segunda-feira, 2 de julho de 2012

Mais uma vez Drummond comigo.

Ser

O filho que não fiz
hoje seria homem.
Ele corre na brisa,

sem carne, sem nome.

Às vezes o encontro
num encontro de nuvem.
Apoia em meu ombro
seu ombro nenhum.

Interrogo meu filho

objeto de ar:
em que gruta ou concha
quedas abstrato?

Lá onde eu jazia,
responde-me o hálito,
não me percebeste
contudo chamava-te

como ainda te chamo
(além, além do amor)
onde nada, tudo
aspira a criar-se.

O filho que não fiz,
faz-se por si mesmo.


Carlos Drummond de Andrade.

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Sentimentos meus.

Do ideal fosco à prática morta,
Do ideal sólido à prática apaixonada
Só isso e além disso nada.

Humano morto pelo animal que matou.
Animal morto pelo humano que negou.
Vivo, afinal.

Tudo diferente nesse pequeno mundo,

tudo gigante nesse universo,
disse que não escreveria nenhum verso,
mas recobrou o pensar acalmado
e regurgitou na mente
que Maniqueísmo é algo limitado

como a vida.
Acalmar a bagunça dos sete mares
(compreensão acalma o oceano interno)

ou das sete cabeças do bicho conspiratório.
Que afagou um sentimento ilusório

para finalmente dar velório
e ver no simplório
beleza,
e no conforto destreza.

Labirinto Kafkaniano

pode aparecer todo ano,
mas a realidade
não está em livros.

Viu em Hegel utilidade,
(Indgnai-vos!)

no pai do utilitarismo o péssimo,
em Schopenhauer a identificação,
em si uma vontade maior.
Na radicalização o erro.
em algum lugar uma crise de bezerro,

(como Descartes talvez diria,
mas lhe faltou poesia)
Em Deus nada.
Another one, never the last.
Brick for me, before I forget.
Do ótimo ao péssimo,
do péssimo ao ótimo
a vida é a mesma.
Em si e no mundo:
Um subjetivo romântico

que ignora a diferença entre visão plena
(que não há, só em Deus que é fada)
e o ver quântico.
Um objetivo realista,

que passou do rótulo de pessimista
a uma necessidade.

Simplicidade enriquecedora,

Complexidade ensurdecedora,
Complexidade completa,
Simplicidade discreta.


João Gabriel Souza Gois, 02/07/2012

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