou chorar.
Meu ódio é transe.

A garoa que amo e odeio,
odeia a transe e também
não sabe o que transe significa,
detesta Dionísio.

À garota que amo e odeio:
com amor transe,
mas saiba que quanto mais a cabeça se especifica,
menos percebe que o devir é como vento alísio:

É uma ordem despótica e incessante da natureza.
Mas aqui em São Paulo, somos contra animais, anti-animais,
vemos a psicodelia como coisa de drogado,
somos preenchidos de razão, idéias e moral,
odiamos instinto, libido e arte.
Somos do liberalismo tão falsamente livre
que acreditamos que nos livramos da ordem
despótica da natureza,
e livremente nos prendemos no cientificismo
que se preenche tanto
de prepotência e pranto,
que não é nada além da imagem em semelhança de Deus.

João Gabriel Souza Gois, 13/03/2013

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