sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Desencanto

Em cada canto um verso entocado,
em cada língua um universo emboscado,
em cada pranto um choro nunca tocado,
e quando levanto há um mundo a ser explorado.

Não tão romântico na pungência dos versos
e nem tão amigo da verdade e seus critérios controversos,
Apenas respirando a serenidade de viver o orgânico em ação,
e perceber no espírito, a cada novo momento, uma revolução
de tanto levar flechada do próprio orgulho, em vão,
meu peito até procura, um novo olhar, belo e pertinente à questão.

E a fumaça, o fluxo, a fluência e a boemia,
o espírito, a praxis, as intermitências e o dia a dia,
revelam em si e através de si o que para si realmente importa
e, ainda assim, completo e fluindo,
ouço, do entorno, um ruído,
e mais leonino, com menos pranto,
sigo firme como prego na areia,
fluido como discretas cachoeiras,
porém perante a referência d'outro momento, lamento ou alegre canto,
transpareço, hoje, nem tão perplexo
mas o reflexo
faz o aparente - talvez o menos pertinente - destacar desencanto.

João Gabriel Souza Gois, 12 de agosto de 2014.

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