terça-feira, 23 de julho de 2013

Elas

Se cada uma delas soubesse que têm, elas todas, cada uma sua poesia.
E não me imponham a autoria!

Esqueceu, naquela noite, o que me dizia?
Como tu sorrias?
O quanto aquela energia,
fazia a vida, meio cheia ou meio vazia,
uma fonte rica de epifania?

Lembra da sua pele escura pressionando meu corpo?
Do nosso amor bobinho que mais valia a mim que qualquer ouro?

Lembra dos seus loiros cabelos roçando meu rosto?
E meu medo bobo de me perder no posto?

E você, lembra das cumplicidades e segredo da nossa comunhão poética?
Da nossa redenção orgânica da sensação cética?

Sua inteligência escondida na simplicidade?
Não lembra, porque aí, já é meu poema.
Já é meu julgamento em ideia,
não em carne, nem em vida.

Mas estou cansado de encher palavras e emblemas
e esquecer-me de pintar um novo semblante no dia,
vocês todas me ensinaram em proporções diferentes,
cada uma deixou um laço próspero e uma dor revivente
mas digo, não só com letras, mas com todos os dentes
que tudo que me deram, foi muito mais que presente,
foi um passado embriagado de significado,
um futuro com referências de amor amado,
e percebo, eu, o que sempre se perpetuou com fado,
eu, sempre vítima por mim mesmo vitimado
manquei-me, não só no verso ritmado,
mas no ritmo badalado de vossos corpos suados
que, fale eu o que quiser,
admiro demais esse poder e potência de se saber mulher.

Bruxas sensíveis.
Brutas e incríveis.
Tudo que um texto não põe,
Elas põem em um olhar,
seria bobo qualquer homem que nunca,
por nenhuma, se viu lacrimejar.

João Gabriel Souza Gois, Abril~Julho 2013

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