Pueril seria
se toda a alegria infantil travestida
de cinza-civilização,
escolhesse para si própria mais uma cor refrão.
Pareceu que eu não sabia
o que fazer nessa etapa em minha vida,
já que nada a perder tinha,
mas também não mais existia o medo do mundão.
As flores da rua,
sempre caídas de uma árvore,
sempre pisadas e envoltas de bitucas,
nunca prioridade em comparação com a fábrica ou a sinuca,
não competem em cheiro,
mas colorem o pouco
que muitas vezes, nossos corações roucos
precisam para se render.
E aprendendo enquanto fugia,
na dualidade que é acertar e errar na boemia,
descobri que novamente tinha me escondido,
me ignorado,
e percorrido alienado
as necessidades que meu tempo e vontade clamam.
E agora, mais consciente
mesmo que voltando a figura insegura do persistente
serei menos inseguro me segurando menos
e percebendo que pelo menos
meu conhecimento não pode vazar,
meu reconhecimento pode emergir,
e você, não precisará mais se esquivar,
quando reparar que ao te olhar, não consigo deixar de sorrir.
Tive sim que esperar meu peito parar de oscilar,
Tive sim que ver a poeira das minhas escolhas abaixarem,
Ver a maré que agora calmou,
e só percebendo que o momento melhorou,
- não foi coisa forçosa como sempre soou -
me refiz, de um futuro naufragado,
um bruto sobrevivente,
que, mesmo se boicotando em seu delírio-fado,
aparecerá para amar na mais elevada forma: a de ridente.
E assim que te quero em mim,
Assim que quero todos nós,
perdidos no próprios erros e nos próprios nós,
mas sempre rindo, sem fugir, dessa viagem sem fim.
Sem télos
e aos berros,
nos construímos
e nos destruímos,
mas resistimos
no milagre que é ser o improvável.
Os pensantes, amantes e notáveis,
hesitantes, relutantes e afáveis
humanos: artistas e donos das próprias obras
que tristemente alimentam-se a si mesmos com sobras.
E, que se crie a ilusão da essência humana que for.
As manobras e a rigidez da razão não vingam, mesmo que se apele,
quando competem com a sensibilidade híbrida; com o sabor e a dor
de se sentir à flor da pele.
João Gabriel Souza Gois, 03 de novembro de 2013
segunda-feira, 16 de dezembro de 2013
sábado, 14 de dezembro de 2013
Aos gênios sem reflexo
Melhor assim,
nos animarmos distantes,
para que a vaidade restante,
não destrua o saboroso em potencial.
Crava!
Crava!
Crava a raiva
como aquela maçã,
que me consumirá em forma desconhecida,
que me fará transitar da morte para desconfiar da vida,
Crava!
Crava! E costura...
Crava e costura a palavra,
a palavra com que lavra significado
e a larva que, meio tonta, se vê sem ninguém ao lado
usará da maçã, da metáfora que importa, o fio
e o descosturará em uma nova costura
que não exige postura
mas forma uma linda e fofinha barata de pelúcia.
Tia lúcia!
Tinhas razão, teu sobrinho é louco,
tudo que ele pede é:
Crava! Crava!
Crava para eu testar e ver se sinto,
crava em mim, crava em todo o recinto
um pouco de melodia,
nesse mudo-surdo-burro-besta meio-dia.
Faltou palavra,
pegou a clava,
arrancou a cabeça do minotauro
e ficou sem resposta para sair
do labirinto.
E em mim, vejo a parede essencial,
(parede essencial,
roubei o termo de um poeta genial,
com forte propensão para o espiritual
e desconhecido pelas vertiginosas academias
vendidas a interesses político)
a parede, no final
apresenta um pós-moderno raquítico.
Mas para que sair?
A luz vai doer?
Mente cheia não age.
Lapidar mais versos,
tirar deles os excessos?
E esses excessos kafkaescos,
o que faço com eles, uso de refresco?
Refresco de maçã?
Não há Ácido, nem divã,
nem Jesus, nem Tupã
que faça de uma barata,
algo que o valha.
E a culpa de kafka
é, em Christiane F. a navalha.
A ironia do pai que nunca leu a carta
destrói a individualidade intacta
de um gênio que não se enxerga.
Vá minotauro!
Se enxergue sem cabeça,
só resta sangue, parede e sentença
na culpa de um amor
que não merece esse peso.
