segunda-feira, 22 de julho de 2013

A Entidade Grega e a Entidade Negra.

A flor de minha pele
furou a mentira da minha mente.
A cor da minha sede
se limita no desenho de seu corpo.

Seu corpo que hoje
apenas conheço como entidade platônica.
E meu amor, que já não sei se também
não passa mais de uma ideia...
Daquelas à prova de bala, à prova de flor,
à prova de dor.

Quanto mais eu gaste dos nervos,
quieto, mais eu me rendo no coração
e percebo que o fingimento d'outras canções
são mais verdadeiros do que a antiga flor de minha mente.

Se à flor da pele,
a flor feia, que furou a derme,
não é a antiga flor de minha mente,
que flor, que tanto pouco diz como muito sente,
presencio então?
Seria apenas resistência alucinógena
reativa à solidão?

Entenda, por favor,
esse emblema
que trago no poema
muito transita por memórias,
histórias e pensamento,
mas nada muda no ritmo lento
com que se atrasa um verdadeiro e terno abraço.

E, sem braços, meu amor sem substância,
meu amor metafísico tirado da lembrança,
apenas adverte, em seu poder de herança,
para eu andar logo e começar a amar.

Maldito vasto mundo?
Bendito pasto mudo!?
Maldito Lobo-cordeiro!
Bendito seja o Santo Guerreiro!

Que de mim quer distância,
pois em última instância,
me vê, em meio a guerra do amor,
como um covarde desertor.

João Gabriel Souza Gois, 22 de julho de 2013

Obs: Aos olhos platônicos, um amor. Aos olhos de Ogum, um desertor.

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