quinta-feira, 7 de novembro de 2013

A vertigem dos sabores proibidos.

Até faz doer
saber
que não é só meu o querer.
Que sou tudo que você não pode ter.

Sou o acaso,
que antes do abraço,
já tratou de tatear a brasa.

A pista do amor
não escolhe ideologia
sem labor.
E a ideia que precisa ser cultuada
para que a boca, no encontro, seja amada,
é a do encontro de sintonia,
da vontade, admiração e epifania.

Até me faz perder
o que penso
pensando em escolher.
E sou tudo que você não pode ter.

Homem, gauche,
de esquerda, sem renome,
quase acompanhado, com vulgar sobrenome.

Ah, graciosa figura subversiva,
sua resposta à tradição oligárquica inativa,
foi não esconder a flor que carregas ainda viva,
mas propor mostrar sua beleza, com a esquiva
de se impor rebelde, e no fim ser sensível como as garoas das segundas-feiras.

Em resposta à rude cobrança
escondeste tu, com um sorriso sem jeito,
a boca que ilude esperança...
E em meu coração ambíguo,
me faz, no mínimo amigo
do teu cheiro desviante.

Até que então
foi na noite costumeira
da alforria embriagante
que me viste à beira,
tragando cachaça e cantando adiante,
e numa simples bobeira,
sua boca me viu
muito antes,
e o arrepio
só se mostrou gigante
quando finalmente
me desorganizei completamente
e percebi que não a sentiria mais
junta a mim, ridente, embriagada e ofegante.

Ah! Se eu pudesse mudar o antes!

Não sei se me canso de saber
se queres logo me dizer
que posso sentir e viver
o que tens a oferecer...

Me desculpem, olhos (externos!) que me veem esbanjando,
Mas em meio a essa situação continuo me embriagando;
Não quero ver outros lindos olhos chorando,
Apesar disso, sigo me questionando...

Se o que quero é isso mesmo,
ou se não estou me jogando à esmo,
pois o que sinto não está longe da admiração
de te ter comigo, terna, excitada e clamando minha mão.

Você, rebeldia feminina, que antes era meta;
mas agora perigo,
não sei se devo, ou se consigo,
mas te quero comigo.

E a abstração mais descomunal da cultura monogâmica
Virou fato abissal para minha vontade orgânica.

Tua bela aparência, e teu âmago musical dissonante,
me fizeram, em atual situação que me moldo mudo,
morar em mim um comichão mais que pedante,
e confundir, tensionar, mas também sorrir meu coração moribundo.
Tomara que o tempo e o mundo,
permita a nós mais um instante
para que a sincronia e a vontade em comum,
não percam força perante a culpa de bebum.

João Gabriel Souza Gois, 1º e 2 de outubro de 2012.

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