segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Samba de Sampa, entre morenas e desencantos.

Pueril seria
se toda a alegria infantil travestida
de cinza-civilização,
escolhesse para si própria mais uma cor refrão.

Pareceu que eu não sabia
o que fazer nessa etapa em minha vida,
já que nada a perder tinha,
mas também não mais existia o medo do mundão.

As flores da rua,
sempre caídas de uma árvore,
sempre pisadas e envoltas de bitucas,
nunca prioridade em comparação com a fábrica ou a sinuca,
não competem em cheiro,
mas colorem o pouco
que muitas vezes, nossos corações roucos
precisam para se render.

E aprendendo enquanto fugia,
na dualidade que é acertar e errar na boemia,
descobri que novamente tinha me escondido,
me ignorado,
e percorrido alienado
as necessidades que meu tempo e vontade clamam.

E agora, mais consciente
mesmo que voltando a figura insegura do persistente
serei menos inseguro me segurando menos
e percebendo que pelo menos
meu conhecimento não pode vazar,
meu reconhecimento pode emergir,
e você, não precisará mais se esquivar,
quando reparar que ao te olhar, não consigo deixar de sorrir.

Tive sim que esperar meu peito parar de oscilar,
Tive sim que ver a poeira das minhas escolhas abaixarem,
Ver a maré que agora calmou,
e só percebendo que o momento melhorou,
- não foi coisa forçosa como sempre soou -
me refiz, de um futuro naufragado,
um bruto sobrevivente,
que, mesmo se boicotando em seu delírio-fado,
aparecerá para amar na mais elevada forma: a de ridente.

E assim que te quero em mim,
Assim que quero todos nós,
perdidos no próprios erros e nos próprios nós,
mas sempre rindo, sem fugir, dessa viagem sem fim.

Sem télos
e aos berros,
nos construímos
e nos destruímos,
mas resistimos
no milagre que é ser o improvável.
Os pensantes, amantes e notáveis,
hesitantes, relutantes e afáveis
humanos: artistas e donos das próprias obras
que tristemente alimentam-se a si mesmos com sobras.


E, que se crie a ilusão da essência humana que for.
As manobras e a rigidez da razão não vingam, mesmo que se apele,
quando competem com a sensibilidade híbrida; com o sabor e a dor
de se sentir à flor da pele.


João Gabriel Souza Gois, 03 de novembro de 2013

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