segunda-feira, 15 de julho de 2013

De mim, pelo mundo, para ela.


A mim meu coração não mente
e meu cérebro nada sente,
a razão do amor penitente...
Essa sim faz de um louco, um doente.

Homem outro, é o do mundo aparente
O homem são e onisciente
não dá atenção para as metáforas do inconsciente.
Reduz o universo ao diâmetro do olho
e põe suas reflexões metafísicas de molho.

Quando crê no passado resistente
e resiste ao humor do presente
faz ideia para o simbolo da gente
só não nos olha no olho,
e perante o que somos, somos enganados,
e o que perpetuamos são grihões 
e o que importamos é pressa,
vamos nessa da cultura ao lado
enquanto da nossa dor, do nosso gado,
resta o mesmo velho cerco fechado.

E o palhaço, magoado
com a mímica média a que se enquadrou,
quando no desvio padrão se rebelou
lhe foi queimada a pele, distinguindo o boi adoidado.

Ainda assim, no clima nada mutante,
sob as mesmas estrelas relutantes,
sobressai a esperança que brilha atrasada
das estrelas ontem vivas
que ainda insistem iluminar.

E fito seu cansado olhar,
virtual e intangível,
pairando o universo incrível
da rede dos homens solitários...
Sólido e otário permaneço
e em seu olhar de píxel, anoiteço,
vendo um amor que agora não mereço
mas reconheço como potencial.

E meu não mais presente frescor de orvalho
me hipnotizaria com o imponente escudo de carvalho
com que defendes o que queria que fosse meu amor.

De mim, pelo mundo, para ela,
à dor do mundo e à minha dor paralela,
o sabor que imagino rimando com canela.

Ah, freio antes a presença que não veio...
Freio meu animal anseio
E meu humano bobeio
que viu nesse subjugado seio
áurea descabida,
apenas quis, frente outra dona da vida
já devidamente acompanhada.

Minha boca não fala nada 
e na redenção atrapalhada
lhe desejo, assim sozinho,
sem um beijo, sem carinho,
que desfaça esse afortunado homem
na mais bela melodia.

Pois enquanto os viventes entoam-se em música,
os sórdidos párias vomitam poesia.

João Gabriel Souza Gois, 15 de Julho de 2013 (iniciado em 02/07/2013)

Obs: Feito à luz de uma nova, interessante e impossível paixão. Tomara que um dia nos conheçamos. Mas ainda tem um mundo inteiro no caminho, com olhos falso-empíricos e devaneios materialistas, para chegar ao fato... E de fato, nem a presença real é factual. Deve ser uma daquelas paixões mais por admiração do que por convivência... Daquelas bem fingidas e mal vividas. (:

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui sua impressão, crítica, desgosto ou palavrão.
Não há nada que não possa ser dito, nem nada que faça com que as palavras, depois de ditas, morram.