segunda-feira, 13 de abril de 2015

O Cão não morreu. Ele mora em mim.

"Mais uma vez a sombra cética não dominou de vez,
mas gerou aquele comichão cartesiano que apesar de justificar,
pros modernos, a existência, 
freia toda e qualquer ação: Santa Dúvida.
Casta, não se mistura com fluidos.
Não conhece corpos, nem a certeza descompromissada
(ou a incerteza preocupada) que só o amor, o horror,
o calor, a dor e principalmente a música - a única revolucionária
por excelência- sabem ensinar.

Ah, Verdade... Sei que mora nos olhos, porque, fora deles, no mundo,

se faz santa; todavia, não como a dúvida. Se faz a ferro e fogo.

A mim convém chamar-lhe de mãe-virgem do etnocida."


                                                                       [DAIMON]Demônio anarquista.

Método.

Sintomático lixo
isso que em mim, sujo bicho,
vejo lixar cada espontaneidade...
Renegar os direitos multiversais da idade.

Pro lixo a retórica macha e maciça,
pro lixo a minha própria necessidade retórica,
pro lixo o estandarte que eu mesmo estendi
depois que cri que levantei, e desde que caí,
o estandarte levantei daqui, do chão, desse niilismo
secular, ciclo de não, reação ao não com um não do não que não é sim.

Assim, outrossim, queria eu aqui e em mim,
me rever como música,
mas só vejo métrtrtrtrtrtrtrtrtrtrtrica,
o som tonal vocal não saí com 
métrtrtrtrtrtrtrtrtrtrica sem vogal.
Me é extrínseca essa música que já foi tão íntima,
e ínfima hoje, no meu ciclo-lixo prolixo, a sincera
música minha e só minha que me faz ser.
Ser no batuque, não no RG.
Faz tempo, lindo Byama, Erê Mí!
A dádiva serve para a relação, e a pipa que me deu, não ergui.
E não retribuí.
De novo, não retribuí.
Não só aí, nos planos outros planos quais planos esféricos metafísico-espirituais.
Não retribuí aqui, em carne e em terra, aquele amor que fechei a porta.
Não retribuí, aqui, em prolixidade e covardia, aquele odor vivo, hoje lembrança morta.

Os últimos dez poemas que pretendia publicar, não fiz.
O amor que pretendo alimentar, já trava na especulação da entranha:
Agora toda a forma autêntica de vida me soa estranha,
por que a preguiça livre me acanha, e sou motriz, apenas,
de um meio-termo-justo-meio-moderado-padrão político raquítico sem canção.

Ah, onde morava aquela implosão
que hoje só imito em imagens vadias,
em falsas inferências prolixas do que,
de fato, já compus e cantei na boemia?

pigarro de cigarro com lúpulo que já se eternizou
em amargo escarro desgarro e se distanciou
do abraço, espaço, laço que todo fingidor precisa,
e o fingimento Sem-sível da poesia,
virou heresia, demagogia, AH, SUPER-HOMEM,
CANTE COMIGO: PRO INFERNO A DEMOCRACIA!

(CRACIA! CRACIA! CRACIA! - krato crasso)
Enquanto eu crescia, em potencialidade e eloquência-de-um-e-noventa-e-nove,
Enquanto eu pendia, todo dia, a cometer um novo - sempre novo - sacrilégio,
o corpo transbordava magia,
mas, um dia,
- sintomático lixo isso que em mim,
sujo bicho,
vejo lixar cada espontaneidade -

ele, rota cinza, chegou (Mãos ao Alto!)
e rasgou a natureza primeva, impulsiva, bacante e embriagada
da

canção jovem
com sua concretude
de

ASFALTO.


João Gabriel Souza Gois, 13 de Abril de 2015



OBS (adicionada após a publicação):

GUERRA 
"Criança, certos céus aguçaram minha ótica: todos os caracteres matizaram minha fisionomia. Os fenômenos me emocionaram. -- Hoje, a inflexão eterna dos momentos e o infinito das matemáticas me perseguem por este mundo onde suporto todos os sucessos civis, respeitado pela infância estranha e por imensos carinhos. -- Sonho com uma Guerra, de direito ou de força, com uma lógica nada previsível. Tão simples quanto uma frase musical." 

 DEMOCRACIA 
' "A bandeira se agita na paisagem imunda, e nossa gíria abafa os tambores. "Nos centros, alimentaremos a mais cínica prostituição. Massacraremos as revoltas lógicas. "Em países dóceis e picantes! -- a serviço das mais monstruosas explorações industriais ou militares. "Adeus aqui, não interessa onde. Legionários de boa vontade, nossa filosofia será feroz; ignorantes sobre ciência, esgotados pelo conforto; que esse mundo se rebente. "Esse é o verdadeiro avanço. Em frente, marche!" '
  

Ambos de
 Rimbaud, incluí na observação porque, pra minha postagem, são indispensáveis.

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