quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Aos fortes abandonados: Sejamos mais abusados.

Abuse da licença poética!
A poesia é sim um dos caminhos para a ética,
mas convenhamos, as melhores nunca são morais.
Abuse da licença poética!
Pra que se preocupar tanto com a clássica estética,
Se urramos e burramos, afinal somos animais.

Assim, de olho limpo,
correndo pela cidade,
olhando cada realidade,
saindo fora do feudo condomínio.
Percebi, que no dia a dia, há um extermínio,
racial, de classe, de posição frente o julgamento moral...

pe-pe-pe-pe-pequinininho burguês,
se afundou na miséria cultural,
nem ao que vem daqui, da atenção real
tudo que lhes convém é pppppppp
PPPPPPPPrPrProteção,
Bâm di cagão!
Não adianta dizer que não tem viés,
o que vê, é o que quer e não o que é,
e quanto a isso jhow, não tem migué,
Existem anos de conhecimento humano,
pronto pra ser explorado,
e a utopia pppppequeno-burguesa
se afundou num simulacro do mundo.

Surgem imagens,
na arte que quer dizer o que tem a dizer,
subverter, transgredir e ainda assim manter
a beleza.

Sem a arte,
seríamos o computador
que nunca fomos,
o que somos,
não está apenas em cromossomos,
está também no porquê, e em como somos.

No cotidiano e no antigo,
há muito mais do que só paranoia e perigo,
existe o acúmulo, condensado,
de boa parte da expressão humana conhecida,
o seu antro,
o nosso Anthropos.

E, para explorar ao máximo,
qualquer que seja a expressão poética e humana,
não convém boicotar a arte como profana.
Convém extrapolar,
sem medo de desvendar,
tudo que carregamos de gene cultural,
e como, ainda assim, somos animais,
e não conjecturas racionais e morais,
fica claro que
o abismo entre o devir e o rumo das escolhas do ser,
variam mais do que uma estatística,

ou uma representação filosófica empírica poderiam prever.
Ah! E que delícia não saber,
e ainda assim crescer,
existir e sentir encher
o pulmão,
de essência carregada,
experiência acumulada,
e, além do maior conhecimento,
e da maior exploração dos talentos,
valer-se
da cultura e das sensações,
das vivências mas também de idealizações,
e aprender que impossibilidade
é uma impossibilidade para a humanidade.
Perante o outro, há sempre novidade,
por isso, por favor Oxalá, nos dê humildade!

Sei que às vezes arde a raiva,
A incompreensão com os abusos das supostas e impostas 'autoridades',
pintam de sangue, mas o vermelho legitima a luta mais do que conjecturas,
de olho limpo,
é impossível ser mórbido,
ao sórdido impacto
de ver mais cabeças, mais possibilidades de contato
e contribuição para a disseminação
da livre expressão humana,
cultural ou política,
tribal ou urbana,
sendo menosprezadas e largadas
à miséria, ao lixo,
e naturalizar isso,
para ganhar o fuscão no juízo final
de consciência limpa.

Sei que apesar de também carregar
- o que a cabeça humana parece fazer sem parar -
uma ideia, minhas representações e conflitos,
prefiro aqueles que não ficaram aflitos
e escolheram, onde estiverem,
uma alternativa própria, longe da urbana lambança,
ou, vivendo a cidade, uma proposta de mudança,
e se nelas
- na alternativa, ou na proposta -
ainda estiverem emaranhados na arte,

que a própria arte não seja covarde,
de podar qualquer livre expressão,
em nome de uma 'vanguardista' e 'elevada' estética.


E, por isso, meus amigos,
usem e abusem,
gozem e se lambuzem,

da licença, sem pedir licença.

Abuse da licença poética!
A poesia é sim um dos caminhos para a ética,
mas convenhamos, as melhores nunca são morais.
Abuse da licença poética!
Pra que se preocupar tanto com a clássica estética,
Se urramos e burramos, afinal somos animais.

Carnais, fatais e sentimos inclusive os sentimentos surreais,
somos mais do que satélite, ou engrenagem para o produto interno bruto,
Passionais, racionais e paradoxais, inclusive nos momentos mais concretos e reais,
não devemos nos perder em vez de reagir ao quanto o furto
dos fracos honrados
nos atinge, nos deixa lesados...

Sujismundos, vagabundos, somos nós os fortes abandonados,
de cultura mal olhada,
religião negada,
e não devemos podar nada
que nossa boca não aguente mais segurar.

Devemos abusar,
da liberdade de expressão,
e, se precisar, sujar o muro do pratão,
do patrono, do pai estado, do patrimonialista, da pátria e do patriarca.
Se falharmos, alimentaremos o futuro com nossa marca,
para que caia o monarca disfarçado de democrata,
e, no abuso da licença poética, estes tornem-se só mais uma alegoria caricata
do passado que conhecemos, estudamos, mas não mais damos a mão,
pois daremos a mão a nós mesmos, cada bixo-humano irmão,
para cantarmos e trabalharmos
- não mais sangrar-nos -
a caminho da renovação. 


João Gabriel Souza Gois, 6 e 7 de novembro de 2013.

Obs:

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