terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Monotário


Ao menos uma moeda,
uma esmola de quem quer cola,
um pãozinho que metade é do cão,
uma moeda, nem sim, nem não,
você daria por mim?

Sim, sim, entenda.
Não falo de mim,
Falo daquele mim,
Quantas moedas valem de tua memória?

Histórias, vão e vem,
Amor não seca, muda de alvo,
Estaria ele então salvo
quando o alvo - até então recíproco - mudou seu alvo antes?

Saberei eu os mistérios
que os impérios do amor conquistam?
Serei eu o mísero,
que chora quando lê Cícero,
e finjo que preencho de cor o espírito,
citando um ou outro erudito,
quando fico
esmolando amor?

Ah, meu Amor,
Se a dor é inerente,
Só amam os valentes,
E mesmo mal-trapilho e mal-cheiroso
Numa memória que já recobrou o que é gozo,
Penso em como consegui ser o único,
nesse sistema monotário,
onde meu lema diário,
é saber o quanto valho,
em memórias
de histórias
de outras vidas.

Pois essa vida de agora
já não é a mesma.
E repito o papel de besta;

Ao menos uma moeda,
uma esmola de quem quer cola,
um pãozinho que metade é do cão,
uma moeda, nem sim, nem não,
você daria por mim?

Sim, sim, entenda.
Não falo de mim,
Falo daquele mim,
Quantas moedas valem de tua memória?

Escória, é o que o amor acha que sou.
Mas a ele não me vendo, me dou.
E vou, mesmo que ele cobre mais cobre
que meu pobre bolso possa pagar.
Nenhum machucado evita o brincar.

João Gabriel Souza Gois, 15 de janeiro de 2013.

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