E cá termino eu novamente
choramingando orgulhos
ou calculando compensações.
E cá começo, eu e minha mente,
nossos velhos discursos
para desviar minha lembrança daquele olhar.
Aquele olhar.
Tanto ocorre no mundo,
guerra, praga e amores.
Tanto ocorre no universo
supernovas, explosões, músicas e odores.
E o fenômeno que quero fugir,
é aquele olhar.
Quem em sã consciência
desejaria tamanho infortunio.
Se desviar da coisa mais penetrante,
mas bela e por si só desviante,
com aquele aroma, aquele semblante...
Aquele olhar.
Não canso de me inconformar
com como posso sempre assim me portar,
olhar, desviar e recalcular
cada movimento que podia ter feito
cada garantia que deveria ter conquistado
e, já com o orgulho e a devida explicação
que me custou essa noite
toda a ação que meu platônico palpite carregava
se resumiu em uma fuga de uma foto.
Uma imagem de todo o evento.
A imagem? Aquele olhar.
Ele me queria, mas não me podia.
Ele me comia, mas não digeria.
Ele me contemplava e me afastava.
E tudo quanto posso pensar
para tentar,
em algum âmbito, confortar
o peso do meu pensar
é a arte, a poesia
envolvida naquele olhar.
Ele próprio, o mais importante,
é o que vai me silenciar,
o que vai me consolar,
o que vai fazer todo pesar
de tanto calcular o amor
enfim repousar.
Seu afeto ficou
numa foto, numa memória,
de confessada empatia,
do que resume o que foi esse dia.
O que tanto falei até agora, foi só para não falar.
Tudo que me foi dito
e que de um só jeito se pode revelar:
O meu nada meu.
O nosso, se pudéssemos...
Enfim, o seu olhar.
Por mais circundante e nefasta
que essa poesia pareça,
mesmo soando mentiroso, tolo, fútil e besta...
A verdade é que mesmo não tocando,
[perceber o amor, às vezes, basta.
João Gabriel Souza Gois, 7 de setembro de 2014
Obs: Homenagem a uma brasa que não queima, mas também não apaga.
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