Maldito seja esse espectro que me circunda,
essa mão pesada, de violência profunda
e histórica. Do gênero violento em que me acho
que se faz, através da dor, o macho.
Nego! Nego no instante presente
a força pungente
que meus patriarcais
ancestrais
me fazem carregar nos ombros.
Será sempre esse gênero masculino o responsável
pelos escombros e incêndios da animá!
Será sempre o assombro maleável
dos músculos pretensiosos que me freará.
Não! Não e não!
Dessa vez não justifico nem legitimo a fuga,
agora vejo o dilema em forma substancial
de ganhar à força, como bruto animal,
o domínio das arbitrárias e artísticas semideusas.
Percebam! É raiva legítima!
Não me cerco da argumentação de quem se faz de vítima,
apenas percebo o peso insuportável
dessa mão, que mesmo querendo ser afável,
no fim fere.
Homem! Quem é você!?
Onde está sua identidade?
Se resume nessa imaturidade
que destrói Afrodite!?
Acredite que pode reger o que não sabe,
seja assim, um prussiano covarde,
que faz do mundo pura funcionalidade,
com sua vã racionalidade,
enquanto fere as rainhas da sensibilidade
e nunca confessa - nesse orgulho fétido - o Amor.
Crie dicotomias na sexualidade,
Diminua a diversidade,
mas nunca reclame, quando embriagado de imbecilidade,
do seu odor imanentemente nojento.
Em mim, o que resta é me perder,
há Amor, nisso não paro de crer,
mas me perco
pelo cerco
que esse asqueroso gênero me fez enclausurar.
Como, com anos de estupros e violência na mão masculina,
poderei eu finalmente acariciar a alma feminina
que tanto está em mim quanto nelas?
Resta, no peso histórico que trago comigo,
tentar provar que não sou inimigo,
mas como amá-las sem leva-las a dor?
Aos homens que assumem o asco de gênero como ofício:
Generais, patriarcas e frades promíscuos,
se escondam nesse peito de galo e sejam omissos,
mas nunca reclamem que lhes falta amor!
João Gabriel Souza Gois, 15 de agosto de 2013
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