segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Amargolência

Escondido pelas cascas de um mistério inútil.
A polpa dessa fruta
está azeda e quer ser doce.
Mas quanta dificuldade
para simplesmente ser.

Serei eu então o que não sou
ou simplesmente não me permito mudar?

A cada novo passo
consigo ver defeito,
em cada novo feito
desmereço o traço.

E de tantos trajetos
e projetos
não escondo a minha cara
e escondo a causa
com falanstérios
e fantasias
de outros dias.

Parei no tempo
e sendo assim
de mim sinto raiva
de nada isso adianta
de tudo isso atrasa
e o relógio passa
e profundidade
não há nessa piscina raza.
Arrasa
a minha folia tão amada
e desautoriza
qualquer felicidade.

As palavras que não saíram
agora me atormentam,
e o lamento
deixa lento
o movimento
que desatento
traço na imaginação
e o chão é velho
como eu nessa lamúria
que incendeia a fúria
e não da energia
para que a epifania
e a alegria
de qualquer prazer e poesia
seja respeitado dentro dos limites
inteligíveis dos sentimentos humanos.

Assumi o papel de acumular
as dores supostas de outro lar
e inundar meu eu
do que foi feito ou que deveria ser feito.

Olhos nos olhos
não são uma opção,
pois os meus voltam
pra velhice do chão
e me esquivam,
privam,
do que é público.
Do calor entre nós todos,
nós tolos,
que andamos por aí,
e pelos cantos não deixamos de sorrir,
mas desmerecemos o porvir,
por querer resistir
à opressão
que algumas palavras de alguma canção
algum dia negou.

Não me dou,
pois me vendo,
e escuro, penso
que só pensei
e pausei as ações
que trouxeram tantas emoções
hoje questionadas.
Questiono o nada,
e nada responde.
Onde?!
Onde?
Onde começou?
De quê adianta saber?
Se o resultado mais assustador
que foi a pausa total depredada pela dor
já foi alcançado.
Cansado.
Mas de quê?
Se falta tanto para se ver
e estou errado,
pois direito sem dever,
faz o dever tão condenado,
e o ser tão perturbado,
que não reconhece seu valor.

Faça-me um favor,
ressurja!

João Gabriel Souza Gois, Agosto de 2012

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