sábado, 16 de março de 2013

Escultura amadora.

Cansado de poesia.
Dessa, que quando versa
traz esse ar pomposo
e esse tom orgânico pros sentimentos.

Dessa que chama a vida de substância,
Que chama o corpo de espectro,
que solidifica a alma,
que fragmenta a alma, o corpo e a vida
como se algumas dessas coisas não fossem
as várias maneiras de expressar, dessa substância
gasosa, mucosa ou temporal
confundida, contundida ou espiritual.
Cansei.

Se o espirito cansa,
o tempo não leva a vida
ao corpo que amansa o parceiro.

Me digam, senhores dispostos que agora me afrontam!
Me digam!

Quanto temos dos olhos flutuados por um empuxo
transcendental chamado pelo ocidental de ideal?
Quanto temos dos olhos afundados por um peso
espiritual chamado pelo individual de experiência real?

Não consegui respostas, fiquei cansado.

Se o corpo cansa,
a alma o descorteja com embriaguez
e todo o tempo de vida corre de uma vez.

Mas consegui mais perguntas!
Até quando dependeremos apenas de medidas?
Cutucam dia-a-dia a ferida,
e selecionam minha voz num filtro flutuador,
afundam ela com uma pitada do parcial inevitável,
Ferida nos olhos.

Dormi.
Hoje não, Querida,
hoje não olhará minha alma por essas janelas...
Ela se cansou. A pálpebra que tendia afundar,
empurrou a alma para baixo desse mar frio,
e de todos os mares de Eu's perdidos,
o do tempo passado, o d'alma marcada
E sem falar nos quantos Eus-de-corpo diferentes já não tive.
Tanto engordo e cresço, é tanta mitose!
C     R     O     N     U     S
Tanto guardo e esqueço, é tão intangível!
Mas que a essência flutuou pela psicodelia ilusória
até encontrar mais fragmentos.
Algo que não entendo o que...
Alma móvel que volta.
Corpo que retro-alimenta.
Seria alguma mensagem?
Ubuntu! Uno!

Acordei.
E ainda continua sem sentido.
Ou com todos eles, algo a la raio-de-esfera.
De tanta espera para saber
se o lírico seria no mínimo
razoavelmente inteligível,
descubro-me incrível e altamente incomunicável.

Isso não faz o menor sentido!
ISSO NÃO TRAZ SENTIDO!
Pra quê tanto sentido?
Se sem ti tivesse eu ido
Detivesse um hino,
Saboreasse um fino,
Conhecido o Nilo...
Não fiz... Não sabia o sentido do nilo
Senti sem ti que o sem pesava tanto que não sabia se o ti era solução.

Me digam, senhores dispostos que agora me afrontam!
Me digam!

Gritei demais... Estou cansado...
Cansado de poesia?
Só se seu pomposo jeito de figurar o dia,
não retratasse também tão bem as memórias d'outros dias,
não teria eu afirmado, mas afirmo
mesmo na falta de sentido,
sem lembrar que esquecia.

Minha alma é poesia, está marcada com mais essa
Meu tempo é o centro da vida, consulte à pressa.
Cronocentrismo.
Meu corpo é sucata, e está cansado dela que tem como olhos as janelas.
Meu corpo é a intersecção de tudo e novamente não sei a origem da questão.

'Mas recordo-me,
entre cantos e rodeios, de
um sorriso alheio.

Foi "em outra vida"
aparenta à minha mente,
de repente, não mais que de repente
os dias atuais não parecem reais.

é...

Pois assim
o meu eu se
embriagou
sozinho,
insistindo,
assistindo aos sonhos e memórias.'

Me digam!
Isso não faz o menor sentido!
ISSO NÃO TRAZ SENTIDO!
Pra quê tanto sentido?
Fez mal em ter lido,
já teria ido boa parte daquele livro,
não lembro em que momento eu dizia,
só percebo paralelismos entre  vias,
mas repito: meu fado é poesia.

João Gabriel Souza Gois, 7/11/2012

Obs: Poesia um tanto quanto antiga, mas com algumas edições mais atuais, principalmente no estilo.

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