Vá e me diga,
se o monge desenhou o Deus,
ou o Deus desenhou o monge,
cá, íntimo e longe,
construo labirintos em palavras,
faço citações de insetos e larvas,
me vejo todo submisso a esse Processo,
onde o Jurídico e labirintoso progresso
nos faz esquecermos
do próprio valor.
Crava, que agora aprecio a dor,
Crava a maçã, mas não a de Newton,
Crava como aquela melodia de Amadeus,
e, de Beethoven ao assassino bigodudo de Deus
(o homem moderno, não Nietzsche)
não existirá palpite
que funcione como a exteriorização
do lírico, que pressione como a elevação do espírito,
uma significação que em meio a tanta dor penitente
valorize a divina figura do ridente.
Só existirá, nessa figura que o palpite não traz às mentes,
a sincera e descompromissada desnudez dos dentes.
João Gabriel Souza Gois, inciado 30 de julho de 2013, terminado 6 de agosto de 2013.
Obs: Escrito depois de voltar da casa de um amigo, onde eu tinha lido um poema genial dele, fica aí minha homenagem aos que já se viram sem nexo, e não se enxergam, são gênios sem reflexo. Saravá Akira!
nos animarmos distantes,
para que a vaidade restante,
não destrua o saboroso em potencial.
Crava!
Crava!
Crava a raiva
como aquela maçã,
que me consumirá em forma desconhecida,
que me fará transitar da morte para desconfiar da vida,
Crava!
Crava! E costura...
Crava e costura a palavra,
a palavra com que lavra significado
e a larva que, meio tonta, se vê sem ninguém ao lado
usará da maçã, da metáfora que importa, o fio
e o descosturará em uma nova costura
que não exige postura
mas forma uma linda e fofinha barata de pelúcia.
Tia lúcia!
Tinhas razão, teu sobrinho é louco,
tudo que ele pede é:
Crava! Crava!
Crava para eu testar e ver se sinto,
crava em mim, crava em todo o recinto
um pouco de melodia,
nesse mudo-surdo-burro-besta meio-dia.
Faltou palavra,
pegou a clava,
arrancou a cabeça do minotauro
e ficou sem resposta para sair
do labirinto.
E em mim, vejo a parede essencial,
(parede essencial,
roubei o termo de um poeta genial,
com forte propensão para o espiritual
e desconhecido pelas vertiginosas academias
vendidas a interesses político)
a parede, no final
apresenta um pós-moderno raquítico.
Mas para que sair?
A luz vai doer?
Mente cheia não age.
Lapidar mais versos,
tirar deles os excessos?
E esses excessos kafkaescos,
o que faço com eles, uso de refresco?
Refresco de maçã?
Não há Ácido, nem divã,
nem Jesus, nem Tupã
que faça de uma barata,
algo que o valha.
E a culpa de kafka
é, em Christiane F. a navalha.
A ironia do pai que nunca leu a carta
destrói a individualidade intacta
de um gênio que não se enxerga.
Vá minotauro!
Se enxergue sem cabeça,
só resta sangue, parede e sentença
na culpa de um amor
que não merece esse peso.
Vá e me diga,
se o monge desenhou o Deus,
ou o Deus desenhou o monge,
cá, íntimo e longe,
construo labirintos em palavras,
faço citações de insetos e larvas,
me vejo todo submisso a esse Processo,
onde o Jurídico e labirintoso progresso
nos faz esquecermos
do próprio valor.
Crava, que agora aprecio a dor,
Crava a maçã, mas não a de Newton,
Crava como aquela melodia de Amadeus,
e, de Beethoven ao assassino bigodudo de Deus
(o homem moderno, não Nietzsche)
não existirá palpite
que funcione como a exteriorização
do lírico, que pressione como a elevação do espírito,
uma significação que em meio a tanta dor penitente
valorize a divina figura do ridente.
Só existirá, nessa figura que o palpite não traz às mentes,
a sincera e descompromissada desnudez dos dentes.
João Gabriel Souza Gois, inciado 30 de julho de 2013, terminado 6 de agosto de 2013.
Obs: Escrito depois de voltar da casa de um amigo, onde eu tinha lido um poema genial dele, fica aí minha homenagem aos que já se viram sem nexo, e não se enxergam, são gênios sem reflexo. Saravá Akira!
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